O economista Eleutério Prado, em seu blogue, recomenda com entusiasmo um texto de Peter Hudis (de sua tradução) e outro de sua própria autoria, que retomam a questão da superação do capitalismo. No texto de Hudis, essa superação se daria por meio da instituição de uma sociedade verdadeiramente humana: Trabalho social direto e indireto: que espécie de relação humana pode transcender o capitalismo. A partir de uma leitura apaixonada e rigorosa da Crítica ao Programa de Gotha, esse autor mostra que, para Marx, o socialismo é um modo de produção baseado em relações sociais diretas, democráticas, entre produtores livremente associados. E que, por isso, o seu advento depende crucialmente da deposição do valor como regulação social inconsciente das transações econômicas – o que, aliás, nunca aconteceu nos “socialismos” fracassados, baseados no planejamento centralizado e na governança de um partido-estado.
O segundo texto, de Eleutério Prado, trata da vigência histórica do valor como regulação social inconsciente das transações econômicas. Nessa perspectiva, sustenta que a teoria do valor em Marx não é propriamente uma teoria do valor-trabalho com validade transistórica. É, isto sim, uma teoria do trabalho como ‘valor’ – uma categoria cujo espaço histórico está restrito ao modo de produção capitalista. Sustenta que, na história, o ‘valor’ não é posto de imediato em seus primórdios e nem vai ser deposto de uma vez em seu fim – quando, então, é suprimido politicamente para dar lugar a uma sociedade transparente. Ao invés, passa por um processo de formação e de desformação. O ato revolucionário vindouro que acaba com a regulação inconsciente do processo de produção e instaura o socialismo não deixa de ser precedido pela deterioração das condições necessárias para a formação do valor já no capitalismo.
Para ler a tradução clique aqui: Hudis – Trabalho social direto e indireto.
Para ler o texto de Eleutério Prado, clique aqui: Da posição e da deposição do valor