As cidades brasileiras estão redescobrindo o Bus Rapid Transit (BRT), sistema de ônibus de alta capacidade, criado e implementado em Curitiba (PR), exportado com sucesso para diversas cidades da Europa e dos Estados Unidos e, agora, com projetos em mais de cem cidades brasileiras. Espécie de metrô de superfície e sobre rodas, o BRT chega a transportar até 90 mil passageiros por hora, de forma rápida, devido às características do sistema de embarque e desembarque em nível.

Segundo a Associação Nacional dos Transportes Urbanos, já existem assegurados R$ 12,5 bilhões para 15 sistemas de BRTs em 29 cidades brasileiras, entre elas Manaus (AM), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Rio de Janeiro, cidade onde estão os maiores projetos, orçados em R$ 7,1 bilhões, entre eles uma linha expressa que irá ligar a Baixada Fluminense ao centro da cidade. “O BRT consegue tirar os ônibus dos congestionamentos, permitindo que eles cumpram suas rotas em um tempo menor, permitindo aumento da frequência com menos veículos”, analisa Luis Antonio Lindau, diretor-presidente da Embarq Brasil, unidade brasileira de uma organização internacional especializada em estudos sobre mobilidade urbana.

Para que o sistema cumpra sua função, no entanto, é necessário que o sistema seja mais do que um corredor de ônibus isolado no planejamento da cidade. “O BRT é um sistema troncalizador, que precisa ser alimentado por outras linhas, caso contrário perde o sentido”, afirma Marcos Bicalho, diretor-executivo da NTU. Além disso, o gerenciamento deve deixar de fora dos corredores outros veículos, como ambulância ou taxis.

Segundo pesquisas da NTU, o BRT Expresso Tiradentes, implementado na zona norte de São Paulo, consegue alcançar uma velocidade média de 37 quilômetros por hora, com uma redução de consumo de combustível da ordem de 50%, e de 60% nas emissões de poluentes. O tempo de viagem chega a cair entre 30% e 40%.

“Para gerar resultados, o sistema deve funcionar com pagamento das passagens fora do ônibus, ter estações de embarque e desembarque fechadas, piso em nível, e portas mais largas, semelhantes às do metrô”, explica Bicalho. Além desses fatores, que dão agilidade no embarque, o BRT precisa de sistemas operacionais centralizados, para gerenciamento do fluxo de veículos, e comunicação aos usuários.

O secretário-executivo da NTU acredita que essa solução seja a mais adequada para a urgência que o quadro brasileiro de mobilidade urbana requer. “A tecnologia dos sistemas por ônibus no Brasil é totalmente dominada, e a indústria brasileira tem excelência na produção, exportando para diversos continentes os sistemas desenvolvidos aqui”, conta.

O sistema de BRT já roda em 145 cidades do mundo, transportando 22,5 milhões de passageiros. Entre metrô e BRT, Bicalho afirma que a opção é política. Para implantar 10 quilômetros do sistema e transportar 150 mil passageiros /dia, o custo por quilômetro de metrô sai a R$ 201 milhões, ante R$ 11 milhões no BRT. Em relação ao prazo, estima-se em metade do tempo para a construção do BRT.

Autor(es): Por Carmen Lígia Torres | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico – 24/06/2013