As bombas que explodiram na Maratona de Boston ecoaram por toda a comunidade estrangeira que vive nos Estados Unidos. Como os dois principais suspeitos do atentado – um foi morto em tiroteio e outro está sob custódia da polícia  – são imigrantes, alas conservadoras norte-americanas já discutem a relação entre terrorismo e a entrada de estrangeiros no país.

Senadores republicanos já começaram a usar, nesta segunda-feira (22/04), o exemplo dos irmãos Tsamaev para anunciar que pretendem frear a reforma migratória – conjunto de propostas formulado pelo governo Obama que prevê normas mais flexíveis para o fluxo migratório no país.

“As especulações dizem que foi, sim, um estrangeiro com visto de estudante o responsável pelo atentado. Precisamos olhar para esse fato em um contexto geral e tomar medidas para proteger nossa população”, afirmou o deputado Steve King, que é opositor da reforma migratória, em entrevista à National Review Online.

O senador republicano Chuck Grassley relacionou a presença de imigrantes no país aos ataques que ocorreram em Boston. Para Grassley, é “preciso entender as falhas do sistema de imigração no país para tomar atitude contra terroristas”.

“Como pode indivíduos iludirem nossas autoridades e planejar ataques em nosso solo? Como podemos reforçar o controle de segurança de pessoas que desejam entrar em nosso país? Como garantir que pessoas que desejam o nosso mal não tenahm acesso aos benefícios sociais. É o que precisamos discutir com essa lei (reforma migratória) em nossa frente”, argumentou Grassley.

Embora com motivações diferentes, um grupo de quatro senadores republicanos (que pretendem normas mais rígidas nas fronteiras americanas)  e quatro democratas (que querem regularizar os imigrantes sem visto) apresentou na semana passada ao Senado um projeto de lei da reforma migratória, o qual conta com o apoio do presidente Barack Obama.

“Nosso sistema de imigração está quebrado, e o status quo no qual temos 11 milhões de pessoas ilegais continuará se não fizermos nada para resolver esse problema”, afirmou o republicano Marco Rubio.

Na ocasião, o presidente Barack Obama reiterou a importância desse projeto para milhões de estrangeiros que vivem nos EUA. “Peço ao Senado que legitime este projeto de lei. Já disse aos senadores que estou disposto a fazer o que for para assegurar que a proposta de reforma migratória integral se transforme em realidade o quanto antes”, declarou Obama em um comunicado emitido pela Casa Branca.

Defensores da reforma migratória condenaram as manifestações dos republicanos, conectando as bombas em Boston à reforma migratória.

“Os racistas de extrema direita do Partido Republicano tentam boicotar a reforma migratória. Agora eles usam o atentado em Boston como motivo. Se eles realmente acham que o governo errou quando permitiu que os irmãos Tsarnaev se refugiassem em nosso país, nós teríamos que ter evitado outra dezena de milhares que vieram para o nosso país. Muitas pessoas que vieram do Vietnã, Cambodja e Cuba receberam visto de entrada no país sob as mesmas condições dos irmãos Tsarnaev”, afirma o cientista político James Turnage em publicação da revista The Guardian Express.

Entre outros elementos, a reforma migratória prevê um prazo de dez anos para a legalização dos imigrantes ilegais; 3 bilhões de dólares para a segurança fronteiriça; 1,5 bilhão de dólares para colocar muros e cercas na fronteira e fundos para contratar mais 3,5 mil agentes, além de sancionar empresas que contratam imigrantes ilegais.