Camaradas:

O Partido indicou, mais de uma vez, que sem uma economia cerealífera bem desenvolvida, é impossível incrementar a pecuária e a produção dos cultivos industriais. No entanto, os dirigentes dos ministérios da Agricultura e dos sovcoses da URSS e dos órgãos de planificação seguiram um caminho evidentemente equivocado nesta questão vital. A disposição das áreas semeadas nos últimos anos estava em flagrante contradição com a tarefa de aumentar a produção cerealífera. Na maioria das zonas do país reduziu-se a área semeada de cereais. Cometeram-se determinados erros na aplicação das rotações de cultivos com emprego de plantas herbáceas. Este sistema de cultivo foi utilizado de modo rotineiro, semeando-se de ervas milhões de hectares naquelas zonas onde não dão colheitas elevadas.

Tudo isso deu origem a que, em 1953, quando a procura de cereais era muito maior que antes da revolução, a superfície semeada era quase igual à de 1913.

Depois de estudar detidamente as necessidades do Estado em produtos agropecuários, o Pleno do Comitê Central do PCUS celebrado em janeiro de 1955, colocou a tarefa de incrementar consideravelmente em curto prazo, a produção de grão e de elevar ao dobro ou mais a dos principais artigos da pecuária.

Para o fomento da agricultura teve singular importância o aproveitamento das terras virgens e baldias no Kazaquistão, Sibéria e outras zonas do país, empreendido por decisão do Partido. O Comitê Central do PCUS assinalou a tarefa de cultivar, em 1956, de 28 a 30 milhões de hectares de novas terras, pelo menos. O cumprimento desta tarefa tem importância histórica para nosso país. Que lhe darão as terras virgens? Os cálculos dizem que das novas terras cultivadas podemos obter, anualmente, em média, nunca menos de 2 bilhões de puds de cereais. Dispondo de uma grande quantidade de trigo para o mercado, procedente das terras virgens, o Estado pode decidir-se a ampliar em medida considerável a área semeada de milho da Ucrânia e no Norte do Cáucaso a fim de que estas zonas elevem verticalmente a produção de carne e de leite, assim como a de cultivos industriais.

Em pouco tempo foram enviados às zonas de cultivo das terras virgens mais de 200.000 tratores (em unidades convencionais de 15 HP) e milhares de máquinas e instrumentos.

As medidas do Partido referentes ao aproveitamento das terras virgens foram acolhidas com calorosa aprovação e apoiadas por todo o povo soviético. Respondendo ao apelo do Comitê Central do PCUS, marcharam para cultivar terras virgens e baldias 350.000 patriotas soviéticos, que demonstraram no trabalho uma abnegação digna dos construtores do comunismo. (Prolongados aplausos.)

Permiti-me que, em nome do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, expresse nossa ardente gratidão aos rapazes e moças do Komsomol, agrônomos, engenheiros e peritos, a todos os patriotas que atenderam ao apelo do Partido e participaram ativamente no cultivo das novas terras. Seu trabalho abnegado tornou-os merecedores do carinho e do respeito de todo o povo soviético. (Tempestuosos e prolongados aplausos.)

Se houvéssemos levado a cabo o aproveitamento das terras virgens mediante a transferência ordinária, gradual, por assim dizer, dos trabalhadores para novas zonas, teríamos necessitado uma enorme quantidade de homens, muitos recursos e tempo. Então, como é natural, não teríamos podido resolver em dois anos a tarefa de arar 30 milhões de hectares de terras incultas.

Durante o novo quinquênio, o Partido terá que dirigir, pelo visto, à juventude, mais um chamamento dessa natureza. Teremos que incorporar à produção novas zonas e construir novas centrais elétricas atômicas, térmicas e hidráulicas, fábricas e ferrovias. O Partido está certo de que nossa excelente juventude continuará respondendo a seus apelos com o mesmo entusiasmo. A juventude sabe que seu trabalho nas magníficas obras do comunismo reveste-se de suma importância tanto para nossa geração como para as gerações vindouras. (Prolongados aplausos.)

Graças ao abnegado trabalho dos colcosianos, dos trabalhadores das EMT e dos sovcoses, assim como à ativa participação da classe operária, a tarefa de arar terras virgens foi cumprida com honra. Em 1954 e 1955 foram cultivados 30 milhões de hectares nas zonas de aproveitamento das terras virgens e baldias. No total, em todo o país, foram lavrados 33 milhões de hectares dessas terras. Isso é uma importante vitória do Partido e de todo o povo soviético. (Tempestuosos e prolongados aplausos.)

O aproveitamento de novas terras permitiu estender consideravelmente a área de semeadura de cereais. Em 1950, o cultivo de cereais ocupava na URSS, 102.900.000 hectares, superfície que em 1955 ascendia a 126.400.000 hectares, quer dizer: aumentou quase em 24 milhões de hectares.

Alguns camaradas podem perguntar se agimos acertadamente ao cultivar terras virgens em zonas afetadas pelas secas. O estudo dos dados que possuímos demonstra que, inclusive com secas periódicas, é conveniente e está justificado, do ponto de vista econômico, o cultivo de cereais no Kazaquistão, Sibéria e Urais. Ainda que, em cada lustro, não haja mais do que dois anos de boa colheita, um de colheita regular e dois de má colheita, os gastos relativamente pequenos que requer o cultivo de cereais em tais condições fazem com que seja de grande proveito e permita obter grão barato.

O balanço de nosso trabalho de aproveitamento de terras virgens permite tirar uma conclusão evidente: o rumo empreendido pelo Partido com o fim de aproveitar novas terras é acertado, pois garante no mais breve prazo um considerável incremento da produção de grão com o mínimo de gasto de energia e recursos.

No futuro aproveitamento de terras virgens conviria fixar a atenção no território de Krasnoyarsk, na região de Irkutsk e nos territórios de Kabárovsk e de Primorie, onde há bastante terra boa sem cultivar. Isso permitirá criar uma base cerealífera e rebanhos que satisfaçam as necessidades do Extremo Oriente em artigos agropecuários por conta da produção local.

A necessidade de incrementar a produção de cereais exigiu uma modificação na distribuição das áreas de semeadura, a fim de aumentar verticalmente as de milho ao mesmo tempo que as de trigo, gramíneas e outros cultivos. Os cálculos mostram que a pecuária necessita, por ano, nada menos de 4 bilhões de puds de grão de forragem. Se não impulsionarmos seriamente a produção de milho não conseguiremos obter semelhante quantidade de grão. Por isso, o Comitê Central considerou necessário incrementar amplamente a produção de milho. Em 1955 foram semeados deste cultivo uns 18 milhões de hectares, quer dizer, 13.600.000 mais que em 1954.

A ampliação da área de semeadura do milho permitiu melhorar em grau considerável o abastecimento de forragem ensilada e de rações concentradas para o gado. Em 1955, os colcoses ensilaram 17 milhões de toneladas de forragem mais que em 1954, incluindo mais de 6 milhões de toneladas de espigas de milho.

Isso deu como resultado que os colcoses elevaram verticalmente o rendimento de leite por vaca e a produção global de leite. Segundo dados da Direção Central de Estatística da URSS, nos últimos quatro meses (de 1.º de outubro de 1955 a 1.º de fevereiro de 1956), a produção global de leite nos colcoses aumentou em toda a URSS em 65% em relação ao mesmo período de 1954-1955; na RSS da Ucrânia, em dobro; na RSFSR em 53% e em algumas regiões da Federação Russa, da Ucrânia e do Kazaquistão, na RSS do Uzbequistão, na RSS do Azerbaidjão, na RSS de Tadjiquistão, na RSS do Turquemenistâo e na RSS da Moldávia em dobro, ao triplo e ainda mais. Em todo o período do Poder Soviético não se havia registrado tal aumento da produção de leite. É indubitável que nisso desempenharam um papel decisivo o milho, o novo sistema de planificação e a elevação do interesse material dos colcosianos.

Há, no entanto, muitas zonas onde o milho não deu suficiente rendimento. O motivo é um só: a despreocupação dos dirigentes das zonas em apreço pelo cultivo desta planta. Trata-se de uma boa parte dos distritos da Bielorússia, Letônia, Lituânia e Estônia e das regiões de Kostromá, Yaroslav, Tula e algumas outras. Surge uma pergunta: não se terá equivocado o Comitê Central do PCUS, ao recomendar para toda a União Soviética esse cultivo, consolidado no Sul?

Não, camaradas, não houve equívoco. Naquelas repúblicas, territórios, regiões, distritos, colcoses e sovcoses onde os dirigentes tomaram a sério o assunto, estudando as peculiaridades do milho e preparando especialistas para os colcoses e sovcoses, os resultados foram bons. Ao contrário, ali onde o cultivo do milho foi abandonado à própria sorte, a colheita nos colcoses e sovcoses foi baixa.

Em cada região há colcoses que conseguiram uma boa colheita dessa cultura. Citarei alguns exemplos de zonas onde o milho foi semeado em grandes superfícies e é um cultivo novo.

O colcós “Stálin”, da República Socialista Soviética Autônoma da Chuvachia, semeou 240 hectares de milho em 1955. Para forragem verde foram destinados 70 hectares; os 170 hectares restantes deram uma grande colheita de caules e espigas não completamente maduros, o que permitiu ao colcós ensilar 8.000 toneladas.

No sovcós “Petrovskoie”, da região de Moscou, obteve-se em média, 295 quintais métricos de caules e espigas de milho por hectare, em um setor de 15,5 hectares, a colheita de milho foi, em média, de 402 quintais métricos por hectare, chegando-se a colher em cinco deles 750 quintais métricos por hectare.

No colcós “Amanhecer”, da RSS da Bielorússia, foram colhidos em 1955, em média, 350 quintais métricos de caules e espigas por hectare em uma superfície de 500 hectares.

Os fatos provam, convincentemente, que o milho pode dar abundantes colheitas em todas as zonas do país, que é uma planta sem igual por seu rendimento, pela quantidade de unidades de forragem obtida em cada hectare semeado e pela recompensa ao trabalho invertido no cultivo. Daí tornar-se necessário analisar minuciosamente os erros cometidos no cultivo do milho em determinados distritos e colcoses, esclarecer por que não deu boa colheita em alguns colcoses e sovcoses e empreender imediatamente com toda a energia a preparação da semeadura, em particular a instrução do pessoal, a fim de alcançar, em 1956, uma abundante colheita de milho em todos os colcoses e sovcoses.

Nossa tarefa fundamental na agricultura consiste em elevar o rendimento por hectare e cultivar novas terras e, nesta base, aumentar em fins do VI Plano Quinquenal, para 11 bilhões de puds a produção anual de cereais; ampliar a superfície e aumentar consideravelmente o rendimento dos cultivos industriais — algodão, beterraba açucareira, linho, cânhamo e girassol — e elevar verticalmente a produção de batatas e hortaliças. Podemos e devemos resolver nos dois próximos anos a tarefa de garantir plenamente o abastecimento do país em batatas e hortaliças de alta qualidade.

É necessário aumentar a área dos pomares, os vinhedos e as plantações de frutos de bagas. Deve-se fomentar a plantação de franjas florestais, recorrendo à ativa participação de nossa juventude. Tem grande importância ampliar a construção de obras de irrigação, melhorando ao mesmo tempo o aproveitamento das terras irrigadas ou dessecadas.

O Comitê Central do Partido considera necessário aumentar a produção de adubos minerais e de produtos químicos para a luta contra as ervas daninhas e os parasitas da agricultura. Devemos continuar melhorando os métodos de cultivo da terra, aplicar energicamente a agrotécnica de vanguarda e acertadas rotações de cultivos, reduzir o prazo de realização das tarefas agrícolas e, nesta base, assegurar um maior rendimento dos cultivos cerealíferos e industriais em todas as zonas do país.