Tarifas de energia: a oposição mostra sua cara
Sob um ângulo estratégico, o que ocorreu é a reação diante do início do desmonte de um sistema gerido nos tempos de neoliberalismo, que afetou diretamente o setor elétrico, com a privatização de imensas companhias de energia situadas na região sudeste. A desregulamentação foi o pressuposto. Em grande parte do país, o Estado tornou-se incapaz de gerir e planejar a expansão do setor elétrico, redundando na vergonha do apagão ocorrido no final do governo FHC. O PSDB governou o país com o maior potencial hidrelétrico do mundo.
É revelador para o povo o fato de somente as “elétricas” que atuam em Estados governados pelo PSDB terem sido contrárias ao conteúdo da MP 579, que prevê redução de tarifas às indústrias e usuários físicos da ordem de 20%. A alegação dada pelas centrais “concedidas” sob o tacão tucano não podia ser mais esfarrapada, consistindo “numa necessária satisfação aos acionistas minoritários destas empresas”. Por trás disso, existe outra assertiva chamada “lucro”. E onde o lucro é o norte de um serviço tido como público, o que se espera é o ocorrido.
O PSDB, que já vem fazendo uma crescente campanha política contra o projeto da presidenta Dilma, chega ao ponto de tentar desesperadamente impedir a concretização de um plano essencial para o desenvolvimento do país, que é a redução do custo da energia. Um país sem expansão energética não se desenvolve e, sem desenvolvimento, não há saída para os impasses nacionais. Essa insensibilidade foi destacada de forma correta pela presidenta. É a oposição que mais uma vez mostra sua cara, mostra seu lado. Os lucros de algumas grandes empresas são colocados acima dos interesses do desenvolvimento nacional. Isto é o PSDB.
O embate é político e ideológico. Não é nenhuma surpresa que o semanário britânico The Economist sugira a demissão de Guido Mantega num momento em que o governo vai colocando o dedo na ferida dos interesses incrustados no seio do Estado Nacional, cujas repercussões são internacionais. O mundo capitalista desenvolvido, sobretudo na crise em que se encontra, está em busca de reservas de mercado espalhados pelo mundo afora. A questão energética é o centro do problema, motivos de guerras de pilhagens, saques e intervenções.
O governo da presidenta Dilma Rousseff está no rumo correto. A radicalização e a despolitização interessam, sobretudo, àqueles que um dia acreditaram que a geração de energia, a siderurgia e a telefonia não eram setores estratégicos. A oposição nada mais é do que a representante dos interesses daqueles que um dia tentaram saquear toda a nossa capacidade de ser um país independente, uma nação soberana. É preciso que as forças progressistas e democráticas respaldem esta importante iniciativa do governo e organizem um amplo movimento de conscientização popular e de denúncia da ação oposicionista.
*Renato Rabelo é presidente do PCdoB