Ricardo Antunes lança “Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II”
Este segundo volume de “Riqueza e miséria do trabalho no Brasil” apresenta um panorama amplo e multifacetado da nova morfologia do trabalho, analisando as distintas terceirizações, as múltiplas precarizações e os vários modos de ser da informalidade que despontam no país, acentuados a partir dos anos 1990, quando se redesenhou a divisão internacional do trabalho. O livro traz estudos aprofundados de vários ramos ou setores econômicos, como petroquímico, metalúrgico, aeronáutico, hoteleiro, educacional e fumageiro, que, em conjunto, permitem uma melhor compreensão da organização do trabalho no Brasil.
Também são apresentadas análises sobre as tendências presentes no capitalismo dos países centrais, que dialogam com o caso brasileiro e servem de contexto para entender os impasses e estratégias das organizações de trabalhadores, como os sindicatos e as ocupações de fábricas.
Fruto de um dos maiores núcleos de pesquisa sobre o trabalho no Brasil, o livro reúne, sob coordenação do sociólogo Ricardo Antunes, a contribuição coletiva de mais de 20 pesquisadores e autores, entre eles Pietro Basso, Sadi Dal Rosso, Graça Druck, Henrique Amorim, Adrian Sotelo, Edilson Gracioli e Geraldo Augusto Pinto, em torno da questão “Para onde vai o mundo do trabalho: as formas diferenciadas da reestruturação produtiva no Brasil”.
Inspirado na formulação de Marx, presente nos Manuscritos econômico-filosóficos, a respeito da relação dialética entre riqueza e miséria no trabalho, o livro aprofunda a investigação empírica em diversos setores da economia brasileira e traça um panorama atual do mundo do trabalho no Brasil, refletindo algumas de suas dimensões essenciais em seu processo de reestruturação contemporâneo.
Os 24 artigos que compõem esta obra são organizados em três partes. Uma primeira estabelece um panorama das diversas modalidades do trabalho na atualidade, com ênfase na inserção do Brasil no cenário global, e lança as bases para uma teoria geral da fenomenologia do trabalho. A hipótese de Ricardo Antunes aqui é de que “a aparente invisibilidade do trabalho é a expressão fenomênica que encobre a real geração de mais-valor em praticamente todas as esferas do mundo laboral nas quais ele possa ser realizado”.
A segunda parte fornece um exame detido dos vários ramos econômicos (petroquímico, metalúrgico, educacional, aeronáutico, hoteleiro, fumageiro e do agronegócio), a fim de melhor compreender os modos diferenciados da produção no Brasil, bem como a nova morfologia do trabalho que vem se configurando.
A terceira e última parte se debruça sobre as tentativas de resistência presentes no cenário social, explorando algumas de suas respostas e desafios, como as cooperativas e os diferentes modos de ação sindical.
Sobre o organizador
Ricardo Antunes é professor titular de sociologia do trabalho na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da coleção Mundo do Trabalho, da Boitempo. Antunes tem publicada extensa obra sobre o tema “trabalho” e é considerado um dos maiores nomes da área na América Latina. Além de Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II, a ser lançado na primeira quinzena de maio, organizou o volume I do mesmo título em 2007 e Infoproletários: a degradação real do trabalho virtual (2009), ambos publicados pela Boitempo. É autor, entre outros, do já clássico Os sentidos do trabalho (Boitempo, 1999) e O continente do labor (Boitempo, 2011).
Sobre os autores
Pietro Basso ensina Teoria Sociológica e é diretor do Master Sull’Immigrazione, na Universidade Ca’ Foscari de Veneza. Suas últimas publicações são: Tempi moderni, orari antichi: l’orario di lavoro a fine secolo (Milão, Franco Angeli, 1998); Razze schiave e razze signore: vecchi e nuovi razzismi (Milão, Franco Angeli, 2000); e Razzismo di Stato: Stati Uniti, Europa, Italia (Milão, Franco Angeli, 2010). Com Fabio Perocco, publicou Immigrazione e trasformazione della società (Milão, Franco Angeli, 2001) e Gli immigrati in Europa: disegualianze, razzismo, lotte (Milão, Franco Angeli, 2003).
Sadi Dal Rosso é professor do Departamento de Sociologia, da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É autor de A jornada de trabalho na sociedade: o castigo de Prometeu (São Paulo, LTr, 1996) e Mais trabalho! A intensificação do labor na sociedade contemporânea (São Paulo, Boitempo, 2008).
Maria da Graça Druck é professora do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA). Pesquisadora do Centro de Recursos Humanos (CRH/UFBA) e do CNPq. É autora de Terceirização: (des)fordizando a fábrica – um estudo do complexo petroquímica da Bahia (São Paulo/ Salvador, Boitempo/ Edufba, 1999) e coautora de A perda da razão social do trabalho: terceirização e precarização (São Paulo, Boitempo, 2007).
Adrián Sotelo V. é sociólogo, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos, da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (Cela/Unam).
Henrique Amorim é professor de Sociologia do Departamento de Ciências Sociais da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH/Unifesp) e pesquisador do CNPq. É autor de Trabalho imaterial: Marx e o debate contemporâneo (São Paulo, Annablume/ Fapesp, 2009).
Isabella Jinkings é doutora em ciências sociais e faz pós-doutorado no Departamento de Sociologia da Unicamp.
Frederico Lisbôa Romão é professor voluntário do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe. É autor de Na trama da história: o movimento operário de Sergipe (Aracaju, Sindimina, 2000) e Óleo da terra, homens e mulheres da luta: petroleiros de Getúlio a FHC (São Paulo, Expressão Popular, 2009).
Adriano Pereira Santos é professor assistente do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal de Alfenas (ICHL/Unifal). É autor de A usinagem do capital e o desmonte do trabalho: reestruturação produtiva nos anos 1990, o caso da Zanini S.A., de Sertãozinho-SP (São Paulo, Expressão Popular, 2010).
Geraldo Augusto Pinto é doutor em Sociologia pela Unicamp e atualmente leciona na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). É autor de A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo (São Paulo, Expressão Popular, 2007) e A máquina automotiva em suas partes: um estudo das estratégias do capital na indústria de autopeças (São Paulo, Boitempo, 2011).
Stela Cristina de Godói é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Unicamp. É professora substituta do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Marília.
Lívia de Cássia Godói Moraes é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, sob orientação do prof. dr. Jesus Ranieri. É membro do grupo de pesquisas “Para onde vai o mundo do trabalho?”, sob coordenação do prof. dr. Ricardo Antunes, e do grupo de estudos de O capital, de Karl Marx, sob coordenação do prof. dr. Jesus Ranieri.
Aparecida Neri de Souza é socióloga, professora de Sociologia da Educação no Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Educação da Unicamp. É coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação e Diferenciação Sociocultural (Gepedisc/Unicamp) e do Acordo de Cooperação Científica Internacional Capes/Cofecub “Organização e condições do trabalho moderno: emprego, desemprego e precarização do trabalho”.
Sérgio Antunes de Almeida é mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pesquisador do Grupo de Estudos sobre Novas Tecnologias e Trabalho (GENTT-UEL).
Simone Wolff é docente do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UEL. É doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Novas Tecnologias e Trabalho (GENTT-UEL).
Andreia Farina de Faria é mestre em Sociologia pela Unesp de Araraquara. É pesquisadora do GPTES. Fabiane Santana Previtalli é docente do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Euda Kaliani é professora-adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Marcos Acácio Neli é graduado em Ciências Sociais pela UEL, mestre em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Unesp de Araraquara. Vera Lúcia Navarro é professora livre-docente de Sociologia no Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP) e autora de Trabalho e trabalhadores do calçado (São Paulo, Expressão Popular, 2006).
Juliana Biondi Guanais é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp) e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). É pesquisadora do Centro de Estudos Rurais (Ceres/Unicamp).
António Thomaz Júnior é professor dos cursos de graduação e de pós-graduação de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/Unesp), em Presidente Prudente. É pesquisador do programa de produtividade em pesquisa (PQ/CNPq) e coordenador do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/Unesp).
Elísio Estanque é pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Andreia Galvão é professora do Departamento de Ciência Política da Unicamp e pesquisadora do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx-IFCH/Unicamp).
Edilson José Gracioli é professor do Instituto de Ciências Sociais da UFU. É autor de Privatização da CSN: da luta de classes à parceria (São Paulo, Expressão Popular, 2007) e Um caldeirão chamado CSN: resistência operária e violência militar na greve em 1988 (Uberlândia, Edufu, 2009).
Jair Batista da Silva é Professor do Departamento de Sociologia, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Pesquisador do Centro de Recursos Humanos (CRH) da Universidade Federal da Bahia.
Filipe Raslan é doutorando em Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp).
(*) Com informações da Boitempo Editorial