Quando o povo vem se pronunciar, significa um tempo novo
A atividade reuniu militantes distritais e sindicais para debater as manifestações e os seus desdobramentos na política nacional. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios aconteceram 438 manifestações nos últimos 20 dias, e não somente nas cidades grandes, mas nas médias e pequenas.
Para Renato Rabelo, as manifestações estimulam o povo a se posicionar, “porque problema é o que não falta. É nesse momento, nessas manifestações que a gente vê de forma bem nítida as reivindicações do povo”.
O dirigente nacional reiterou que não basta só ouvir, mas dentro das possibilidades e das alianças, é necessário atender os anseios do povo. Ele também desmentiu a campanha da grande imprensa que quer minimizar as realizações dos governos Lula e do atual mandato da presidenta Dilma.
“Esses dez anos de governo Lula e Dilma se conseguiu grandes conquistas e, basicamente preferiu enfrentar o combate à pobreza. O caráter desse governo, sobretudo o de Lula, foi enfrentar o problema da fome. A redução dessa pobreza foi um passo significativo”, reafirmou Renato.
Além do combate à pobreza, outras questões chaves que foram desenvolvidas com forte caráter progressista nos últimos anos e apresentadas por Rabelo foram a questão da democracia, soberania nacional, integração com solidariedade na América do Sul e o fato do Brasil ser mais independente e respeitado no cenário mundial.
Apesar dessas conquistas, para Renato, “quando o povo vem se pronunciar, significa um tempo novo e precisamos compreender que as mudanças mais profundas só acontecerão com mobilização popular”.
Desafios à frente
Depois de fazer um breve balanço sobre os últimos anos, o presidente nacional foi claro e contundente: “a medida que a gente chega a outro patamar político, as exigências se transformam”.
Para dar resposta às essas exigências, Rabelo defendeu durante a reunião com a presidenta Dilma e outros nove partidos as reformas estruturais que fazem parte do programa nacional do PCdoB e que há quatro anos são apresentadas pelos comunistas. “O nosso programa é para valer. Nós não temos programa engavetado”, enfatizou.
“As reformas estruturais apontadas em nosso programa é a concretização do projeto de desenvolvimento que é o caminho para rumar ao socialismo”, defendeu.
De acordo com Renato, os cinco pactos apresentados pela presidência da república segue a linha das reformas estruturais. Contudo, entre elas, a urbana e a política estão na ordem do dia.
“A reforma urbana é uma ação integrada de enfrentar os problemas das cidades, não só o problema da moradia, mas outros problemas, inclusive de mobilidade urbana, sobretudo nas grandes e médias cidades”, direcionou Rabelo.
Para influenciar no debate da reforma política, o PCdoB conjuntamente com o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido do Socialismo Brasileiro (PSB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) criou um fórum permanente e de caráter consultivo dos partidos políticos de esquerda em defesa da democracia e do plebiscito.
No plebiscito duas questões são essenciais para o PCdoB, o financiamento público e o sistema de representação proporcional em que os partidos apresentarão os seus candidatos em lista e, principalmente, o programa.
“O financiamento público de campanha é central, porque se um partido fica dependente de uma grande empresa, ele vai ter que responder aos interesses dessa empresa e é daí que surge a possibilidade de caixa dois”, argumentou Renato.
O presidente também alertou os militantes sobre o papel da mídia que visa desgastar a imagem da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, para o retorno da direita ao poder.
“Nós não somos ingênuos, a mídia quer jogar o movimento contra a presidenta e estimula os caos, procura focar nos atos de vandalismos para o povo achar que o país está sem comando, porque vê tantos saques e atos de violência”, atentou.
Próximas manifestações
O presidente estadual do PCdoB, Orlando Silva, salientou para a importância de uma visão de conjunto e não somente das manifestações ocorridas nos últimos dias.
“É importante o PCdoB continuar intervindo nos sindicatos, nos movimentos sócias organizados, porque nós somos uma força permanente que busca o socialismo e só atuando permanentemente é que vamos dar eco às vozes das ruas”, disse Orlando.
Jamil Murad, presidente municipal da legenda, convocou todos os militantes para estarem nas ruas no dia 11 de julho. “Precisamos ir às ruas, de forma organizada para fortalecer e influenciar a luta pela reformas estruturantes, caminho para o projeto de desenvolvimento que defendemos”.
Convocado pelas centrais sindicais, entidades estudantis, partidos políticos de esquerda e movimentos sociais organizados de diversas frentes, a manifestação será nos próximos dias dois e 11 de julho, na cidade de São Paulo.
“Nós vamos às ruas, como fomos em vários momentos para pedir para a presidenta Dilma atender as reivindicações da pauta dos trabalhadores, que há quatros anos não tem nenhum item atendido. A pauta vai da redução da jornada de trabalho à defesa do 10% do PIB para educação”, apresentou Onofre Gonçalves, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB- SP).
De São Paulo,
Ana Flávia Marx