O “plano B” do governo do Chipre, necessário após o parlamento do país ter rejeitado a proposta de impor uma taxação aos depósitos bancários, deve ser rejeitado pela troica – grupo formado por Banco Central Europeu (BCE), Comissão Europeia (CE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) -, segundo fontes ligadas ao assunto.

De acordo com essas fontes, o Chipre quer transformar ativos de fundos de pensão em títulos do governo, em uma tentativa de levantar € 4,2 bilhões dos € 5,8 bilhões necessários para que o país receba um resgate de € 10 bilhões dos credores internacionais. A troica não estaria convencida de que essa é uma opção viável. O plano traria dinheiro aos cofres públicos, mas em forma de dívida.

Ainda segundo as fontes, os dois maiores bancos do país, o Laiki Bank e o Bank of Cyprus, podem deixar de existir. Nesse caso, os ativos bons ficariam em outra instituição, menor, que ainda será criada, e os ativos ruins transferidos para um “bad bank”. Entretanto, credores internacionais também não estão satisfeitos com essa alternativa, devido às preocupações sobre quem irá arcar com os custos da medida e dos ativos depreciados.

Em meio às crescentes incertezas em relação a uma saída para o crítico momento que o Chipre atravessa, os bancos do país permanecerão fechados até pelo menos terça-feira, dia 26, segundo informou um funcionário do Banco Central do Chipre.

Os bancos cipriotas estão fechados desde o início da semana para evitar uma corrida de saques, depois do governo ter fechado no sábado um acordo com a zona do euro para receber uma ajuda financeira que incluía um imposto extraordinário sobre os depósitos bancários do país. A medida foi rejeitada pelos parlamentares do país na terça.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, afirmou ontem que obter um acordo sobre um plano de resgate para o Chipre será difícil e poderá representar riscos para a zona do euro.

Merkel disse que está buscando uma solução “apropriada” para a ilha do Mar Mediterrâneo, mas que é preciso reduzir o tamanho do seu inchado setor bancário. “Eu tenho de dizer que as soluções apropriadas têm de ser sustentáveis”, disse Merkel, acrescentando que o setor bancário do Chipre não é sustentável e que representa riscos que vão além das fronteiras da ilha.

A premiê alemã disse que houve algum sucesso na estabilização do euro, “mas, como os últimos dias mostraram, nossos esforços ainda não alcançaram nossa meta”. “Temos adiante negociações difíceis com o Chipre”, disse Merkel, durante um evento industrial em Berlim.

Enquanto uma solução viável não surge, o ministro das Finanças do Chipre, Michalis Sarris, está na Rússia para renegociar os termos de um empréstimo de € 2,5 bilhões que recebeu do país. Segundo Sarris, as conversas com a Rússia estão “indo além disso”, aumentando as especulações de que o país pode participar do resgate do Chipre.

“A primeira reunião foi muito boa, bastante construtiva e com um debate bem honesto. Destacamos o quão difícil é a situação e agora continuaremos as discussões para encontrar uma solução. Esperamos ter apoio dos russos”, disse Sarris. “Ficaremos aqui até conseguirmos um acordo”, completou, sem oferecer mais detalhes sobre o assunto.