A incorporação das mulheres ao mundo laboral tem sido constante na América Latina e no Caribe, mas ainda é necessário dar novos passos para enfrentar diferenças de gênero persistentes que impedem o alcance do objetivo de igualdade no trabalho, disse o Escritório Regional da OIT ao anunciar o início de um processo de consultas nacionais como parte de um estudo sem precedentes sobre este tema realizado por cinco agências da ONU.

O relatório regional sobre trabalho decente e igualdade de gênero está sendo realizado conjuntamente pela CEPAL, FAO, PNUD, ONU Mulheres e OIT como um esforço de cooperação entre agências da ONU e incluirá uma série de 13 oficinas nacionais em países da região, o primeiro dos quais se realizará no Uruguai, a partir de hoje (25), disse o Escritório Regional da OIT.

“Existem mais mulheres na força de trabalho, mas ainda são menos que os homens, enfrentam um desemprego maior, sua renda é menor e estão mais expostas a más condições de trabalho em situação de informalidade”, disse a Diretora Regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Elizabeth Tinoco. “Não há dúvidas de que tem ocorrido avanços importantes, mas ainda existem temas pendentes”.

Tinoco explicou que o relatório das agências da ONU será o primeiro esforço dessa magnitude por ter uma radiografia o mais detalhada possível tanto da situação laboral das mulheres como das diversas políticas que são aplicadas na América Latina e no Caribe com o objetivo de promover a igualdade de gênero, “que é uma prioridade para a OIT”.

A Diretora Regional da OIT destacou que nos últimos anos houve uma queda importante na taxa de desemprego urbano regional que chegou aos 6,7% atuais. No entanto, o desemprego das mulheres continua sendo 1,4 vezes superior ao dos homens, uma diferença que não teve variação nos últimos anos.

O último boletim conjunto da CEPAL e OIT sobre conjuntura laboral na região, apresentado em junho, destacou que de acordo com os últimos dados disponíveis, o desemprego feminino é de 8,2% enquanto que o masculino chega a 4,4%.

Por outro lado, a última edição do relatório Panorama Laboral, publicado pelo Escritório Regional da OIT, destacou que depois de um constante aumento nos últimos anos, a taxa de participação das mulheres na força laboral chegou a 49,5% e a taxa de ocupação a 45,5%, mas ainda são inferiores às dos homens que têm taxas de 71,3% e 67,3%, respectivamente.

O Panorama Laboral também revelou que é maior a proporção de mulheres, 53,7%, que a de homens, 47,8%, que estão trabalhando em condições de informalidade, o que habitualmente implica baixa remuneração e condições laborais precárias.

“A pesquisa que estamos iniciando permitirá termos uma informação muito mais minuciosa sobre a situação das mulheres no mercado laboral e dessa maneira será possível captar os fatores estruturais que condicionam o emprego das mulheres e melhorar o planejamento das políticas destinadas a enfrentar as diferenças que ainda persistem”, explicou Tinoco.

As oficinas em cada um dos 13 países da região terão um caráter participativo, com representantes de governos, de organizações de empregadores e de trabalhadores, da sociedade civil e do setor acadêmico.

Está previsto que durante as discussões sejam revisados os principais dados relacionados com o desafio da igualdade de gênero no mundo do trabalho na região, assim como o tipo de políticas públicas e reformas legais aplicadas, entre outros temas.

“Queremos saber se o crescimento econômico foi efetivo para enfrentar a desigualdade, em quais setores foram gerados mais postos de trabalho para as mulheres, quais foram os efeitos reais da crise, que tipo de mulheres estão conseguindo inserção nos mercados laborais, quais são os principais obstáculos para melhorar sua participação na força de trabalho”, disse a Diretora Regional da OIT.

Ao mesmo tempo, o estudo das agências da ONU indagará sobre temas como a segregação ocupacional, as diferenças salariais, a situação das mulheres no meio rural e das mulheres indígenas e afrodescendentes, a situação das mulheres migrantes, o efeito das jornadas de trabalho e da dupla jornada enfrentadas pelas mulheres, a persistência de políticas que possam favorecer a discriminação e a contribuição das mulheres para a superação da pobreza.

“Em países como os da América Latina e do Caribe a situação da mulher é determinante para avançar no combate à pobreza e à desigualdade que persistem nossas sociedades. A redução da diferença de gênero e a geração de mais e melhores trabalhos para as mulheres são essenciais para o progresso de nossos países”, acrescentou Tinoco.

O relatório das agências da ONU será divulgado no início de 2013.

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Fonte: OIT