“José Bonifácio não é mais uma pessoa da minha família, é um cidadão da pátria, é um cidadão do mundo”. Assim o subprocurador-geral da República José Bonifácio Borges de Andrada, em nome da família de José Bonifácio, agradeceu a homenagem realizada pelo Senado Federal, proposta pelo Senador Inácio Arruda, PCdoB/CE, nesta quinta-feira, 13 de junho de 2013, por ocasião dos 250 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva.

A sessão especial foi aberta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que sublinhou José Bonifácio como referência na formação da nacionalidade brasileira. Calheiros também destacou o papel atual das ideias de José Bonifácio e seu trabalho na Assembleia Nacional Constituinte do Império, onde, já naquela época propôs educação básica universal, reforma agrária, proteção dos índios e abolição da escravatura.

O autor do requerimento da sessão especial de homenagem ao Patriarca da Independência, Senador Inácio Arruda, discorreu sobre a biografia de José Bonifácio, desde que, no final de 1819, desembarcou em Santos, após 37 anos na Europa, onde adquiriu conhecimento nas áreas da ciência e da política.

Como forma de destacar a brasilidade e visão ampla de José Bonifácio, o Senador Inácio Arruda contou que “ao contrário do preconceito que muitos brasileiros até hoje têm do próprio Brasil, esse cosmopolita, aos 56 anos, dançou o lundu”, neste gênero criado a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos de Angola e de ritmos portugueses.

Entre as características de Bonifácio, o Senador destacou o homem inquieto e estudioso (estudou Direito, Filosofia Natural, Botânica, Matemática, Mineralogia, Montanhística, Química aplicada, Metalurgia e Legislação das Minas). José Bonifácio também foi um grande ecologista, numa época que esta palavra ainda não constava em qualquer dicionário da língua portuguesa.

Nas palavras de Inácio Arruda, é necessário levar em conta as indicações de José Bonifácio enquanto estrategista, estadista e chanceler preocupado com a unidade nacional e defesa do país, como forma de enfrentar as tarefas e desafios atuais.

Como um visionário, Bonifácio apontava que o Brasil precisava livrar-se do domínio colonial, pensamento que ele defendia, na luta pela Independência e construção da nação. “Era homem de teoria e de prática, de pensamento e ação”, assegurou Inácio Arruda, que também deu realce às palavras do Patriarca da Independência: “O Brasil é uma nação, e tomará o seu lugar como tal, sem esperar ou solicitar o reconhecimento das outras potências”.

Além de indigenista, José Bonifácio foi o precursor do abolicionismo. Para ele, “o mulato deve ser a raça mais ativa e empreendedora, pois reúne a vivacidade impetuosa e a robustez do negro com a mobilidade e sensibilidade do europeu”. Defendia o fim do tráfico e a emancipação sucessiva dos cativos, “nunca o Brasil firmará a sua independência nacional e segurará e defenderá a sua liberal constituição”.

Ao fim de seu discurso, o Senador lembrou que “José Bonifácio é um desses homens que se elevam como dos melhores de seu tempo. Ao homenagearmos sua figura histórica, aprendemos com seu exemplo e, enriquecidos com suas lições, continuamos a sua obra de construir um projeto de autonomia nacional que consolide um Brasil forte, soberano, próspero, socialmente justo”.

Representando a Fundação Maurício Grabois, estiveram presentes à sessão especial o dirigente Ronaldo Carmona e Pedro de Oliveira.

“Neste dia que completa 250 anos do nascimento de José Bonifácio, o Senado Federal, por iniciativa do Senador Inácio Arruda faz esta importante homenagem a este que foi um dos mais importantes articuladores e líderes da nossa independência”, destacou Pedro de Oliveira. Ele fez questão de lembrar que “a grande maioria dos países coloniais, só se livraram do domínio do império depois da segunda grande guerra, a partir de 1945. O Brasil foi um dos pioneiros nesta tarefa civilizatória e José Bonifácio teve papel destacado pra isso”.

Leia a íntegra do discurso do Senador Inácio Arruda.

De Brasília