China avança sobre oportunidades da economia europeia
As companhias estatais chinesas estão expandindo sua influência na Europa, tendo investido mais de US$ 12,6 bilhões no continente em 2012, segundo estudo da empresa de private equity A Capital, baseada em Hong Kong.
A quantia representou um aumento de cerca de um quinto em comparação com 2011, e foi maior que os investimentos na América do Norte e na Ásia juntos. Cerca de 86% dos investimentos foram nos setores industrial e de serviços.
O estudo de A Capital é a investigação mais abrangente já feita sobre investimentos chineses na Europa. A própria empresa de private equity tem o governo chinês entre seus investidores via China Investment Corporation (CIC).
Empresas chinesas causaram furor no passado por suas compras parciais ou completas de companhias tradicionais alemãs, como a fabricante de bombas de concreto Putzmeister, a fabricante de equipamentos de armazéns Kion e a de eletrônicos de consumo Medion.
“Muitos investidores chineses veem a fraqueza atual da Europa como uma oportunidade a agarrar”, disse o CEO de A Capital, André Loesekrug-Pietri. “Eles estão atrás de tecnologia, know-how, marcas de alto valor – e os encontram aqui.” Muitas empresas europeias são líderes mundiais em setores como produção industrial, fabricação automotiva e saúde e meio ambiente.
A liderança chinesa estabeleceu esses setores-chave como alta prioridade em seu mais recente plano quinquenal. O Conselho de Estado está apoiando expansões de companhias no exterior com crédito barato e isenções fiscais, e 93% dos investimentos chineses na Europa provêm de corporações estatais.
A Europa meridional em crise precisa de dinheiro. “Na Europa, a resistência a esses tipos de investimentos é menor do que em outros lugares”, disse Loesek-rug-Pietri. As reservas aos interesses opacos das companhias estatais chinesas são maiores nos Estados Unidos, onde o Comitê sobre Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) basicamente bloqueou a venda da fabricante americana de aviões Hawker Beechcraft a um comprador chinês por segurança nacional. Em 2008, o comitê bloqueou a hoje extinta fabricante de eletrônicos 3Com de ser parcialmente vendida à estatal chinesa Huawei.
O governo canadense deu recentemente sua bênção à venda da empresa de petróleo e gás Nexen a empresa estatal chinesa Cnooc, após um longo período de deliberação. As autoridades disseram, porém, que no futuro só permitirão investimentos desse tipo em casos excepcionais.
Ao contrário, a Europa tem sido um lugar em grande parte receptivo a compradores chineses. O fundo estatal CIC adquiriu 10% do Heathrow Airport de Londres no fim do ano passado, e 7% da fornecedora de satélites francesa Eutelsat. E o governo de Portugal negociou sua maior privatização de todos os tempos no fim de 2011, concordando em vender 21% da empresa de eletricidade Energias de Portugal à Three Gorges da China. A venda foi a primeira privatização de Lisboa requerida pelo programa de salvamento no início daquele ano.
“O que estamos vendo nesses acordos é apenas o começo”, disse Loesekrug-Pietri, acrescentando que os próximos anos mostram grande potencial.
Tradução de Celso Paciornik para O Estado de S. Paulo.