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    Comunicação

    Cultura cabana abre passagem com a cara e a coragem

      Cultura cabana abre passagem com a cara e a coragem   Na Amazônia o estado precedeu a sociedade Minto, mea alma aborígine me diz à consciência Que na realidade a sociedade amazônica já existia Há um par de tempos Desde a complexa cultura Marajoara com suas classes De gentes e línguas diferentes que nem, […]

    POR: José Varella

     

    Cultura cabana abre passagem com a cara e a coragem

     

    Na Amazônia o estado precedeu a sociedade
    Minto, mea alma aborígine me diz à consciência
    Que na realidade a sociedade amazônica já existia
    Há um par de tempos
    Desde a complexa cultura Marajoara com suas classes
    De gentes e línguas diferentes que nem, paresque, um rio Babel
    Verdadeira ecocivilização que agora todo mundo há de querer.
    Quando o estado imperial desembarcou no Maranhão
    Ano de mil 6centos e 12 pra fundar a tal França Equinocial
    Diz-que a convite do “bon sauvage” Tupinambá
    No alto interesse de levar adiante a guerra contra os Tapuias
    E ainda mais contra o terrível inimigo Marajó matador dos bravos
    Conquistadores do paraíso chamado a Terra sem Mal
    Utopia selvagem da construção mágica do sítio Araquiçaua
    Onde o sol ata rede pra dormir à espera do vir a ser
    No Ponto certo
    Onde não há fome, trabalho escravo, doenças, velhice e morte.

     

    Claro está que no espaço de Euclides nunca seria realizada tal utopia
    Todavia agora que Einstein resolveu o enigma do espaçotempo
    Tudo isto e mais alguma coisa poderá ser desvendado
    Pela Ciência e Tecnologia a serviço de todos e de cada um
    Mormente quando no círculo do equador
    Os extremos oriental e ocidental se misturam no espaço curvo.

     

     

    Masporém, os convidados civilizados não compreenderam nadinha
    Pensando eles enganadamente que os selvagens careciam
    De Fé, Lei e Rei… puta que pariu
    Ledo engano! Começaram antão os tais civilizados por diabolizar
    A religião dos donos da casa, a botar ordem no terreiro alheio
    E impor a soberania do rei da França no reino das Amazonas…
    Não viram os tontos que a Nação brasílica dos tupinambás
    Aliados de primeira hora da França Antártica na baia da Guanabara
    Havia mandado embaixada à corte de Luís IV
    Com aviso prévio da futura Revolução de 1789 e da Comuna de Paris?
    Quem diz isto não sou eu, mas Montaigne e Rousseau
    Paresque eram muito tapados aqueles europeus de meu Zeus.

     

    Os cegos da amazonidade queriam porque queriam botar os pés
    E as mãos no Rio da Prata… graças a Deus! Se não adeus Brasil zil
    Pois o Bom Selvagem que nem São Cristóvão na Síria carregando Cristo
    Já havia topado com a barreira do mar-Oceano
    E desistido do caminho oriental para chegar à mágica “Yby Marãey”
    O diabo era o espírito Jurupari: aquele que fala e ri pela boca do pajé
    Este um que norteia as migrações no curso de Guaraci mãe dos viventes
    Rumo à boca do grande rio Pará-Uaçu: o grão Pará dos brancos.
    Graçasazeus digo eu, pois caso contrário a história seria outra…
    Pena que os manos cabanos guaranis pagaram e pagam ainda o pato
    Da Guerra do Paraguai devido à dita colonização platina:
    aqui a cobiça do ouro do El-Dorado, ali a prata de Potosi.

     

     

    Foi antão que a necessidade e o acaso fizeram casamento
    Da filha do murubixaba Jacuúna de Jaguaribe, a índia Paraguassu
    Com o judeu português cristão-novo Martim Soares Moreno
    Nascido no Marrocos com que se poderia dizer ser ele
    Uma das diversas ressurreições de Dom Sebastião mundo afora
    Em figura de caraíba e proveito lusíada do cunhadismo tupi-guarani.

    Ora convém saber que o Deus de Espinosa
    ou Natura escreve certo por linhas tortas
    Assim em 1615 no Maranhão o pau chinchou e a brigada de Jaguaribe
    Levou de virada a tomada de São Luís mudando do partido francês
    Para o partido português da conquista do Norte antes começada
    Da Nova Lusitânia em Olinda sob pavilhão da União Ibérica
    Onde a velha Lusitânia de trasladava desde sempre
    Pela dialética da complexidade luso-castelhana apesar da querela dos reis
    E não sossegou antes de erigir Feliz Lusitânia à margem do Guajará.

     

    Parece pouco assim falando quatrocentos e tantos anos depois
    Masporém hoje carece olhar pelo retrovisor da história pra ver o peso
    Do avenir da capital do Pará com sua irrefreável cultura cabana
    Doravante que a esperança venceu o medo
    Não é segredo que todas as cabanagens do mundo se unem
    Na força de braços, corações e mentes de trabalhadores sem fronteira.

    Por diversas vias todo mundo tem sua demanda da “Terra sem males”…
    E já que da Palestina até a Amazônia tapuia
    Belém está até ao talo implicada no caminho das Índias
    E da diáspora global seja ela das tribos perdidas
    Ou das tribos extintas do velho e Novo Mundo
    Esta prosa vai para os cabanos do futuro saberem
    Que o rio das Amazonas é o coração pulsante da Utopia neotropical:
    A grande Cabanagem do mundo ainda tem muitas guerras a vencer
    Masporém agora é a vez e a hora da democratização da Democracia brasílica:
    Aí mea gente, ganhando ou perdendo cada campanha
    O Povo trabalhador sempre avança em amadurecimento até a vitória final:
    A sociedade humana sem classes – , a grande fátria Internacional.

     

     

          José Varella, Belém-PA (1937), autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica”, “Amazônia Latina e a terra sem mal” e “Breve história da amazônia marajoara”.

    autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica” e “Amazônia latina e a terra sem mal”, blog http://gentemarajoara.blogspot.com

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