Paul Krugman não põe de lado a possibilidade dos cidadãos espanhóis acordarem um dia e as suas contas em euros se terem convertido em contas em pesetas de menor valor.

O prémio Nobel da Economia, de acordo a agência de notícias espanhola “Europa Press”,
declarou que os mercados não confiam em Espanha porque Mariano Rajoy não tem nenhum plano para o país sair da crise e alertou que enquanto não houver um plano, não haverá confiança.

Krugman está convencido de que o Governo espanhol não tem um plano para fazer face a esta possibilidade de Espanha sair do Euro, nem sequer possui um plano de contingência para este cenário. “Mas alguém deveria pensar em algo”, disse o economista numa entrevista à Vanity Fair, citada pela “Europa Press”.

Na opinião do economista, a solução está em limitar a crise até que os seus efeitos deixem de se sentir, e alerta que esta atitude deverá ser rápida porque “Espanha ainda corre o risco de sair do euro”.

Krugman alerta que a saída da Grécia da Zona Euro ainda é provável, mesmo com a vitória dos partidos pró-troika nas eleições e para Espanha aguarda ainda um “ponto alto” da crise.

No cenário de a Espanha e a Itália saírem da Zona Euro, Krugman acredita que Portugal também sairá e seguir-se-ão outros países, até ficar apenas a Alemanha e a Holanda. Apesar da perspectiva desfavorável, o economista destaca a importância de a Espanha permanecer na moeda única, uma vez que o primeiro ano sem euro seria “terrível” e o projecto europeu é “importantíssimo”.

O economista disse também que a solução de Espanha terá de passar por uma “grande desvalorização interna”, com uma forte queda de preços e salários. Porém, se a inflação da Zona Euro se mantiver abaixo dos 2%, “o ajuste é impossível”.

Questionado sobre as diferenças entre Zapatero e Rajoy, Krugman diz que não há grandes diferenças. “Parace que os mercados pensaram, durante algumas semanas, que Rajoy poderia conseguir algo que Zapatero não alcançou. Mas logo perceberam que a situação em Espanha não mudou”, afirmou Krugman, confessando que estivesse no mercado, também não confiaria em Espanha.

Quanto ao resgate do sector financeiro espanhol, Krugman considera que a ajuda à banca não é suficiente para Espanha e classifica-a como uma acção para evitar o “ciclo vicioso” do colapso da confiança, sem solucionar os problemas subjacentes. “É um remendo, como os pacotes anteriores”, disse o economista.

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Fonte: Jornal de Negócios