O número de desempregados na Espanha superou pela primeira vez a marca de seis milhões de pessoas, ao alcançar 27,16% da população ativa no primeiro trimestre do ano. Os dados oficiais, publicados nesta quinta-feira (25/04), foram levantados em uma pesquisa da EPA (Enquete de População Ativa), e registram um recorde de uma série histórica iniciada em 1970.

O país agora conta 6.202.700 desempregados, depois que, nos três primeiros meses do ano, o contingente de pessoas sem trabalho aumentou em 237.400.

O número de pessoas que perderam seus empregos há mais de um ano subiu para 2.901.100 nesse período, 111.200 mais que no quarto trimestre de 2012.

A situação mais crítica se encontra na faixa etária dos jovens (menores de 25 anos): 57,22% no primeiro trimestre do ano, ou 960.400 pessoas nessa faixa etária sem trabalho.

Trata-se do sétimo trimestre consecutivo em alta, e os últimos números alimentam o debate crescente sobre a possibilidade de frear as medidas de austeridade fiscal que têm marcado a resposta da Europa à crise das dívidas públicas nacionais.

Explicações

Uma das explicações para os maus resultados na política de emprego e no dinamismo econômico do país é creditada por políticos de oposição e economistas às enormes somas derramadas no sistema financeiro mundial pelos principais bancos centrais. Se, por um lado, elas têm aliviado a pressão do mercado de títulos na Espanha, os cortes coordenados pelo governo em Madri para gastar na recuperação da confiança dos investidores têm deixado o país em profunda recessão.

O colapso de um boom imobiliário impulsionado pelo crédito barato causou milhões de demissões no setor de construção civil desde 2009, enquanto o setor de serviços privados, reponsável por quase metade do PIB (Produto Interno Bruto), seguiu a mesma direção, com os espanhóis apertando os cintos e o investimento despencando.

O mal-estar foi agravado por bilhões de euros em cortes de gastos e aumentos de impostos para reduzir um dos maiores déficits da zona do euro e convencer os mercados que a Espanha pode controlar suas finanças.

Os custos de empréstimos da Espanha e a Itália atingiram seu nível mais baixo em mais de dois anos esta semana e funcionários da União Europeia começaram a falar abertamente em aliviar as metas de déficit.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse nesta semana que um novo plano de reforma, que será anunciado na sexta-feira, não incluirá mais medidas de austeridade, em um esforço para acalmar os espanhóis cada vez mais desesperados e sinalizar aos investidores que o país em breve será capaz de crescer.

Os protestos tornaram-se comuns em todo o país e milhares de policiais foram destacados em Madri para lidar com uma marcha ao Parlamento nesta quinta-feira.

Mas poucos acreditam que o plano do governo vai ser ambicioso o suficiente para relançar a economia em crise e criar empregos. O Fundo Monetário Internacional prevê o desemprego espanhol em 26,5 por cento no próximo ano.

Mais dados

Segundo a EPA, o número de desempregados cresceu em 563.200 pessoas em um ano, enquanto a ocupação caiu em 798.500.

A população ativa ficou em 22.837.400 pessoas, uma queda de 85 mil com relação ao trimestre precedente e de 224.100 na comparação com um ano antes.

Entre os homens, o desemprego aumentou em 130.400 pessoas no trimestre, para 3.304.700, enquanto entre as mulheres subiu em 107 mil, chegando a 2.898.000.

Já entre os estrangeiros, ele chegou a mais 80.500 pessoas, elevando o total de desempregados a 1.302.300 e a taxa de desemprego desse contingente a 39,21%.

O setor de serviços registrou o maior número de pessoas sem trabalho (1.823.900) e também a maior elevação do desemprego, seguido da construção, indústria e agricultura.

Opera Mundi com agências de notícias internacionais