As aquarelas

 


Não penso azul, nem verde, nem vermelho,
nenhuma cor vejo isoladamente:
quero a vida total, como um espelho
a que não falte flor, folha ou semente.

 

 

A natureza, neste abril redondo,
esconde formas, seres, linhas, cores,
aqui e ali bizarramente pondo
manchas involuntárias, multicores.

 

 

Recuso-me a adotar bandeira ou marca.
Nada escolho. O mistério natural
me envolve inteiro. Em tuas aquarelas

 

 

tudo renasce – como quem da barca
do dilúvio, depois do temporal,
visse de novo a terra das janelas…

 

Odylo Costa Filho – Boca da noite