O que você está achando da conferência?

Acho que o Partido mostra que é muito avançado quando consegue realizar uma conferência deste porte para discutir s a questão da mulher, principalmente pela grande participação dos homens. Se queremos emancipar a mulher, a questão da igualdade, precisamos mudar a sociedade como um todo. E não somente o pensamento das mulheres. Por isso, acho que a política avança muito quando conseguimos realizar um encontro como esse.

Como você vê a pressão da sociedade nas relações de gênero dentro do Partido? E como o Partido enfrenta isso?

A mulher hoje ainda sofre muito preconceito, por mais que ela tenha conquistado espaço. Antigamente ela exercia um trabalho praticamente escravo dentro de casa. Ficava dentro de casa, cuidando dos filhos, cuidando do marido, cuidando do trabalho doméstico. Hoje ela ocupa um grande pedaço do mercado de trabalho. Porém, ainda continua com duas tarefas, no trabalho doméstico e no trabalho profissional. E continua ganhando menos do que os homens. Isso quando ela consegue ocupar os mesmos cargos que os homens. Quando ela consegue, os salários são menores. A pressão masculina no ambiente de trabalho ainda é muito grande. Então, para nós é muito difícil ocupar esses espaços.

Portanto, este tipo de encontro, esse tipo de discussão, faz com que as mulheres mantenham as esperanças e consigam batalhar cada vez mais para poder ocupar o seu espaço não só no ambiente de trabalho, mas também poder dividir as suas tarefas do lar. Porque quando acabar essa discussão sobre ambiente masculino e ambiente feminino então aí, sim, vamos ter conseguido essa emancipação da mulher. Essa é uma divisão que não deveria existir.

Você acha que o PCdoB está evoluindo na compreensão desses fenômenos?

Acho que sim. Acho que talvez seja um dos partidos que mais discute sobre essa questão, que mais avança. A começar pelo número de mulheres que são colocadas na direção. No Comitê Central um grande número é de dirigentes mulheres. Se formos ver a nossa bancada de deputados federais, proporcionalmente é a que mais tem mulheres. E isso, a meu ver, também parte de um estímulo do Partido de valorização das mulheres, de reconhecer o papel importante que nós jogamos na sociedade, no Partido, nos movimentos de massa, nos movimentos sociais, e em outros espaços.

Você vem do movimento estudantil, que conta com grande participação de mulheres. Você acha que isso é uma política do Partido ou é uma particularidade do movimento estudantil?

A universidade é um ambiente em que há muita discussão. As grandes discussões com relação à questão das mulheres, com relação à cota dos negros, com relação a temas polêmicos são muito mais florescentes, muito mais efervescentes, dentro das universidades, principalmente as federais. E isso propicia também que as mulheres, que são poucas – porque o ambiente universitário é reduzido, inclusive para a juventude –, têm mais oportunidade, têm talvez mais espaço para poderem debater e formular esse tipo de questão. Então, isso faz com que sejamos mais autônomas, e participemos mais das atividades.