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    América Latina

    O “presidente dos pobres” transformou a América do Sul

    Havana – Durante gerações e gerações, nas pobres famílias do povo, os mais velhos contarão aos mais jovens como era o país quando foi governado pelo “presidente dos pobres”. Foi quando milhões de trabalhadores pobres e agricultores da Venezuela tiveram, pela primeira vez em suas vidas, a possibilidade de uma consulta médica, foi quando centenas […]

    Havana – Durante gerações e gerações, nas pobres famílias do povo, os mais velhos contarão aos mais jovens como era o país quando foi governado pelo “presidente dos pobres”. Foi quando milhões de trabalhadores pobres e agricultores da Venezuela tiveram, pela primeira vez em suas vidas, a possibilidade de uma consulta médica, foi quando centenas de milhares de venezuelanos passaram a morar em apartamento próprio saindo dos barracos, foi quando milhões de pobres aprenderam a ler e escrever, graças a Chávez, que enviou 250 mil professores para ensinarem as letras aos excluídos da sociedade.

    Mas Chávez não é chorado apenas por milhões de venezuelanos. Choram por ele muitas dezenas de milhões de pessoas, primeiramente, em toda a América do Sul, em toda a América Latina. O motivo do canto da dor latino-americano é que Chávez influenciou com a política que exerceu para a mudança de orientação política de quase todos os países da América do Sul em direção progressista.

    A exemplo de Fidel Castro e da Revolução Cubana, que marcaram, indelevelmente, as consciências dos povos latino-americanos nas décadas de 1960 e 1970, assim também Chávez deixou firme seu carimbo, principalmente na América do Sul, durante mais de uma década de 2000 até hoje.

    A Venezuela não é um país muito pequeno. Sua população totaliza cerca de 28 milhões de habitantes. Também não é um país sem possibilidades econômicas, considerando que sua riqueza energética registra faturamento de vários bilhões de dólares anualmente. Nacionalizando os recursos energéticos e investindo as arrecadações de sua exploração, primeiramente, na maciça melhoria do nível de vida dos venezuelanos, mais precisamente das pobres camadas sociais, e também para ajudar outros regimes progressistas de países latino-americanos, Chávez revelou-se a indiscutível liderança da América Latina neste primeira década do século XXI.

    Chávez é aquele que salvou Cuba economicamente. Sem Chávez é extremamente duvidoso se poderiam vencer nas eleições Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador. Isto não quer dizer que Chávez os apoiou economicamente, e assim venceram. Além do fato de que este parâmetro, seguramente, existiu, os elementos decisivos da influência de Chávez na América Latina foram seus exemplos ideológico e político: um pobre, fruto de nossa miscigenação latino-americana, que tornou-se não somente presidente, mas tornou-se presidente pulverizando a raivosa resistência da incrivelmente corrupta, mas também fortíssima classe média da Venezuela, arrancando-lhe o petróleo e distribuindo os lucros de sua venda ao povo.

    EUA contra-atacam

    Como se tudo isso não fosse suficiente, Chávez atreveu-se a levantar sua cabeça contra os EUA quando repeliu o golpe de estado organizado pelo governo de Washington de comum acordo com o establishment da Venezuela, em 12 de abril de 2002. Passou a denominar publicamente “Hitler” o ex-presidente norte-americano Goerge Bush Jr., e “fascista” o ex-primeiro-ministro da Espanha José Maria Aznar.

    Sob este prisma, Chávez e sua política influenciaram na guinada para a centro-esquerda dos dois gigantes do Cone Sul no continente americano: o Brasil dos 200 milhões de habitantes e a, por excelência, “européia” Argentina dos 42 milhões de habitantes.

    A perda de Chávez constitui golpe seríssimo para os governos progressistas da América Latina. O vazio que deixou permanecerá vazio. Sua morte significará o início de um gigantesco contra-ataque dos EUA para submeter, novamente, em grau absoluto os países da América Latina ao regime de escravidão e eliminar da face da terra qualquer governo progressista ou até pseudoprogressista do hemisfério ocidental.

    Os mecanismos de poder de Washington acionarão, ao extremo, as classes médias de todos os países latino-americanos, as quais, aliás, têm primeiramente também o próprio interesse, a fim de arrasarem qualquer conquista social ou econômica que desdenhe – mesmo minimamente – a predominante “ordem das coisas”.

    A primeira batalha para a “reacionarização” da América Latina será, obviamente, travada na Venezuela, mas as ações de “reacionarizar” não serão delimitadas somente ali. Serão generalizadas em todo o continente. É apenas uma questão de tempo.

    Sucursal do Caribe do Monitor Mercantil

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