Com o tema “Mundo : crise, instabilidade e sucessivos focos de guerra”, Renato Rabelo, presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), abriu, neste domingo (20), na cidade de Atibaia, São Paulo,  o Curso Nível III da Escola Nacional de Formação. O encontro reuniu dirigentes estaduais, parlamentares, membros do Comitê Central e diversas lideranças do Partido.

De acordo com a Secretaria Nacional de Formação e Propaganda, este curso objetiva aprofundar as discussões em torno de temas como filosofia, economia, Estado, classes sociais, socialismo e Partido, de modo a olhar para as tendências mais importantes do mundo atual, sempre à luz dos preceitos teóricos que norteiam o Partido.

Dentre os temas abordados por Rabelo, está a questão do impacto da crise econômica. Segundo ele, a crise econômica que completa seis anos em março deste ano, é considerada a terceira grande crise do capitalismo e acelera o declínio de nações como os Estados Unidos. “A crise, pela sua dimensão, acelera o enfraquecimento da hegemonia do imperialismo norte-americano, acentuando também a decadência das velhas potências europeias”, explicou.

O dirigente colocou que o mundo, na situação atual, é um mundo cada vez mais instável e são crescentes os focos de tensão. “Nós precisamos estar atentos pois não é por acaso que assistimos ao uso recorrente da ação militar, exigindo, por exemplo, a extraordinária estrutura militar do pentágono (EUA) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)”, pontuou Renato.

Fabricação de conflitos

Renato alertou aos presentes sobre a constante participação do imperialismo como autor desses focos, especialmente na fabricação de conflitos. Segundo ele, isso “é decisivo na ideologia do imperialismo”. Na oportunidade, o dirigente rememorou o massacre na Líbia e alertou que o mesmo está acontecendo nos países africanos, Mali e Argélia. “É sintomática a atuação do imperialismo no mundo, inclusive com o financiamento de forças mercenárias para tomar o poder em regiões estratégicas para estas potências, basta ver o que ocorre na África e no Oriente Médio.

Imposição de hegemonia

Sobre a esfera econômica, Renato explicou que vivemos a era do domínio da oligarquia financeira, que promove a produção capitalista de caráter monopolista financeiro com a utilização do estado a serviço do capital.

Ele frisa a tentativa dos países ricos saírem da crise tendo como consequência mais importante a intensificação da exploração das massas. Ou seja, “o ônus da crise é cobrado dos trabalhadores, dos países periféricos, passando a repercutir em economias nacionais emergentes, como é o caso do Brasil”.

E completa: “Essa ofensiva potencializa o aumento da pressão comercial por parte das potências capitalistas sobre os países em desenvolvimento, especialmente através de meios financeiros”. Renato explica que isso pode causar o chamado tsunami monetário,  já alertado pela presidenta Dilma Rousseff.

Além disso, o dirigente afirma que o mundo assiste a uma onda crescente de desemprego. Além da implementação de pacotes austeros e que impactam diretamente nas relações comerciais entre as nações. “Estamos em um momento de enfrentamento. Precisamos estar preparados para seguir um caminho próprio que responda à crise que assola o mundo”.

As tendências atuais e os passos para 2014

Ainda durante a aula, Rabelo falou sobre as eleições em 2012 e sobre o avanço da esquerda nesse processo. Citou a vitória em São Paulo, o que ele definiu como uma derrota política significativa para os tucanos, que dá lugar ao surgimento de uma nova e expressiva liderança do PT, Fernando Haddad.

“Em 2012, a oposição amargurou uma perda de 30 milhões de votos. Essa campanha revelou um acirramento da batalha política que foi iniciada com a vitória de Lula em 2002”, acrescentou.

Ele também falou sobre o forte sistema de oposição que se consolidou após o surgimento da onda progressista que se fortaleceu na América Latina. E lembrou da campanha agressiva da mídia conservadora, que se tornou uma das principais frentes de oposição ao processo de mudanças que o Brasil vive há pouco mais de uma década.

“O sistema de oposição é produto de forte poder econômico, político e ideológico que está nas mãos das forças conservadoras e reacionárias. Um sistema que traz à tona um caudaloso extremismo antidemocrático. E, é bom lembrar, a oposição não possui alternativa, não possui projeto, seu projeto é marginalizar a esquerda e macular as figuras de Lula e Dilma. Mas nós comunistas estamos preparados e daremos a resposta necessária aos ataques da direita e da mídia”, externou Renato.

13º Congresso do PCdoB

Renato também falou sobre a realização do 13º Congresso do PCdoB, que acontecerá em novembro deste ano. Para o dirigente, o evento deverá se concentrar no balanço do período Lula/Dilma e na atualização da perspectiva para o Brasil.

“O 13º Congresso do PCdoB deve fazer o balanço da evolução do seu caminho, exposto no seu programa, definido pelo Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. E, a partir disto, distinguir avanços e limites, indicando como avançar, ressaltado novas questões para o embate, e sendo necessário realizar ajustes que possam repercutir na estratégia – transição ao socialismo nas condições do Brasil. Devemos trabalhar no sentido de que o Brasil precisa de nova arrancada, para um país desenvolvido, soberano, democrático e de progresso social.”

Ao final de sua aula, o presidente do PCdoB destacou as orientações a serem seguidas pelos comunistas em 2013. “Primeiro, enfrentar e vencer o recrudescimento dos ataques do conservadorismo; e, segundo, promover um esforço para superar a atual conjuntura e a ofensiva conservadora. O PCdoB está atento e sua militância está preparada para mais essa batalha”, finalizou.