Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Luiz Gonzaga: A voz do Nordeste no Brasil

    Gonzagão, que nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na cidade de Exu, no sertão pernambucano, cedo se entusiasmou pela música do Nordeste e começou a tocar acordeom, instrumento que lhe relegaria notoriedade no cenário musical brasileiro. Além de grande instrumentista Luiz Gonzaga encantou os nordestinos de Toto o país com sua indumentária de […]

    POR: Marcos Aurélio Ruy

    Gonzagão, que nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na cidade de Exu, no sertão pernambucano, cedo se entusiasmou pela música do Nordeste e começou a tocar acordeom, instrumento que lhe relegaria notoriedade no cenário musical brasileiro. Além de grande instrumentista Luiz Gonzaga encantou os nordestinos de Toto o país com sua indumentária de vaqueiro da região e com suas composições falando das questões vivenciadas pelos sues conterrâneos e espalhando baiões, xaxados, xotes para iluminar a vida de todos os brasileiros com música dançante e ao mesmo tempo identificada com as necessidades dos trabalhadores do Nordeste, o que deu universalidade à suas obras.

    Admirado por nada menos que Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Raul Seixas, Caetano Veloso e toda uma legião de músicos de todo o país, influenciando uma gama diversificada de gerações, tornando-se um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, com suas canções ritmadas no canto de aboios e vaquejadas, modernizando e difundindo a canção regional do Nordeste ao incorporar seus ritmos ao gosto popular nacional.

    Muitas de suas canções fazem parte do dia a dia dos brasileiros de Oiapoque ao Chuí como Asa Branca (em parceria com Humberto Teixeira, 1947), uma das músicas mais executadas de nosso cancioneiro popular; Assum Preto (com Humberto Teixeira, 1950); Cintura fina (com Zé Dantas, 1950); Fole gemedor (1964); Hora do adeus (Luiz Queiroga e Onildo Almeida, 1967); A morte do vaqueiro (com Nelson Barbalho, 1963); A vida do viajante (com Hervé Cordovil, 1953); Á-bê-cê do sertão (com Zé Dantas, 1953); Lorota boa (com Humberto Teixeira, 1949); O xote das meninas (com Zé Dantas, 1953), entre outras centenas de músicas que iluminaram os céus brasileiros por décadas, de importância fundamental para todos os que desejam conhecer a cultura popular brasileira através de nossas expressões musicais.

    Por sua índole autoritária e um conservadorismo intrínseco teve um relacionamento conturbado com o filho Gonzaguinha. Conflito somente resolvido na vida adulta do rapaz, nascido em 1945 e morto em acidente de carro em 1991.Para uns, o filho carioca, um dos grandes compositores da MPB, era seu filho adotivo; já outros biógrafos afirmam que Gonzaguinha era filho da cantora Odaléia Guedes dos Santos que morreu quando o menino contava com dois anos e meio, quando Gonzagão o entregou aos cuidados dos padrinhos no morro de São Carlos, no Rio de Janeiro, porque a mulher dele não aceitava o garoto, gerido fora do casamento. Gonzagão após reconciliar-se com o filho chegando a fazerem show juntos pelo país afora, veio falecer dois anos antes do filho em 2 de agosto de 1989, meses antes de completar 77 anos.

    Em seu centenário o Rei do Baião, merecidamente, tem sido homenageado de norte a sul, nas festas juninas, tão populares em sua região de nascimento, inclusive sendo tema da escola de samba Unidos da Tijuca do Rio de Janeiro no carnaval deste ano com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão, tema que deu a vitória a Unidos.

    As músicas de Luiz Gonzaga estão eternizadas no fundo da alma dos brasileiros. Não há um baile de forró que não execute suas canções ainda hoje para delírio dos inúmeros fãs. A marca de sua sanfona e seu jeito inconfundível de cantar fizeram escolan Até hoje seu toque ritmado marca presença nas composições dos ritmos nordestinos.

    Vídeos musicais:

    Asa Branca (com Humberto Teixeira, 1947. Vídeo com depoimentos)

    Quando “oiei” a terra ardendo
    Qual a fogueira de São João
    Eu perguntei a Deus do céu, ai
    Por que tamanha judiação

    Eu perguntei a Deus do céu, ai
    Por que tamanha judiação

    Que braseiro, que fornaia
    Nem um pé de “prantação”
    Por farta d’água perdi meu gado
    Morreu de sede meu alazão

    Por farta d’água perdi meu gado
    Morreu de sede meu alazão

    Inté mesmo a asa branca
    Bateu asas do sertão
    “Intonce” eu disse, adeus Rosinha
    Guarda contigo meu coração

    “Intonce” eu disse, adeus Rosinha
    Guarda contigo meu coração

    Hoje longe, muitas légua
    Numa triste solidão
    Espero a chuva cair de novo
    Pra mim vortar pro meu sertão

    Espero a chuva cair de novo
    Pra mim vortar pro meu sertão

    Quando o verde dos teus “óio”
    Se “espaiar” na prantação
    Eu te asseguro não chore não, viu
    Que eu vortarei, viu
    Meu coração

    Eu te asseguro não chore não, viu
    Que eu vortarei, viu
    Meu coração

    Assum Preto (com Humberto Teixeira, 1950)


    Tudo em vorta é só beleza
    Sol de Abril e a mata em frô
    Mas Assum Preto, cego dos óio
    Num vendo a luz, ai, canta de dor (2x)

    Tarvez por ignorança
    Ou mardade das pió
    Furaro os óio do Assum Preto
    Pra ele assim, ai, cantá de mió (2x)

    Assum Preto veve sorto
    Mas num pode avuá
    Mil vezes a sina de uma gaiola
    Desde que o céu, ai, pudesse oiá (2x)

    Assum Preto, o meu cantar
    É tão triste como o teu
    Também roubaro o meu amor
    Que era a luz, ai, dos óios meu

    O xote das meninas (com Zé Dantas, 1953)

     

    Mandacaru
    Quando fulora na seca
    É o siná que a chuva chega
    No sertão
    Toda menina que enjôa
    Da boneca
    É siná que o amor
    Já chegou no coração…

    Meia comprida
    Não quer mais sapato baixo
    Vestido bem cintado
    Não quer mais vestir timão…

    Ela só quer
    Só pensa em namorar
    Ela só quer
    Só pensa em namorar…

    De manhã cedo já tá pintada
    Só vive suspirando
    Sonhando acordada
    O pai leva ao dotô
    A filha adoentada
    Não come, nem estuda
    Não dorme, não quer nada…

    Ela só quer
    Só pensa em namorar
    Ela só quer
    Só pensa em namorar…

    Mas o dotô nem examina
    Chamando o pai do lado
    Lhe diz logo em surdina
    Que o mal é da idade
    Que prá tal menina
    Não tem um só remédio
    Em toda medicina…

    Ela só quer
    Só pensa em namorar
    Ela só quer
    Só pensa em namorar…

    Mandacaru
    Quando fulora na seca
    É o sinal que a chuva chega
    No sertão
    Toda menina que enjôa
    Da boneca
    É sinal que o amor
    Já chegou no coração…

    Meia comprida
    Não quer mais sapato baixo
    Vestido bem cintado
    Não quer mais vestir timão…

    Ela só quer
    Só pensa em namorar
    Ela só quer
    Só pensa em namorar…

    De manhã cedo já está pintada
    Só vive suspirando
    Sonhando acordada
    O pai leva ao doutor
    A filha adoentada
    Não come, num estuda
    Num dorme, num quer nada…

    Porque ela só quer, hum!
    Porque ela só quer
    Só pensa em namorar…

    Mas o doutô nem examina
    Chamando o pai do lado
    Lhe diz logo em surdina
    Que o mal é da idade
    E que prá tal menina
    Não tem um só remédio
    Em toda medicina…

    Porque ela só quer, oh!
    Mas porque ela só quer, ai!
    Mas porque ela só quer
    Oi, oi, oi!
    Ela só quer
    Só pensa em namorar
    Mas porque ela só quer
    Só pensa em namorar
    Ela só quer
    Só pensa em namorar…

    Num tempo em que os diferentes sotaques do brasileiro eram omitidos, Lua cantava denotando seu sotaque pernambucano com roupas típicas e ajudou para disseminar a cultura de uma região por tempo demais esquecida neste país.

     

    Notícias Relacionadas