A participação de dirigentes nacionais do PCdoB enriqueceu os debates desta quinta-feira (16), no 5º Encontro Sindical Nacional, realizado no Rio de Janeiro.

O secretário nacional de Organização do Partido, Walter Sorrentino, reafirmou a clareza de que os sindicalistas devem ser a força motriz do processo a que se propõe o PCdoB. “Vocês representam a esperança política dos dias atuais para superar as contradições no Brasil.”
O sindicalismo é parte destacada da luta política dos últimos 10 anos no país, afirmou o dirigente. Ele ressaltou a importância do Programa do PCdoB. “Todos os êxitos atuais do Partido e o papel político que o PCdoB ocupa hoje emanaram do nosso Programa, que o 13º Congresso vai aprimorar em novembro”.
O secretário de Organização conclamou os sindicalistas presentes a participarem de um novo arranque da construção partidária. “Não vamos avançar se não compreendermos a política de quadros como o centro da direção organizativa”.
Sorrentino enfatizou a necessidade da formação de novos líderes políticos estaduais e nacionais entre os trabalhadores, para além de lideranças sindicais. “Precisamos despertar o apetite político de nossos quadros sindicais. O Brasil vive uma oportunidade histórica. Precisamos ser capazes de liderar esses debates, para além do sindicalismo. É preciso ser líder político na sociedade, promovendo gente nova. Líderes políticos, se possível nacionais, vindos dos trabalhadores”.
Outro ponto apresentado com destaque foi a questão dos quadros de base considerado por ele, como “a chave para a construção do Partido entre os trabalhadores”. “É preciso mais consciência de Partido. Temos que vencer pelo Partido, com quadros sindicais de base que nos ajudem a enraizar o PCdoB entre os trabalhadores. Precisamos ter um eleitorado cativo próprio, que veja nos comunistas sua representação. Devemos fazer uma revolução do modo como entendemos a construção sindical nas bases”.
Formação e Propaganda
O membro da Comissão Nacional de Formação e Propaganda do PCdoB e membro do Comitê Central, Sergio Barroso, abordou o trabalho da Secretaria de Formação dentro das esferas da Escola Nacional, da Fundação Maurício Grabois, da Revista Princípios e da Editora Anita Garibaldi.
“Os avanços importantes desses últimos dez anos que coincidem com os dez anos de reorganização da escola Nacional, juntamente com a iniciativa de seminários e publicações de livros importantes relativos a crise capitalista, a compreensão da realidade brasileira, o desenvolvimento nacional e as novas pesquisas sobre as contribuições de Marx. Mas ainda é muito importante destacar esse esforço da memória dos comunistas do Brasil, que através do Centro de Documentação e Memória publicou as biografias dos comunistas históricos brasileiros Maurício Grabois, João Amazonas e Pedro Pomar”.
Barroso afirmou a Revista Princípios tem procurado realizar seminários, debates e dossiês em que aborda a área do Meio Ambiente e da Educação e a análise circunstanciada dos efeitos da crise do capitalismo mundial. “O Sistema Nacional de Formação e Propaganda do PCdoB conclama os comunistas que militam na área do trabalho a serem mais protagonistas do sistema formativo”.
Barroso observa que a crise capitalista, segundo os próprios organismos do capital financeiro internacional, perdurará pelo menos até 2023. “Isso demonstra os gravíssimos efeitos sociais do desenvolvimento dessa crise”, avalia, citando o alto desemprego, e o aumento do número de suicídios em vários países da Europa em crise. “Nesse sentido, a ideia central de Lênin que ‘sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário’ deve fazer com que os comunistas que atuam na área sindical e do trabalho renovem o esforço de contribuição da difusão das nossas ideias, de uma participação cada vez maior nas iniciativas da nossa área no sistema nacional de formação e propaganda”.
Campanha de Contribuição do Militante
O secretário nacional de Finanças, Vital Nolasco, apresentou aos sindicalistas comunistas a Campanha de Contribuição do Militante do PCdoB. O objetivo da campanha é conscientizar a militância da importância da contribuição financeira ao Partido e fortalecer sua imagem institucional e aumentar a emissão das carteiras de militantes.
Ele lembrou que a contribuição se constitui em um vínculo do militante com o PCdoB e seu compromisso com o fortalecimento partidário. A campanha, se inicia em maio e acontece até novembro, será desenvolvida através das principais lideranças partidárias que convocarão os militantes a contribuir financeiramente.

Serão utilizadas como peças da campanha folders, cartazes, banners para a internet e a divulgação nas redes sociais. Entre as lideranças nacionais presentes no material de divulgação estão o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão; o secretário da Questão da Mídia, Altamiro Borges; a deputada federal Luciana Santos; a senadora, Vanessa Grazziotin; a secretária da Questão da Mulher, Liège Rocha; o presidente da UJS, André Tokarski; o vereador paulistano, Orlando Silva; o secretário de Promoção da Igualdade Racial de SP, Netinho de Paula; o coordenador do Coletivo Nacional de Cultura do PCdoB, Javier Alfaya; o senador Inácio Arruda e o ministro do Esporte Aldo Rebelo.
Também foram convidados o presidente da CTB, Wagner Gomes, a deputada estadual, Leci Brandão e a deputada federal Manuela D’Ávila. Ainda segundo Vital, as direções estaduais do Partido também poderão repercutir a campanha com lideranças locais.

Avaliação e resoluções

Em entrevista ao Portal Vermelho, o secretário Sindical, Nivaldo Santana, exaltou a grande representatividade do evento que contou com a presença de mais de 250 quadros do Partido de 21 estados brasileiros. O encontro teve ainda a presença do presidente nacional, Renato Rabelo; do secretário de Organização, Walter Sorrentino; do secretário de Comunicação, José Reinaldo Carvalho; do secretário de Finanças, Vital Nolasco e do representante da Fundação Maurício Grabois, Sérgio Barroso. Também integraram os debates os deputados federais Assis Mello (RS) e Jô Morais (MG), entre outras lideranças.

“Nossa avaliação é que através dessa pluralidade de opiniões, nosso encontro atingiu os objetivos, atualizou a política sindical do Partido e consolidou algumas ideias essenciais do processo de estruturação partidária entre os trabalhadores”.

A primeira constatação é que houve uma ampla concordância entre os participantes do evento e os documentos apresentados no debate. Nivaldo explicou que as emendas incorporadas ao texto apenas “atualizaram ou precisaram algumas questões” gerais do documento.

Dois pontos importantes polarizaram as discussões. O primeiro é a busca pela harmonia e pelo equilíbrio entre a atuação do Partido no movimento sindical e no Parlamento, no governo e nas direções dos sindicatos, principalmente nas questões que envolvem os trabalhadores do setor público e os governos democráticos dos quais o PCdoB participa.

Outra questão que também provocou um debate importante foi o papel do Estado no Projeto Nacional de Desenvolvimento, e sua relação com o capital privado, através de medidas como concessões, parcerias publico-privadas, exploração do petróleo e gestão de alguns serviços públicos. “Algumas políticas que o governo Dilma vem adotando no sentido de ampliar os investimentos e dinamizar a economia, abrindo espaço para o capital privado em serviços públicos, obras de infraestrutura e exploração de petróleo foram abordadas. Essa é uma matéria que ainda está em debate no Partido e sobre a qual ainda não se tem uma definição completa”.

Para o secretário Sindical, o encontro reafirmou com ênfase a centralidade do trabalho e a necessidade dos trabalhadores se colocarem como protagonistas políticos em todas as esferas de atuação do Partido. “Os trabalhadores devem participar das direções partidárias, governos e parlamentos, ou seja, em todas as esferas de acumulação de forças do Partido para dar sua contribuição, não apenas como sindicalistas, mas também como dirigentes políticos do PCdoB”.

Na esfera estritamente sindical, foi reforçada a necessidade de fortalecer a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), colocar como perspectiva a luta pela hegemonia no movimento sindical, intensificar a organização partidária e sindical nos locais de trabalho, e renovar e adequar a atuação com os comunistas que militem em outras centrais.

O encontro aprovou o reforço da política de quadros — a partir de cerca de 300 quadros já cadastrados na Secretaria Sindical Nacional — e através deles intensificar também a criação de núcleos sindicais de base e de organismos de base do Partido nos locais de trabalho. Foi realçada ainda a necessidade dos quadros sindicais se incorporarem nas direções municipais, distritais, estaduais e nacionais do Partido para que a militância tenha uma dimensão mais ampla e não se restrinja à atuação nos sindicatos.

“O 5º Encontro se insere no processo preparatório do 13º Congresso do Partido e chama a atenção para a necessidade de os trabalhadores se empenharem com afinco em todas as etapas do congresso, além da contribuição política para os debates que estão em curso”.

Ainda segundo Nivaldo, o encontro também se preocupou com a política de renovação das direções sindicais, com prioridade para a incorporação de jovens e mulheres em cargos de direção. Também colocou em discussão o “desafio de promover a alternância de funções para oxigenar e fortalecer a ação sindical”.

Leia abaixo a íntegra da Resolução Final do 5º Encontro Sindical Nacional do PCdoB, que deverá ainda ser ratificada pelo Comitê Central do Partido:

Proposta de Resolução do 5º Encontro Sindical Nacional do PCdoB

Os delegados do 5º Encontro Sindical do PCdoB, reunidos na cidade do Rio de Janeiro na sua plenária final de 16 de maio de 2013, aprovam, ad referendum do Comitê Central, as seguintes resoluções:

1. Orientar os comunistas que atuam na frente sindical a se empenhar com afinco em todas as etapas do 13º Congresso do PCdoB;

2. Aprovar o documento de Balanço e Novas Tarefas para a Atuação dos Comunistas na Frente Sindical, bem como o documento de Avanço da Estruturação do Partido entre os Trabalhadores;

3. Contribuir para o fortalecimento da CTB, com base na unidade em torno do programa e no pluralismo de sua composição, intensificando o processo de filiação de novas entidades à Central, participar ativamente dos congressos estaduais e do seu 3º Congresso Nacional;

4. Renovar e adequar os métodos de orientação política e sindical para os comunistas que militam em entidades sindicais filiadas a outras centrais sindicais;

5. Ampliar a atuação dos comunistas sindicalistas do PCdoB no sindicalismo internacional, em especial no ESNA – Encontro Sindical Nossa América e na Federação Sindical Mundial – FSM, bem como nas UIS, ramos de categorias da FSM;

6. Fortalecer a presença dos comunistas no movimento sindical brasileiro e acumular forças para disputar a sua hegemonia, participando das mais diversas entidades de trabalhadores em composição unitárias;

7. Desenvolver trabalho conjunto e em harmonia com as secretarias nacionais de Movimentos Sociais, da Mulher, de Organização, de Formação e de Juventude;

8. Reforçar e atualizar a política de quadros do PCdoB e desenvolver uma política de acompanhamento dos 300 quadros já cadastrados pela Secretaria Sindical Nacional;

9. Intensificar a política de incorporação de jovens e mulheres comunistas na frente sindical e no Partido, fortalecendo a política de renovação das direções sindicais;

10. Consolidar as frações sindicais nacionais já constituídas e acompanhadas pela SSN/CC bem como constituir as das demais categorias onde os comunistas atuam, construindo ainda organizações de base dos comunistas por locais de trabalho, em especial nas grandes e estratégicas empresas, além de contribuir na construção dos núcleos sindicais de base da CTB;

11. Reforçar a campanha que a Secretaria Nacional de Finanças do CC esta realizando da contribuição financeira militante, em especial com os camaradas que participam de governos, com os parlamentares e dirigentes sindicais;

12. Dar atenção especial ao sindicalismo dos trabalhadores rurais e dos servidores públicos onde o Partido e a CTB tem tido grande crescimento. Envidar esforço especial para constituir as Frações Nacionais dos comunistas que atuam nas direções das respectivas entidades.