Ex-presidente de Portugal diz concordar com Dilma sobre restrições a políticas de austeridade
Lisboa – A presidenta Dilma Rousseff se encontrou na manhã de hoje (10) com o ex-presidente da República de Portugal Mário Soares. O político, de 88 anos, disse concordar com a presidenta brasileira sobre as restrições às políticas econômicas de austeridade no momento da crise econômica internacional.
“Somos camaradas, temos um pensamento muito próximo. Somos ambos de esquerda e temos um pensamento muito claro do que se passa e concordamos praticamente em tudo. Sou contra as políticas de austeridade como toda gente de esquerda tem que ser”, destacou o ex-presidente, após dizer que a conversa com Dilma foi “amena e simpática” e que ficou “encantado”.
Segundo Mário Soares, a crise na Europa tende a acabar “na medida em que a Alemanha [principal economia do continente] percebe que também vai entrar em crise se não acabar a austeridade”, disse ao se referir à queda das exportações germânicas para países do Sul da Europa.
O político aproveitou a presença de jornalistas brasileiros e portugueses no hall do Hotel Ritz, onde está hospedada a presidenta Dilma, para criticar o governo de Pedro Passos Coelho (primeiro-ministro portuguese) e a Troika (formada pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). “A Troika fala demais, mas o pior é a subserviência do governo português.”
Portugal está em recessão há quase três anos, e os portugueses têm especial interesse por investimentos brasileiros no programa de privatização das estatais. Há expectativa de que no segundo semestre seja retomada a venda da companhia aérea TAP e que o governo anuncie a venda dos correios, de uma companhia fornecedora de água e de um estaleiro.
A imprensa em Portugal diz que a privatização portuguesa estará na pauta do encontro de Dilma Rousseff com Pedro Passos Coelho no final da tarde.
Também de tarde, a presidenta brasileira se reúne com o presidente Aníbal Cavaco Silva. De noite, Dilma participa com ele da entrega do Prêmio Camões ao escritor moçambicano Mia Couto e de jantar no Palácio Nacional de Queluz.