São Paulo sedia evento internacional sobre displays
Ter um televisor fino (delgado) e de alta qualidade na sala de tevê é um desejo da maior parte da população. A boa notícia é que esses aparelhos estão cada vez mais acessíveis aos brasileiros, que substituem freneticamente o antiquado sistema de tubo (CRT).
Essa mudança rápida significa que nasce uma quantidade enorme de novas oportunidades de negócios no setor, que engloba desde o sistema de display de alta tecnologia até o mobiliário para acomodá-lo na residência. Portanto, o tema “displays” gera um interesse crescente em um conjunto cada vez maior de atores econômicos. E é por isso que, em 2012, a Society for Information Display está trazendo para o Brasil um de seus principais eventos itinerantes, o Internacional Display Research Conference (IDRC), que ocorre simultaneamente ao LatinDisplay 2012, tendo começado nesta segunda (26) e seguindo até 30 de novembro, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
No LatinDisplay 2012/IDCR 2012, estão sendo abordadas todas as tecnologias de displays (LCDs, OLEDs, LEDs, eletroforéticos, TFELs, plasma, e-paper, holográficos), telas de toque, tabletes e tecnologias relacionadas (nanotecnologia, células solares, eletrônica orgânica, baterias etc.), além de suas aplicações na medicina, TV, telefonia, automotiva, aeronáutica, militar, propaganda, sinalização educação, comunicação aumentativa e alternativa, acessibilidade, multimídia e cinema, assim como ergonomia, questões de mercado e processos de fabricação.
“Sistemas de iluminação traseira – BLUs – para LCDs e fontes de luz, como LED, OLED e lâmpadas fluorescentes, receberão especial atenção por sua importância, ao lado de circuitos eletrônicos de endereçamento, processamento de imagens, conversão de sinais, interfaces, software e hardware, como drivers, controladores, processadores de vídeo e conversores de formato”, antecipa o vice-coordenador do LatinDisplay 2012/IDRC 2012, o pesquisador-doutor Victor Pellegrini Mammana, também diretor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), localizado em Campinas (SP).
Conforme ele, deve-se mencionar ainda as oportunidades verificadas nas tecnologias relacionadas com os displays, como é o caso das telas de toque e tabletes, cujo mercado já é expressivo e deve crescer assustadoramente nos próximos cinco anos. “Outra tecnologia que promete é a de dispositivos de chaveamento óptico a cristais líquidos, uma vez que a capacidade das fibras ópticas de comunicação deve esgotar-se com o crescimento da demanda.”
Mercado mundial de displays
A escalada dos displays delgados revela-se no crescimento de seu mercado mundial que, de US$ 24,6 bilhões em 2000, já ultrapassou US$ 120 bilhões em 2008 – somente os LCDs (de cristal líquido) chegaram a mais de US$ 105 bilhões em 2011. Os mercados brasileiro e latino-americano estão acompanhando esse impressionante aumento global de consumo, o que deve incrementar ainda mais o desequilíbrio da balança de pagamentos nacional do setor eletroeletrônico, em que os mostradores de informação têm um peso significativo no custo. Por essas razões, torna-se imperativa a entrada do país nesse segmento para evitar que vários setores da indústria local percam competitividade ou mesmo fiquem obsoletos.
“Apesar da pouca tradição dos países ibero-americanos em áreas de tão grande complexidade e intensivas em recursos materiais e humanos, a região não terá como se furtar a empreender esforços de pesquisa e desenvolvimento em displays e tecnologias relacionadas se quiser garantir algum espaço no cenário internacional. Deve aproveitar oportunidades tanto na fabricação dos mostradores propriamente ditos, como de seus materiais, insumos, equipamentos, instrumentos, software e hardware. E esses esforços de pesquisa e desenvolvimento devem acompanhar de perto os de produção industrial”, diz Mammana.
Para participar do mercado de displays delgados, Mammana observa que é importante conhecer os desafios, identificar as oportunidades e preparar-se adequadamente para aproveitá-las, com base na capacitação e no estoque de recursos físicos, financeiros e humanos disponíveis. Segundo o vice-coordenador do evento, os displays são essenciais para a comunicação, o trabalho e o lazer humanos e têm sido objeto de excepcional esforço de pesquisa e desenvolvimento, presenciando-se uma corrida “desenfreada” por dispositivos que possam exibir imagens de alta resolução e alta fidelidade à cor, em telas panorâmicas de pequeno volume e peso e que consumam pouca energia.
Como importantes vetores de inovação, pois viabilizaram a criação dos equipamentos portáteis, os displays planos e delgados tornaram-se componentes estratégicos para diversos setores industriais: eletroeletrônico, informático, telecomunicações, de eletrodomésticos, TV, de controle e automação, de brinquedos, automotivo, aeronáutico, militar, sinalização, propaganda, etc.
Mammana lembra que os displays são estratégicos por concentrarem elevado percentual dos custos dos equipamentos que os empregam, razão porque limitam as margens de retorno dos integradores de sistemas (system houses). Se esse custo ultrapassa 75% do custo final dos monitores de vídeo e TVs, deve superar 95% com o advento da era do “chassi de vidro ou de plástico”, em que os circuitos são integrados aos displays.
“Essa tendência já preocupa os fabricantes mundiais de sistemas, que são os usuários dos displays, pois não terão como agregar valor a seus produtos, com severo impacto na competitividade e rentabilidade de todo o setor eletroeletrônico e de informática. Além disso, no caso brasileiro, essa concentração tecnológica na Ásia representa uma ameaça crescente à balança comercial brasileira, onde os displays têm representado um rombo enorme. O governo brasileiro está muito atento a essa questão, tentando reverter uma tendência que tem, inclusive, impacto em nossa sustentabilidade ambiental: este rombo em displays vem sendo coberto pelos superávits agrícolas brasileiros e a pergunta que a sociedade tem que responder é o quanto será preciso expandir as fronteiras agrícolas para viabilizar este déficit. O problema não é só a expansão territorial das fronteiras agrícolas, mas que estamos exportando água e solo para poder adquirir bens de consumo, com um resultado nefasto para as próximas gerações de brasileiros.”
Para a capacitação dos mercados brasileiro e latino-americano nessas tecnologias tão competitivas e sofisticadas, foram criadas a Rede lbero-Americana de Mostradores de Cristal Líquido (Rede IX:B do CYTED – de 1991 a 2000), a Rede Ibero-Americana de Mostradores Planos de Informação (de 2002 a 2006 como Rede IX:F do CYTED e hoje convertida na Rede LatinDisplay), e a Rede Brasileira de Mostradores de Informação (BrDisplay), em 2003, todas elas com o objetivo comum de promover a integração de esforços de instituições de pesquisa e de empresas visando a inserção competitiva do Brasil e da região ibero-americana em displays delgados.
“As redes brasileira e ibero-americana vêm arregimentando os atores políticos e econômicos que compõem o ecossistema de displays, desde empresas, instituições de P&D públicas e privadas, associações setoriais, órgãos dos governos federal, estadual e municipal, agências de fomento, incubadoras, pólos tecnológicos até empresas de capital de risco, na visão de que é necessário criar e fortalecer toda a cadeia de produção para que o setor possa se sustentar no médio e longo prazo.”
Em 2004, a convite da Society for Information Display (SID), a mais importante sociedade internacional na área de displays, criou-se o Latin-American Chapter para complementar e ampliar a atuação das redes brasileira e ibero-americana, bem como para promover sua integração na comunidade internacional de displays. As redes e o capítulo vêm congregando seus eventos InfoDisplay, Seminário BrDisplay, Latin American SID Seminar e a DisplayEscola para compor os LatinDisplays, com o objetivo de disseminar as tecnologias de displays, integrar especialistas e atrair novos profissionais, instituições e empresas para a área.
“Os LatinDisplays têm se destacado por apresentar os avanços e as tendências das tecnologias de mostradores bem como por discutir as necessidades para seu desenvolvimento na região a partir das oportunidades para sua inserção competitiva no cenário internacional, atraindo um expressivo contingente de pesquisadores, empresários, agentes financeiros, representantes de governos, agências de fomento, associações de classe e estudantes, não só da região ibero-americana como de fora dela, configurando-se como importante fórum internacional para a discussão das tecnologias de displays.”
Programação do evento
Neste ano, o LatinDisplay 2012 atrai ao Brasil pela segunda vez a International Display Research Conference (IDRC), importante conferência científica promovida pela SID, em que são abordados os últimos avanços na pesquisa de displays, seus materiais e aplicações. O LatinDisplay/IDRC 2012 compõe-se de: Simpósio Científico e Tecnológico, com a apresentação de conferências por renomados especialistas internacionais e de trabalhos em contribuição; Rodada de Oportunidades, com uma Mesa Redonda para análise dos desafios, oportunidades e estratégias para a entrada do país em displays e com reuniões privadas para a discussão de parcerias em negócios e em P&D; DisplayEscola, com cursos sobre várias tecnologias de displays; Exposição de protótipos e produtos de empresas e instituições de P&D do país e do exterior; e de reuniões das Redes BrDisplay e LatinDisplay e do Latin SID Chapter.
Os participantes também apresentarão painéis sobre suas empresas, laboratórios e grupos, para dar a conhecer a competência e a infraestrutura disponíveis na Região, bem como as áreas de interesse comum e complementares que possam motivar parcerias e projetos em cooperação.
Jacqueline Lyra, engenheira aeroespacial brasileira que trabalha no Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, participou abertura do evento. Na palestra para pesquisadores e cientistas, ela falou sobre seu trabalho na agência espacial norte-americana, atualmente como integrante da equipe responsável pela missão Curiosity, que colocou em agosto último um jipe-robô no solo de Marte.
Aos 50 anos, a carioca tem o objetivo de descobrir se existe ou existiu vida nesse planeta, a partir da coleta de materiais que são “lidos” pelos integrantes da NASA, nos Estados Unidos, graças aos instrumentos acoplados ao robô. Depois da palestra, ela apresentou o projeto Curiosity para crianças e jovens das redes pública e privada de ensino, que visitaram o LatinDisplay/IDRC 2012.
O evento é aberto à participação de profissionais de empresas e de instituições de ensino e pesquisa, estudantes de universidades e de escolas técnicas, representantes de governos, agências de fomento, incubadoras, pólos tecnológicos, setor financeiro e demais interessados em mostradores de informação e em suas aplicações. E é patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
LatinDisplay 2012/IDRC 2012
Dias: até 30 de novembro.
Horário: a partir das 8h30.
Local: Universidade Presbiteriana Mackenzie – Rua da Consolação, 896, São Paulo (SP). Fone: (11) 2114 8186.
Informações sobre a programação do simpósio do evento: http://www.abinfo.com.br/ld2012/files/TimeTable_LD12_121108v1.pdf