Na visita foram alinhavados projetos de cooperação entre as duas instituições. Nomeadamente, a atividade em memória de Renato Archer será reeditada na sede do CTI, no início do mês de dezembro, como parte das comemorações pelos 30 anos de fundação do centro de pesquisas. Além disso, em parceria com o CTI e a UFMA, a Fundação Maurício Grabois promoverá a transcrição impressa da mesa realizada na 64º Reunião da SBPC, transformando em livro o conjunto das intervenções proferidas na ocasião, mais a mensagem enviada pelo ministro da Defesa Celso Amorim e outros textos em homenagem ao primeiro ministro da Ciência e Tecnologia. O lançamento do livro será parte da solenidade comemorativa dos 30 anos do CTI Renato Archer.


Participaram da reunião em Campinas, além de Mammana e Palácio, a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Luana Bonone; a ex-deputada federal Irma Passoni, hoje pesquisadora do CTI; a chefe de gabinete do diretor do Centro e coordenadora de relações institucionais Valquíria Celina Garcia, e o coordenador geral da divisão de aplicações da informática Silvio Spinella.

O CTI Renato Archer

Oriundo da antiga Secretaria Especial de Informática dos governos militares, o CTI nasceu em 1982 como braço executivo da política nacional de informática, cujos primeiros esboços remetem ao início dos anos 1970. Em 1985 a instituição foi subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Viveu os desafios típicos da década de 1990, quando o país ficou sem política industrial. A resultante dessa trajetória foi positiva: o Centro angariou prestígio crescente atuando em pesquisa e desenvolvimento na estratégica área hoje conhecida como TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação).


Importante marco da edificação do CTI deu-se na gestão de Renato Archer à frente do MCT. Segundo Mammana, Archer “conferiu grande atenção ao setor de informática, tendo sido, não por acaso, um dos idealizadores da reserva de mercado na área”. Hoje o Centro conta com cerca de 300 funcionários e mais 350 pesquisadores bolsistas ou ligados à instituição por outras modalidades de vínculo. Possui infraestrutura altamente especializada, distribuída por 10 laboratórios com equipamentos de última geração, plenamente aptos ao desenvolvimento de atividades inovativas relacionadas à geração de bens e serviços em TI.


O Centro possui como marca a forte interação tanto com a academia, por meio de parcerias nas áreas de ciência básica, quanto com o setor industrial. Desenvolve projetos de cooperação com empresas que abrangem componentes eletrônicos, microeletrônica, sistemas e software com aplicações em setores os mais diversos, como saúde, robótica, cultura (em particular games) e tecnologias assistivas, entre outros. Uma das grandes inovações surgidas no CTI foi a votação por meio de urna eletrônica, hoje considerada o método eleitoral mais seguro do mundo.

Diagnóstico do setor

Na reunião, além da parceria entre a Fundação Grabois e o CTI, foi discutido o histórico e a situação atual dos setores de informática e telecomunicações no Brasil. Na visão de Victor Mammana, as áreas de pesquisa e desenvolvimento nos dois setores foram fortemente impactadas com o fim da reserva de mercado para a informática e a privatização, no final dos anos 1990, do sistema Telebras.


Segundo a ex-deputada federal Irma Passoni – que presidiu, no início dos anos1990, a célebre Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre as causas e dimensões do atraso científico e tecnológico –, a tentativa brasileira de alavancar o setor de informática por meio de uma política para o setor “representou um verdadeiro paradigma de antineoliberalismo e fortalecimento do Estado nacional”. Para Irma, revisitar a figura de Renato Archer é atitude de forte significado político. “Para dizer o mínimo, é algo que reforça a luta pelo fortalecimento do setor nacional de informática”, finalizou.