ÉGUAS

 

 


furiosas belas
pelas invernadas
como rosas elas
em disparada
mas um balanço leve
como se só o vento
movesse-lhes as ancas
em seus movimentos
éguas vermelhas
negras e brancas
rosas pedreses
baias e pampas
as suas crinas de náilon
como chicotes no estalo
manso do vento nas pétalas
batendo e soprando nelas
em cio
as éguas maciças
macias e ardentes
relincham no viço
dos pelos luzentes
onde o cavalo esfrega
e morde e estremece
ante o clamor da posse
e da total entrega
as patas empinadas
o bufo nas escumas
o lombo retesado
em vertical apruma
e sobe nas estruturas
a colossal coluna
e centra-se em profundo
nas suas crias futuras.

 

Libério Neves
“ De Papel Passado – Poemas Selecionados 1965-2012” –    Editora UFMG