O quixote de barro

 

O meu Cisto de estopa ! E do seu lado,

na mesma estante, atrás da minha mesa,

um Quixote de barro, tão quebrado que o

veste uma tristíssima beleza.

 

Guarda tão pouco do que foi ! O estado

do corpo nem mais lembra a natureza.

Mas assim mesmo, feio e mutilado,

traz a ilusão presente à minha mesa.

 

Ó minha bem amada, ó mãe dos meus

filhos, não sugirão forças  que domem

o grande sonho puro que sonhamos.

 

Como Francisco foi louco de Deus,

esse pobre Quixote, louco de homem,

abre à noite os caminhos por que andamos.

 

 

Odylo Costa, filho – Boca da noite