Lucia Stumpf
Como você está vendo esta Conferência?
A Conferência, a meu ver, é um marco bastante importante para o PCdoB nessa política de valorização das mulheres na atuação partidária. A Conferência dá substância política para essas dinâmicas que já temos estruturadas dentro do Partido. E no Partido tem essa diferença de valorizar e de promover mulheres. Um Partido que não por acaso tem a maior bancada feminina proporcionalmente no Congresso. E que, a meu ver, com esta segunda Conferência constrói também teórica e politicamente novas bases para que a presença das mulheres cresça cada vez mais na nossa direção, nas nossas instâncias e na formulação contínua pela emancipação das mulheres dentro do nosso Programa Socialista.
A bandeira da emancipação da mulher é de 1922. Como você vê a Conferência do ponto de vista histórico?
A meu ver, estamos realizando esta Conferência com o acúmulo de um Partido que sempre discutiu esse tema, que sabe da importância da emancipação feminina. A Conferência ocorre nessa condição diferente no Brasil em que as mulheres estão sendo empoderadas. Não falo só da presidenta Dilma e de seu ministério, mas de todas as políticas públicas que vêm sendo construídas para o empoderamento das mulheres. Políticas públicas em grande medida construídas também por nós, pela nossa presença na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Então, acredito que o Partido tem ajudado no avanço que o Brasil vive hoje, de uma condição melhor ainda – não ideal, longe disso –, mas temos dado passos largos para a emancipação feminina. Em grande parte disso tem a mão do PCdoB. E acredito que nós realizarmos esta Conferência tem, enfim, todo esse teor. É uma bandeira sempre renovada. É uma bandeira que, enquanto não for conquistada, tem que continuar sendo como uma das bandeiras principais dos comunistas, daqueles que lutam por um Brasil mais justo. E, a meu ver, é isso o que estamos reafirmando aqui nesta Conferência, ao levantar uma bandeira que tem toda essa história. Uma trajetória tão longa já de presença nas resoluções e nas deliberações do Partido. E mesmo na presença da vida nacional.
Como você vê o rompimento de barreiras das influências da sociedade nas relações de gênero no Partido?
Acredito que isso é algo que vai se conquistando, não é automático. Não são resoluções políticas simplesmente que alteram a forma de convívio e a relação de gênero dentro do Partido. Mas a meu ver estamos conquistando avanços importantes, como esta Conferência que traz homens e mulheres para debater sobre a necessidade da emancipação feminina. Que traz a sua direção nacional, enfim, que traz os seus principais quadros para debater sobre essa questão da emancipação da mulher, do empoderamento das mulheres.
Com isso, acredito que vamos avançando. Sabemos que não é automático, sabemos que é um processo que demanda também o acúmulo da sociedade. O Partido vive dentro dessa sociedade ainda muito machista, uma sociedade ainda com uma limitação grande em relação a essa questão da participação da mulher. Mas o Partido tem sido vanguarda nisso. Precisa também alterar em alguma medida a forma de ocupar os seus espaços internos. E acredito que esta Conferência ajuda nisso, ao chamar homens e mulheres, e a direção partidária, para debater essa questão.