Blefes para caixa-preta 

 

Amparo os olhos na água que procura a estrada do ralo.


O ronco da fome sem roupa soa por esse corredor.


Recorte do estranho país, carne viva de meus espelhos.


Daquilo que me escolhe miopia
ou que me mostra à beira do que não precipito.


O que não gera controle talvez exija saudade
ou o nome que não é de cor.


A caixa preta suspensa no muro fora a paisagem do sonho
cortada pelo despertador às sete horas da manhã.

 

 

 

 Marta Eugênia é Especialista em Linguística e Professora de Língua Portuguesa na cidade de Arapiraca em Alagoas.