A Revolução Socialista de Outubro assestou um golpe muito forte no sistema colonial do imperialismo. Sob a influência da Grande Revolução de Outubro, a luta dos povos coloniais por sua libertação nacional se desencadeou com força particular e prosseguiu em todos os anos posteriores, levando à profunda crise de todo o sistema colonial do imperialismo.

Um importante fator do recrudescimento da luta libertadora das colônias e países dependentes foi a derrota da Alemanha fascista e do Japão imperialista na segunda guerra mundial. A vitória das forças democráticas sobre o fascismo infundiu nos povos dos países oprimidos a fé na possibilidade de sua libertação.

O seguinte e grande golpe contra o sistema colonial foi assestado pela revolução triunfante da China, terrível derrota para o imperialismo.

A Índia, o segundo país do mundo por sua população, conquistou sua independência estatal. Conquistaram a independência a Birmânia, Indonésia, Egito, Síria, Líbano, Sudão e outros países, colônias no passado. Assim, pois, no curso dos últimos dez anos se libertaram da dependência colonial e semicolonial mais de 1.200 milhões de pessoas, ou seja, quase a metade da população de toda a Terra. (Prolongados aplausos.)

O desmoronamento do sistema colonial do imperialismo no após-guerra é um acontecimento de transcendência para a história do mundo. Desenvolveu-se o grande processo de renascimento de povos que durante centenas de anos foram mantidos pelos colonizadores à margem do largo caminho do progresso da sociedade humana. Às fileiras das grandes potências se incorporaram a China Popular e a República da Índia independente. Somos testemunhas do ascenso político e econômico dos povos da Ásia Sul oriental e do Oriente árabe. Iniciou-se o despertar dos povos da África. Reforçou-se o movimento de libertação nacional do Brasil, Chile e outros países da América Latina. O término da guerra da Coréia, Indochina e Indonésia demonstrou que os imperialistas não podem, nem mesmo com a intervenção armada, vencer os povos que lutam com decisão por uma vida livre e independente. Hoje já se pôs na ordem do dia, como uma das questões mais palpitantes e atuais, o problema da supressão completa do oprobioso sistema do colonialismo. (Aplausos.)

Começou o novo período da história universal previsto por Lênin, o período em que os povos do Oriente tomam parte ativa na solução dos destinos de todo o mundo e se convertem em um novo e poderoso fator das relações internacionais. Diferentemente do período anterior à guerra, a imensa maioria dos países da Ásia atuam hoje no cenário mundial como Estados soberanos ou como Estados que defendem tenazmente seu direito de aplicar uma política exterior independente. As relações internacionais já não são as relações entre Estados povoados preferencialmente por povos de raça branca e começam a tomar o caráter de verdadeiras relações mundiais.

A conquista da liberdade política pelos povos das antigas colônias e semicolônias é a primeira e mais importante premissa para chegar à total independência, isto é, para alcançar a autonomia econômica. Os países asiáticos libertados vão criando a sua própria indústria, preparando a sua intelectualidade técnica, elevando o nível de vida do povo, fazendo renascer e desenvolvendo sua multissecular cultura nacional. Abrem-se históricas perspectivas de um futuro melhor ante os países que iniciaram o caminho do desenvolvimento independente.

Para criar uma economia nacional independente e elevar o nível de vida de seus povos, embora não façam parte do sistema socialista mundial, esses países podem desfrutar dos progressos deste sistema. Para obter instalações industriais modernas, já não se vêem constrangidos a inclinar-se ante seus antigos opressores. Essas instalações podem adquiri-las nos países do socialismo, sem pagar por isso com nenhuma espécie de compromissos de caráter político ou militar.

A própria existência da União Soviética e demais países do campo socialista, e a predisposição destes a ajudar em pé de igualdade e de mútuos benefícios os países subdesenvolvidos em seu progresso industrial, representam um sério obstáculo à política colonial. Os imperialistas já não podem considerar os países subdesenvolvidos exclusivamente do ponto de vista da possibilidade de arrancar lucros máximos, e em suas relações com eles vêem-se obrigados a fazer concessões.

Nem todos os países, porém, já se libertaram do jugo colonial. A maior parte do continente africano, alguns países da Ásia e também da América Central e América do Sul, vêem-se ainda numa situação de dependência colonial ou semicolonial. Continua-se forçando estes países a desempenhar o papel de apêndices agrários e produtores de matérias-primas para os países imperialistas. O nível de vida da população dos países dependentes continua sendo baixo ao extremo.

Aumentam as contradições e a luta entre as potências coloniais pelas esferas de influência, as fontes de matérias-primas e os mercados de venda de seus artigos. Os Estados Unidos se esforçam para cravar as garras nas possessões coloniais das potências européias. O Vietnam Meridional passa das mãos da França às mãos dos Estados Unidos. Os monopólios norte-americanos desencadeiam sua ofensiva contra as possessões francesas, belgas e portuguesas da África. É sabido que, antes, as riquezas petrolíferas do Irã se encontravam totalmente em mãos dos ingleses, mas agora se viram estes obrigados a dividi-las com os norte-americanos; e hoje os monopolistas norte-americanos já lutam por desalojar completamente os ingleses. Acentua-se a influência norte-americana no Paquistão e no Iraque, encoberta por trás da bandeira da “livre iniciativa”.

Os monopólios norte-americanos, valendo-se de sua posição dominante nos países da América Central e América do Sul, impõem à economia de muitos deles um caráter unilateral, deformado, desfavorável ao extremo para seus habitantes, freiam o desenvolvimento industrial dos citados países e os agrilhoam com as pesadas cadeias da dependência econômica.

Para conservar, e em uma ou outra parte restabelecer seu antigo domínio, as potências coloniais recorrem à repressão armada contra os povos das colônias, procedimento este condenado pela história. Utilizam também novas formas de escravização colonial, mascaradas com a chamada “ajuda” aos países subdesenvolvidos, que traz enormes lucros para os colonizadores. Tomemos como exemplo os Estados Unidos da América. Sabe-se que essa espécie de “ajuda” é prestada pelos Estados Unidos sob a forma sobretudo de remessa de armamento norte-americano aos países subdesenvolvidos. Isto permite à indústria dos monopólios norte-americanos trabalhar a pleno rendimento graças aos pedidos de material de guerra. Depois envia-se aos países subdesenvolvidos produção de guerra no valor de milhares de milhões por conta do orçamento e à custa dos contribuintes norte-americanos. Os Estados que recebem esta “ajuda” em forma de armamento caem inevitavelmente sob dependência e começam a elevar os efetivos de seus exércitos, o que conduz, ao mesmo tempo, ao aumento dos impostos e ao descenso do nível de vida da população dos países subdesenvolvidos.

Os monopolistas estão interessados em que subsista a política “de posições de força”, não lhes convém que se ponha fim à “guerra fria”. Por que? Porque o aumento da histeria belicista é um meio para justificar a expansão imperialista, um meio para intimidar as massas populares, para confundir sua consciência, com o fim de justificar o aumento dos impostos, os quais se destinam depois a pedidos de material de guerra, e vão parar nos bolsos dos multimilionários. Assim, pois, a “guerra fria” é um meio de manter a indústria de guerra em um alto nível de produção, e de arrancar enormes lucros.

Daí resulta que a chamada “ajuda” aos países subdesenvolvidos seja concedida sob determinadas condições políticas, sob a condição de que ingressem em blocos militares agressivos, sob a condição de que firmem pactos militares conjuntos, sob a condição de que apóiem a política exterior norte-americana, orientada no sentido de conquistar o domínio mundial, ou, como dizem os próprios imperialistas norte-americanos, a “direção mundial”.

A S.E.A.T.O. e o pacto de Bagdá não são somente agrupamentos militares e políticos de agressão, mas também instrumentos de escravização, uma nova forma de exploração, colonial por sua essência, dos países subdesenvolvidos. Todo o mundo vê claramente que não são o Paquistão e Tailândia, na S.E.A.T.O., nem o Iraque, o Irã e a Turquia no pacto de Bagdá, os que fazem a política.

A formação destes blocos e a contraposição de uns países a outros é também um dos meios para dividir os países subdesenvolvidos economicamente, a continuação da bem conhecida política colonialista de “divide e vencerás”. Por meio do pacto de Bagdá procuram dividir os países do Oriente árabe. Por meio da S.E.A.T.O. pretendem separar os países da Ásia Sul oriental.

A luta dos povos dos países orientais contra a participação em blocos é uma luta por sua independência nacional. Não é por acaso que a esmagadora maioria dos países da Ásia Sul oriental, do Oriente Próximo e Médio tenham rechaçado os tenazes esforços das potências ocidentais para incluí-los em agrupamentos militares fechados.

Apesar de todos os esforços para inimizar os povos dos países subdesenvolvidos, e inimizá-los também com os povos do campo socialista, sua amizade e colaboração aumentam mais e mais. A Conferência de Bandung, de que participaram 29 países da Ásia e da África, pôs claramente em evidência o crescimento da solidariedade dos povos do Oriente. Seus acordos refletiram a vontade de centenas de milhões de pessoas do Oriente. A Conferência de Bandung assestou um duro golpe nos cálculos dos colonialistas e agressores.

Aumenta e se fortalece a amizade e a colaboração dos povos do Oriente, que sacudiram o jugo colonial, com os povos dos países do socialismo. Isto foi claramente demonstrado com as viagens dos representantes da Índia e Birmânia à União Soviética, e a viagem dos representantes da União Soviética à Índia, Birmânia e ao Afeganistão. Estas viagens confirmaram a coincidência de pontos de vista da União Soviética e da República da Índia, uma das grandes potências do mundo, e também da Birmânia e do Afeganistão, no problema medular da vida internacional na atualidade, o problema da manutenção e da consolidação da paz universal e da independência nacional de todos os Estados.

A recepção extraordinariamente calorosa e efusiva dispensada aos representantes do grande povo soviético demonstrou brilhantemente a profunda confiança e o carinho que as amplas massas populares dos países do Oriente dedicam à União Soviética. Falando sobre a origem dessa confiança, o jornal egípcio “Al Akhbar” disse há pouco com muita razão:

“A Rússia não tenta comprar a consciência dos povos, nem seus direitos, nem sua liberdade. A Rússia estendeu a sua mão aos povos e disse que os próprios povos devem ser donos de seus destinos, que reconhece os seus direitos e aspirações e deles não exige que participem de pactos ou blocos militares.”
Milhões de seres aplaudem calorosamente nosso país por sua luta irreconciliável contra o colonialismo, por sua política de igualdade e amizade entre todos os povos, por sua consequente política exterior de paz. (Tempestuosos e prolongados aplausos.)