Lula interpelou o ex-primeiro ministro socialista Lionel Jospin, presente na sala, e perguntou quantos desses comitês havia criado quando esteve no poder. O ex-mandatário contou que havia criado muitos desses comitês de crise, mas que só começou a avançar realmente quando criou “comissões de soluções”.

Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”.

O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.

Lula lembrou que a crise “é responsabilidade de um monte de desconhecidos” e perguntou ao público se alguém tinha visto na televisão a “cara de algum banqueiro”. “Não”, respondeu, e voltou a perguntar: “sabem por quê? Porque é o banqueiro que paga a propaganda”.

Por último, Lula defendeu uma visão solidária e responsável do desenvolvimento. O ex-presidente se perguntou “por que o mundo desenvolvido, que tem problemas de consumo, não cria mecanismos de financiamento para que os países africanos recebam fundos com juros de longo prazo, mais baratos, para assim começar a desenvolver uma indústria, uma agricultura”.