Que a chanceler alemã Angela Merkel e o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, são dos políticos mais odiados em Portugal e na Grécia, tornou-se claro para mim na última visita a Portugal em Julho de 2012. Mas, na verdade, isso não me surpreende.

Mas qual é a razão para que Angela Merkel e o seu partido democrata-cristão CDU/CSU estejam com resultados positivos em todas as sondagens? De acordo com o barómetro político do segundo canal público alemão (ZDF) de dezembro, os alemães responderam de seguinte maneira à pergunta “quem é que escolheria se as eleições fossem amanhã?”

CDU/CSU (Democratas-cristãos)

40 %

SPD (Social-democratas)

30 %

GRÜNE (Verdes)

13 %

FDP (Liberais)

4 %

DIE LINKE (A Esquerda)

7 %

PIRATEN (Piratas)

3 %

Sonstige (Outros)

3 %

Nos índices de popularidade, a relação entre Angela Merkel e o candidato do SPD, Peer Steinbrück, seu principal adversário, a questão torna-se ainda mais clara, quando confrontados com a pergunta “quem é que preferia como chanceler?”

Merkel

54 %

Steinbrück

36 %

Ainda na mesma sondagem, uma clara maioria tinha a opinião, que uma possível coligação maioritária, entre SPD e Verdes, como acontecera entre 1998 e 2005, não se bateria por mais justiça social, nem por reposição de direitos perdidos.

No entanto, ainda faltam alguns meses para as eleições e ainda muita coisa se pode mudar na Alemanha. A coligação de Merkel entre os partidos burgueses tradicionais, a CDU/CSU e a FDP, é a coligação de sonho do grande capital. Devido à impopularidade atual da FDP, que em 2009 obtivera 15% dos votos e agora se arrisca a não conseguir passar da barreira dos 5%, e assim voar fora do Parlamento, esta coligação perdeu o apoio da maioria da população. Mas diferentemente, de 1998, em que as pessoas não revalidaram a continuidade da maioria CDU/CSU/FDP dirigida por Helmut Kohl, não se sente na Alemanha uma vontade de mudança semelhante, que diga: “Merkel Rua!”

São os alemães estúpidos? Porque é que uma dirigente tão medíocre como Angela Merkel, cuja política está a causar enormes danos e catástrofes sociais na Europa do Sul, está tão bem cotada nas pesquisas de opinião no seu país?

O facto é que a crise capitalista na Alemanha, tem tido efeitos muito menores que nos países do Sul da Europa. O desemprego oficial está com valores baixos, rondando os 6,5%, a indústria alemã modernizou-se nos últimos anos e aumentou a sua rentabilidade e os seus excedentes para a exportação, principalmente com o aparecimento de um novo setor laboral assente em baixos salários. O que o Kaiser Wilhelm, na Primeira Guerra Mundial, e o ditador nazi Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial, não conseguiram através da violência, o capital alemão está agora a conseguir fazê-lo com meios pacíficos: reforçar a posição de mercado das empresas alemãs e o predomínio da Alemanha na Europa. O país não tem só exportado milhões de automóveis, maquinaria pesada e produtos químicos, mas também feito reformas como “reforma aos 67”, redução maciça das pensões, restrições aos crédito, e aplicado medidas de austeridade devastadoras com a privatização dos principais serviços públicos.

A classe dominante alemã e a sua líder Angela Merkel, comportam-se na Europa como um elefante dentro de uma loja de porcelana, pisando conquistas sociais e direitos sindicais e impondo “reformas”, que mais não são que políticas de austeridade e de empobrecimento em massa. No seu próprio país, até agora, têm sido um pouco mais cautelosos. Ataques afiados e brutais a sindicatos ao nível da Grécia, Espanha e Portugal, têm sido evitados. É óbvio que a tão poucos meses das eleições, a classe dominante alemã e os seus líderes políticos não querem deitar gasolina para a fogueira, provocando protestos de massas. Preferem, sim, privilegiar o “modelo de co-participação alemão” e a “concertação social”. Ao invés de atacar e afrontar frontalmente os sindicatos para os enfraquecer e provocar, preferem ter os seus líderes no seu barco, deixando-os participar conjuntamente na desvalorização do fator trabalho (ainda muito suave na Alemanha).

Assim, pertence ao balanço do governo Merkel desde 2009, a recusa de um ataque direto aos sindicatos e a reduções radicais dos direitos do trabalhador. Após o desastre nuclear japonês em Fukushima, Merkel pôs em marcha a eliminação progressiva da energia nuclear – uma reivindicação que “Os Verdes” têm desde a década de 80. Para o deleite de muitos jovens, Merkel suspendeu o serviço militar obrigatório. Em 2013, está previsto o aumento das pensões de 3% no Leste e de 1% no Ocidente. As taxas moderadoras de 10 euros, impostas pelo Governo SPD/Verdes em 2005, foram igualmente suspensas, com o apoio de todas as bancadas parlamentares. Satisfazendo assim uma velha reivindicação da esquerda alemã.

Em suma: Merkel tenta manter a todo o custo a sua popularidade em alta nas sondagens. Alguns círculos da direita conservadora acusam a CDU/CSU de estar num processo de social-democracatização. Mas antes das eleições, todos lhe são leais e Merkel é a única figura incontestável no seu partido. Tendo levado a melhor sobre todos os rivais dentro do partido, que a poderiam pôr e causa.´

A Alemanha não é um mundo ideal

Esta boa impressão momentânea não nos deve convencer, e levar-nos a cair na falácia, de que um mundo ideal prevalece na Alemanha. Na Alemanha reunificada capitalista, há cada vez mais desigualdade – entre classes e regiões. A desindustrialização do leste, resultou numa forte migração de jovens qualificados para o Oeste. Os Neonazis têm aproveitado a desmoralização da população mais envelhecida do Leste, sem qualquer perspetiva de vida ou emprego, para aumentar o seu enraizamento. No entanto, também no Oeste existem migração laboral – do norte para o sul, do campo para a cidade. Enquanto a zona rural está cada vez despovoada, com um enorme quantidade de casas abandonadas, nas cidades grandes do sul, faltam apartamentos a preços acessíveis.

A pressão sobre os salários e as conquistas sociais é hoje mais percetível. A Alemanha é o país industrializado do mundo ocidental, a par dos Estados Unidos, com o índice mais elevado de precarização no setor dos serviços. Mais de um terço de todos os postos de trabalho é “trabalho atípico” – 1 milhão de trabalhadores temporários: empregos a 400 euros, contratos de tempo parcial, temporário, auto-emprego, McJobs, estágio não remunerados, etc. Esta liberalização e a precariedade no mercado de trabalho é, acima de tudo, um legado do governo de coligação do SPD e dos Verdes, 1998-2005. O fosso entre ricos e pobres aumentou maciçamente. A uma riqueza acumulada de 7,5 biliões de euros corresponde uma dívida pública de 2,2 biliões de euros. A décima parte mais rica da população detém 4,8 biliões de euros. Dez por centro dos pobres detém uma dívida de 14,4 biliões de euros.

Também a recessão internacional e a crise de superprodução bateram à porta. O boom da indústria automóvel terminou. O trabalho a curto prazo está a ganhar terreno. A fábrica da Opel em Bochum, agora com 50 anos de idade, deve fechar em 2016. Um desastre para a área de Ruhr, que é cada vez mais um dormitório. Confrontados com esta situação, muitos empresários e líderes sindicais do IG METAL e IG Bergbau, Chemie e Energie, têm aceitado subsídios governamentais para aumentar o número de trabalhadores com contratos temporários para evitar despedimentos em massa nas fábricas. A postura da ação sindical tem privilegiado a negociação, na expetativa de alcançar melhores condições, tem levado a que os protestos contra o governo Merkel sejam residuais.

Assim, a liderança do IG METAL, manteve-se à margem dos protestos e das iniciativas que propunham um imposto sobre as grandes fortunas e uma distribuição mais justa da riqueza (“UmFAIRteilen”) em setembro passado, tendo tido a mesma atitude para com as ações de solidariedade com a greve geral no Sul da Europa a 14 de novembro de 2012. Embora tivesse havido manifestações locais de solidariedade em muitas cidades, a preparação e a mobilização para as mesmas, foi muito reduzida por parte dos sindicatos. Para muitos, a situação catastrófica do Sul da Europa ainda é uma realidade muito longínqua.

Todo este cenário pode parecer bastante obscuro, mas também existem vários exemplos de insatisfação com a atual situação social. Apenas alguns exemplos:

Após vinte anos de ofensiva neoliberal, a consciência popular é amplamente contra a privatização. Nos últimos dez anos, houve pelo menos cinco referendos locais e regionais bem-sucedidos contra privatizações hospitalares.

Sempre que grupos de trabalhadores e de empregados lutaram – quando o aparelho sindical não os consegue parar – têm alcançado vitórias. Como são exemplo as lutas dos trabalhadores contra os despedimentos na empresa de embalagens de Hamburgo, do grande cinema Cinestar em Mainz e Frankfurt ou resistência na empresa de água mineral de novo Selters, uma subsidiária do Grupo Nestlé, só para citar alguns exemplos.

A 11 de dezembro de 2012, 3 mil trabalhadores dos serviços em terra de aeroportos europeus manifestaram-se em frente ao Parlamento Europeu em Estrasburgo contra uma diretiva da Comissão Europeia para a crescente liberalização do trabalho. Metade deles vieram do Aeroporto de Frankfurt. Neste setor, os salários caíram 20% nos últimos 20 anos. A pressão foi eficaz: o Parlamento Europeu rejeitou a iniciativa da Comissão Europeia – pelo menos por enquanto. Uma vitória para sindicatos que demonstra que a pressão de baixo para cima vale a pena.

A classe dominante na Alemanha detém, relativamente bem, a situação sob controlo, privilegiando a negociação na perspetiva de “dividir para reinar”, fazendo com as lutas e as reivindicações sejam setoriais e isoladas. A massificação das lutas, ainda não ocorre atualmente – ao contrário do que se passou em junho de 1996 ou em abril de 2004, onde um milhão de pessoas participaram em protestos sindicais contra as políticas governamentais. Em 1996, a redução do subsídio de doença, mobilizou as massas, que se manifestaram com protestos e greves espontâneas em toda a República, mas isso só foi possível, porque a medida afetou todos por igual.

Muitas cidades e municípios alemães já se confrontam com as “normas gregas”. Estão altamente endividados e financeiramente arruinados, estando sobre a supervisão das autoridades comunais, que exige o mesmo que nos países do Sul da Europa: cortes e privatizações. No entanto, o processo é ligeiramente diferente, em relação ao Sul da Europa. As condições são mais estáveis e o governo federal cede e flexibiliza as condições mais facilmente. Mas isso também vai mudar, a questão é quando, o que explica uma certa impaciência e frustração inadequada da esquerda. Não vale a pena tentar estimular artificialmente as lutas de classe e os movimentos sociais, mas sim preparamos-nos politicamente e de forma organizada para os inevitáveis conflitos e explosões sociais.

Para além das eleições federais em 2013, ocorrerem importantes eleições regionais, Baixa Saxónia (janeiro), Baviera (setembro) e Hessen (novembro). O que despertará muita atenção e energia, e talvez alguma distração – sob o mote “escolher e esperar que seja melhor”.

A tendência nas sondagens, demonstra que a CDU não andará de sucesso em sucesso, várias derrotas previsíveis em Hamburgo, Schleswig-Holstein, Baden-Württemberg, ameaçam a maioria CDU/FDP.

Mas, nas eleições parlamentares, coloca-se a pergunta, existe uma alternativa real a Merkel?

SPD

Merkel apresenta-se como a “dama de ferro”, representando os “interesses alemães” – os interesses do capital alemão – que têm a Europa sob controlo. A sua oposição direta, o social-democrata SPD, tem uma visão essencialmente idêntica em matéria europeia e de política externa, tendo-a apoiado em praticamente todas as decisões políticas. O candidato do SPD, Peer Steinbrück, é de direita, neo-liberal de inspiração social-democrata, e um claro apparatchik. Foi ministro das Finanças de Angela Merkel durante a “grande coligação” 2005-09. O seu caminho para candidato do SPD continua ofuscado pelo facto de obter “rendimentos extra” como palestrante em iniciativas da banca alemã desde 2009, chegando a cobrar até 25.000 euros por sessão.

Steinbrück simboliza as reformas aos 67 e a redução significativa das pensões, o aumento do IVA de 16 a 19 por cento e a pior derrota do SPD da sua história desde o pós-Guerra, nas eleições de 2009, tendo obtido apenas 23 por cento dos votos. Estando desde então, a nível federal na oposição.

Apostados na amnésia popular, esperam aumentar a votação em relação a 2009 e poderão vir a ter a hipótese de fazer parte do próximo governo federal. É de realçar que entretanto Steinbrück se tem esforçado em aprender a retórica da justiça social. Coisa que na prática não fez durante a sua estadia no governo, entre 1998 e 2009. Mas de autocrítica não se ouviu falar.

Verdes e FDP

Os Verdes, estão atualmente de muito melhor humor que o SPD. A festa permanente, do antigo Partido Verde rebelde com muitos ex-maoístas da década de 1980, acabou, tendo-se transformado numa partido de esquerda-liberal. Os Verdes são neste momento o partido com os apoiantes mais bem colocados na sociedade. Os ativistas estudantis anos 70 e inícios de 80 são agora professores, professores universitários, advogados, médicos, altos funcionários do Estado e eco-capitalistas. Eco-liberais “modernos” que arrumaram os velhos “burgueses” liberais do FDP no canto da cena política. Conciliando a defesa da política burguesa e a retórica progressista, não apresentando nenhuma alternativa de esquerda consequente.

Depois do pico dos 15% em 2009, após entrada no governo, o FDP entrou em queda livre. Hoje, vive com o medo de não passar a barreira dos cinco por cento e ficar fora do próximo Parlamento. Mas como pequeno partido do grande capital, obterá novamente chorudas doações para chegarem milagrosamente aos 5%.

Partido Pirata

Por sua vez, o Partido Pirata, também luta por um lugar no “reservoir” do liberalismo alemão, considerando-se social-liberais. Em 2011 e 2012, conseguiram de forma surpreendente eleger deputados para os parlamentos estaduais, no entanto não podem ser considerados uma alternativa para socialistas, sendo de referir que entretanto têm desiludido as pessoas e perdido o brilho inicial.

Die Linke

No ano de 2012, o partido passou por uma crise. Embora tivesse consensualizado um programa político no Congresso de Erfurt por ampla maioria em Outubro de 2011, onde o Die Linke se descreve como partido do socialismo democrático, que visa superar o capitalismo. Mesmo assim, a crise não se resolveu. Nas pesquisas de opinião, passou de dez para cinco por cento. Alguns começaram a especular sobre uma cisão Este-Leste ou esquerda-direita. Mas isso não aconteceu.

Em contraste com outros partidos da esquerda europeia, comunistas e ex-comunistas, o Die Linke tem uma história muito própria e especial. Formou-se em 2007 a partir de uma fusão entre o PDS do Leste e o WASG (Aliança para a justiça social e laboral) da Alemanha Ocidental.

O PDS tem as suas raízes nas ruínas do antigo partido – único da RDA, o SED, que se desintegrou. Rompeu com o estalinismo e construiu a sua base social de apoio na Alemanha Oriental, antiga RDA, destacando-se no enraizamento no trabalho local. Tem um potencial eleitoral de 20%, tendo passado os 30% em alguns Landers nas regionais e nas legislativas de 2009.

No ocidente, o PDS, ficou até 2005, como partido de 1%  – salvo algumas exceções locais. Na Alemanha Ocidental, ex-RFA, não existia nenhum partido relevante à esquerda da social-democracia desde 1956. O DKP (Partido Comunista Alemão) até 1990 nunca passou os 0,5 por cento em eleições nacionais. O PDS sofreu uma pesada derrota nas eleições legislativas em 2002, não passando dos 4%.

A situação altera-se em 2005, em reação aos cortes nas políticas sociais, do governo SPD/Verdes do Chanceler Gerhard Schröder, dá-se uma cisão através da WASG no Ocidente, onde participaram muitos sindicalistas do SPD.

WASG e o PDS primeiramente não queriam saber si e olhavam-se de forma suspeita. Mas, a antecipação das eleições para o Bundestag em 2005 obrigou-os a cooperar. O antigo presidente do SPD Oskar Lafontaine, que renunciou em 1999, em protesto contra o desvio de direita do governo do Chanceler do SPD Schröder, em 2005, rompeu definitivamente com o SPD e desempenhou um papel determinante. Lafontaine pediu uma fusão do PDS e da WASG imediatamente após o anúncio de novas eleições em 2005, e disponibilizou-se para líder do novo partido. E assim foi. Nas eleições para o Bundestag em 2005, as listas unitárias obtiveram um resultado geral de 8,7% e 5% no Ocidente. Em 2007 dá-se a fusão, surgindo assim o Die Linke. Assim, passados 50 anos, voltou a existir um partido à esquerda da social-democracia de toda a Alemanha.

Com a energia inicial, o Die Linke conseguiu ser eleito em sete de dez parlamentos regionais (conseguindo passar sucessivamente a clausula barreira de 5%). Conseguiram igualmente eleger vereadores e deputados municipais. O ponto alto foi atingido nas eleições do Bundestag em 2009, conseguindo 11,9% e 76 lugares. Praticamente metade do resultado do SPD, que com 23% atingiu o seu pior resultado de sempre.

No interior do Die Linke, algumas pessoas afirmam, com alguma razão: “As nossas ações estavam sobrevalorizadas em 2009”.  Faça-se uma comparação das adesões: O SPD tem cerca de um milhão de aderentes, o Die Linke tem, nas melhores das hipóteses, 70 000.

Em jeito de auto-crítica devemos determinar que o Die Linke não tem consistentemente usado sua presença nos parlamentos, no oeste, para reconstruir as estruturas do partido. Não existiu nenhum trabalho de formação socialista abrangente. Em muitos casos promoveu-se o carreirismo. A luta por lugares agravou-se com veemência, tendo desencadeado hostilidades.

Em muitos casos, as diferenças de conteúdo político tornaram-se laterais. Vários grupos locais no Ocidente dividiram-se. Até agora – no período que antecede as eleições – há novamente duras guerras internas, principalmente para a listas do Bundestag. Em parte, a referência do partido, os sindicatos, bem como um internacionalismo essencial estão em falta.

A participação em governos tem contribuído para avivados debates internos nos últimos anos. Em três Landers Orientais (Berlim, Brandenburg e Mecklenburg-Verpommern), o partido é membro minoritário do SDP e Verdes em governos estaduais. Uma boa parte da base olha de forma crítica para as concessões ao SPD.

No entanto, a possibilidade do Die Linke entrar no governo federal em 2013 é impossível. As diferenças em matéria de política externa, militar e Europa, são como sempre enormes. O Die Linke tem sido o único partido que tem combatido eficazmente, no Bundestag, a participar militar estrangeira, as políticas de austeridades impostas na Europa e os cortes nas políticas sociais. Defende a nacionalização da banca, sob controlo democrático. São pontos centrais da intervenção do partido, pelas quais vale a pena lutar.

O Die Linke é necessário, não como partido minoritário do SPD e dos Verdes, não como partido meramente parlamentar, mas como polo socialista contra-hegemónico e alternativa de poder. A Alemanha não poderá evitar por muito mais tempo os efeitos da crise europeia. Esperam-nos conflitos e lutas de classes. Para isso temos que nos preparar, de forma paciente privilegiando o enraizamento nos movimentos sindicais e sociais.

Hans-Gerd Öfinger é membro do Die Linke e jornalista do diário socialista Neues Deutschland
tradução de Fabian Figueiredo para a Esquerda.net
Artigo originalmente publicado n’A Comuna