O editorial do mais influente diário dos Estados Unidos afirma que a reunião do G20 conseguiu dizer “algumas coisas corretas” sobre a crise da zona euro, observando que esta é claramente a maior ameaça à economia global. A declaração final, um documento compacto de 14 páginas, fala em promover o crescimento, garantir a estabilidade financeira e apoiar uma mais forte união fiscal, diz o diário novaiorquino.

Na reunião, a Itália propôs que os fundos de estabilidade da zona euro fossem usados para comprar títulos da dívida dos países em dificuldades, como a Espanha e a Itália, a fim de provocar a baixa dos juros. O presidente da França, François Hollande, apoiou a ideia. Esta quarta-feira começou a falar-se de um resgate da Espanha e da Itália envolvendo 750 mil milhões de euros, indiciando que a crise nestes países ampliou-se consideravelmente.

Mas nada foi decidido. Como é habitual nestas reuniões, empurrou-se a crise com a barriga, para a cimeira da UE na próxima semana.

Para o editorial do New York Times, a julgar pelo que aconteceu nos dois últimos anos, mais uma vez não vai haver soluções. O diário norte-americano faz um balanço impiedoso da política impulsionada pelo governo alemão para o conjunto da União: “À medida que a recessão e a crise bancária envolviam a Grécia, a Irlanda e Portugal, a resposta à crise promovida pela Alemanha, foi dominada por uma incansável insistência na contraproducente austeridade e nos planos de resgate às pinguinhas”.

O resultado, prossegue o editorial, “foi uma recessão mais profunda, conflitos sociais e levantamentos políticos, nas economias mais fracas da Europa e crescente desconfiança entre as nações mais fortes e as mais fracas da Europa – precisamente as condições erradas para integrar os bancos, os orçamentos e a política da Europa da forma necessária para a salvação a longo prazo do euro.”

O jornal questiona se desta vez será diferente, e afirma que há crescentes razões para a Alemanha alterar a sua política. Cita a crise de Espanha e Itália, a fuga de capitais destes países, desafios muito maiores que os anteriores. O editorial afirma que Merkel foi pressionada pelos líderes do G20 para dar mais tempo para o resgate da Grécia, ou “procurar formas mais agressivas de fazer baixar as taxas de juros dos países vulneráveis, incluindo a emissão de um eurobond comum ou a compra direta de títulos pelo BCE”.

Observando que a chanceler alemã sempre rejeitou estas propostas, o editorial afirma que as discussões do G20 poderiam dar-lhe a cobertura política para que Berlim começasse a assumir uma outra postura, observando que as atuais políticas puseram a moeda comum em alto risco.

“Na próxima semana vamos descobrir se os líderes no G20 dobraram a sra. Merkel”, conclui.

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Fonte: Esquerda.net