Grabois e Amazonas: exemplos da causa comunista
Todos os oradores – comunistas, socialistas e petistas – destacaram a contribuição dos dois líderes no enfrentamento das ditaduras, na recondução do país com a democracia e, acima de tudo, na luta pela construção de um país justo e desenvolvido.
O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) fez um discurso inflamado, no qual destacou que “Maurício Grabois e João Amazonas não são patrimônio só de vocês, do PCdoB, mas de todos os brasileiros que sonham com uma pátria justa e democrática”.
A líder do PCdoB na Câmara, deputada Luciana Santos (PE), que requereu a realização da sessão solene, levou um trio de cordas para tocar a Internacional. Como ocorre tradicionalmente nos eventos do Partido, a apresentação foi finalizada com o grito de “Um, dois, três/ Quatro, cinco mil/ E viva o Partido Comunista do Brasil”.
Luciana Santos, que é também a vice-presidenta nacional do Partido, foi quem primeiro discursou. Ela destacou a luta dos dois líderes comunistas pela democracia, soberania nacional e valorização dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Citando nominalmente os familiares de João Amazonas que estiveram presentes à sessão, Luciana Santos disse que os dois líderes comunistas são exemplos de combatividade, incansáveis defensores do proletariado e colaboraram com a construção do PCdoB.
Ela leu uma carta do sobrinho-neto de Grabois, Carlos Augusto Grabois Gadelha, justificando a ausência e reafirmando a luta do tio-avô pela construção de uma nação socialista. A deputada, ao encerrar sua fala, disse que o PCdoB está em franco crescimento, com atuação em todas as áreas – negros, mulheres, sindical, etc – e que a bancada dá voz aos anseios da população.
“Todo esse êxito é resultado do trabalho desses dois líderes”, assegurou, acrescentando que “vamos honrar esse legado em cada uma das nossas ações firmes na luta pela construção de mundo de justiça social e de respeito”.
Papel destacado
A fala de encerramento da solenidade foi do presidente nacional do Partido, Renato Rabelo. Ele falou sobre a convivência com João Amazonas, a quem definiu como “um gigante político”, que desempenhou importante papel no terreno político, ideológico e na prática.
“Esses dois grandes líderes comunistas tiveram papel destacado no legado da segunda geração do nosso partido, cujo líder central dessa geração foi Luís Carlos Prestes. Enfrentando a ditadura do Estado Novo, fizeram parte da conferência da Mantiqueira, para reestruturar a direção nacional do Partido que tinha sido desmantelada pela feroz repressão do Estado Novo”.
Segundo Renato Rabelo, naquela ocasião, eles reafirmaram o caráter revolucionário do Partido permitindo a sua existência até nossos dias. “A trajetória dos dois se confundem com a trajetória do PCdoB. Suas lutas são expressões do caráter do Partido”, afirmou.
O dirigente do PCdoB lembrou também a luta de João Amazonas para reerguer o Partido no final da década de 1980 e de enterrar a ditadura militar. “Ele teve papel fundamental – contou Renato Rabelo -, quando foi derrotada a proposta das eleições diretas, ele entendeu que devia derrotar a ditadura com as armas da ditadura e foi ao Colégio Eleitoral”.
E ao encerrar sua fala, dizendo que por tudo isso o PCdoB reverencia a memória gloriosa e o exemplo triunfante de João Amazonas e Maurício Grabois, levou a plateia a gritar novamente as palavras de ordem do Partido: “Um, dois, três/ Quatro, cinco mil/ E viva o Partido Comunista do Brasil”.
A solenidade seguiu com discursos que reafirmavam “o exemplo de coragem, solidariedade e capacidade de luta que engrandece a trajetória dos comunistas como defensores intransigentes da justiça social”, como disse o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), em discurso lido pelo deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO).
Para Marco Maia, os dois líderes comunistas são “exemplo maior para os que são conduzidos aqui (parlamento) pelos eleitores”. E lembrou que quando as relações humanas estão marcadas pelo dinheiro, é importante beber na fonte da ideologia de Grabois e Amazonas, que pensaram no interesse da coletividade e dedicaram a vida à árdua tarefa de educar seus filhos e contemporâneos na construção da sociedade em que a riqueza seja distribuída igualmente, sem privilégios, uma bela sociedade sem luta de classe, sem ser guiada pela ganância.
“A Câmara dos Deputados muito se orgulha de tê-los em sua luta aguerrida pela justiça social”, finalizou o deputado petista.
Homens imprescindíveis
Para o senador Randolfe Rodrigues, que falou em nome dos convidados, a poesia de Brecht se encaixa perfeitamente aos dois comunistas. Diz Brecht, na poesia citada: “Há homens que lutam um dia e são bons/ há outros que lutam um ano e são melhores/ há os que lutam muitos anos e são muito bons/ mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.
João Amazonas e Maurício Grabois estão entre os lutadores que o povo brasileiro tem, os dois se dedicaram à mais belas das causas humanas, a do socialismo, disse o senador socialista, destacando que “todas as conquistas do povo brasileiro nos últimos 20 anos não seriam possíveis sem João Amazonas e Maurício Grabois”.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) também destacou a formação dos dois líderes e suas escolhas pela causa comunista. “Esses homens, que se formaram no ardor da causa social, que precisavam resolver problemas do povo brasileiro, e assim construíram o nosso partido e ajudaram a história do Brasil, procurando o caminho da democracia”.
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) e o deputado Assis Melo também discursaram. Eles saudaram a militâncias que esteve presente ao evento. E, a exemplo da líder do Partido na Câmara, destacaram que a sessão solene não era apenas de homenagem aos dois heroicos brasileiros, mas para reafirmação de seus compromissos, que é luta pelo socialismo, pela transformação desse país.
O deputado Amaury Teixeira (PT-BA) chegou ao final da sessão, mas fez questão de discursar para destacar a aliança do PT com o PCdoB, que garantiu a construção da nova história do Brasil. Ele destacou a presença da militância que encheu todo o plenário e disse que se unia aos comunistas no reconhecimento e homenagem aos dois grandes comunistas que lutaram para mudar a história do Brasil.
Na abertura da sessão, foi exibido um vídeo com depoimentos e imagens, que contavam a vida dos dois líderes comunista – desde o encontro deles com a causa comunista, que os aproximou, até as eleições dos dois como deputados constituintes em 1946. Quando foram cassados, Grabois disse que quando a democracia voltasse ao Brasil os comunistas voltariam ao parlamento e realmente voltaram.
Ao final da sessão, houve o lançamento dos livros Meu verbo é lutar – A vida e o pensamento de João Amazonas, de Augusto Buonicore; e Maurício Grabois – Uma vida de combates, de Osvaldo Bertolino. Renato Rabelo autografou o livro PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo.
Fonte: Portal Vermelho