Acusado de matar Víctor Jara foi preso

Hugo Sanchéz Marmonti, um dos dois acusados pela Justiça chilena de ser autor material do homicídio do cantautor chileno Víctor Jara, há quase 40 anos, entregou-se à polícia, informou o juiz do caso, Miguel Vásquez, que ordenara a sua detenção na semana passada. O outro acusado, Pedro Barrientos Núñez será objeto de um pedido de extradição, já que vive nos Estados Unidos.

Jara, autor de canções como “Te recuerdo Amanda” e “O direito de viver em paz” foi detido junto com professores e alunos da Universidade Técnica do Estado depois do golpe 1973. Transferido para o Estádio Chile, foi torturado e teve as mãos fraturadas com a culatra de um revólver antes de ser crivado de balas em 16 de setembro de 1973. O seu corpo foi encontrado três dias depois perto de um cemitério.

O juiz também ordenara a prisão de outros seis ex-militares acusados de cumplicidade no assassinato. Destes, três também se entregaram na quarta-feira: Edwin Dimpter, Nelson Hasse Mazzei e Jorge Smith Gumucio. Esta ordem de detenção tem de ser ratificada por um tribunal superior, num processo que pode durar anos.

A defesa de outro dos acusados, Raúl Jofré, informou que este vai entregar-se em breve. Dos dois restantes, Roberto Souper está internado numa clínica psiquiátrica e Luis Bethke Wulf não foi localizado.

Esperança que a seguir haja justiça para todos

A família do cantor considerou importante a decisão do tribunal e espera que o processo possa abrir caminho a que se esclareçam casos semelhantes. “Para mim é muito difícil falar, não é um momento de comemoração, é um momento de estar tranquilos e saber que há muito trabalho por diante para conseguir finalmente a justiça verdadeira”, disse à imprensa Joan Turner, viúva do cantor, ao mesmo tempo que agradecia quem esteve ao seu lado há mais de 39 anos reivindicando justiça, como o advogado Nelson Caucoto, que representa a família no julgamento. “Quero agradecer a toda a gente que nos acompanhou durante estes longos anos, não só aqui no Chile, mas também no exterior”, disse.

“Pesquisar crimes 39 anos depois é positivo”

O advogado Caucoto, por sua vez, considerou positivo que no Chile “se possa investigar um crime ao fim de 39 anos e chegar aos estágios processuais sem que tenhamos ouvido de nenhuma parte falar em prescrição”. Na sua opinião, as ditaduras do futuro “estão a ser notificadas de que estes crimes vão ser perseguidos em qualquer lugar e durante qualquer tempo” e que isso “é a mais importante lição que estamos a retirar desta resolução”.

Durante o regime de Pinochet morreram ou desapareceram umas 3.000 pessoas. Além disso, foram torturadas cerca de 28.000, incluindo a ex-presidente Michelle Bachelet.

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Fonte: Esquerda.net