Podemos considerar que esta Conferência é o ponto máximo da evolução de uma antiga política do PCdoB. Como você analisa esse viés histórico dos comunistas?

Primeiro, é uma grande conquista do Partido, e um grande acerto político, porque é uma Conferência sobre a emancipação da mulher para formular políticas com homens e mulheres. Então, essa já é uma grande diferença. Aqui não há um gueto, não é uma política elaborada só pelas mulheres, mas elaborada pelo Partido Comunista do Brasil, através de um fórum importantíssimo que é esta Conferência. E nela são tratadas as questões mais importantes. Questões de trabalho e poder, que são essenciais no processo de luta emancipatória da mulher.

Evidentemente, nosso Partido compreende que a emancipação da mulher, tal qual a emancipação da classe operária, dos trabalhadores, será definitiva quando se emancipar toda a humanidade. Porque nos marcos do capitalismo não há a emancipação plena da mulher.

Como você vê essa política do Partido sendo transposta para a política de massas? No seu caso, por exemplo, Você atua em uma frente importantíssima para as mulheres em geral.

Nós discutimos sobre a questão da mulher e da participação no poder. Nossa luta é justamente para transformar o mundo, buscar as conquistas específicas da mulher, como a questão dos aparatos públicos de infraestrutura – creche, escola, salário igual para trabalho igual. Mas também é igualmente muito importante a participação da mulher ombro a ombro com o homem para a transformação da sociedade. Nesse sentido, por exemplo, na frente em que atuo, é muito importante a participação feminina. Por quê? Porque as mulheres são as primeiras vítimas das violências e das guerras. As mulheres são utilizadas como botim de guerra – o que é tremendamente escabroso.

Portanto, a participação das mulheres na luta anti-imperialista, na luta contra as guerras tem crescido muito, com a sua compreensão da necessidade da busca de transformação do mundo. Nós queremos participar da luta pela transformação da sociedade. Por isso, temos condições e aportamos grandes contribuições nessa mudança. E aqui temos um exemplo vivo: a eleição de mulheres para postos de poder. O Judiciário está cheio de mulheres. Temos uma presidenta no poder central do país. E temos mulheres buscando, neste ano, ser prefeitas em muitas cidades. A Conferência vai consolidar mais o nosso caminho, o nosso rumo, com orientações políticas claras, precisas e atualizadas.

O Partido Comunista do Brasil é herdeiro de acontecimentos históricos, de heroínas, mártires, como Elisa Branco, Zélia Magalhães… Fale um pouco sobre isso.

Elisa Branco foi uma jovem mulher – eu diria, quase uma garota – que, na década
de 1950, ergueu a bandeira da luta anti-imperialista e da paz. E por isso foi presa e ficou dois anos na cadeia. Nós temos mulheres, no nosso Partido, que jogaram um papel importante. Temos também Elza Monnerat, guerrilheira, uma alpinista, uma atleta. Somos herdeiras de mulheres com uma visão emancipacionista e classista, revolucionária.