O mundo está passando por mudanças significativas: a configuração mundial de poder está em movimento e o Brasil adquiriu status de global player, com relações internacionais mais diversificadas, uma atuação forte no plano internacional e a reivindicação de ter uma poltrona na mesa das decisões. Neste contexto, no entanto, ainda há a falta de espaço para debater estes acontecimentos e a nova inserção do Brasil na política internacional sob um viés geralmente não exposto pela mídia tradicional. Desta necessidade surgiu em maio de 2012 o Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI).

O grupo reúne intelectuais, pesquisadores, ativistas políticos, movimentos e representantes da sociedade civil e quadros de diversos ministérios do governo. Os encontros que o grupo promove sazonalmente dão espaço à reflexão e construção conjunta acerca de temas-chave da atuação internacional do País. Nestes espaços observou-se que a construção das práticas e das posições brasileiras perante o cenário internacional é caracterizada por uma restrição histórica ao Poder Executivo Federal e ao Ministério das Relações Exteriores.

Há um consenso dentro do GR-RI de que a política externa aplicada desde o primeiro governo Lula já caracterizou uma maior abertura ao diálogo interno no tocante a formulação da política exterior que, entre outros aspectos positivos, teve um maior protagonismo e autonomia no plano internacional, e uma ênfase na integração regional e nas parcerias Sul-Sul. Ainda assim, é necessário o debate em torno dos princípios e ações norteadores do desenvolvimento de mecanismos institucionais que possibilitarão voz e participação efetivas da sociedade civil organizada sobre as decisões e iniciativas internacionais brasileiras.

A importância da democratização do processo decisório em política externa surgiu a partir da noção de que o comportamento externo do País deve traduzir suas interações domésticas, ou seja, sendo a política externa a projeção do Brasil no mundo, ela não deve se deter a grupos reduzidos de interesse ou a uma influência passiva da sociedade civil organizada. Ao contrário, o Ministério das Relações Exteriores e o Governo Federal devem desenvolver a política externa em diálogo com os grupos representativos internos, em um espaço integrado de debate e prospecção consolidativa das propostas apresentadas, considerando-a uma política pública, de interesse geral.

É exatamente neste espírito de discussão e proposição que o Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais e a UFABC convidam estudantes, membros de movimentos e organizações sociais, gestores em RI no âmbito descentralizado e a todos os interessados para “Conferência Nacional: 2003 – 2013 uma nova política externa”, que será realizada na UFABC, campus de São Bernardo do Campo de 15 a 18 de julho de 2013.

As análises do Grupo e artigos dos seus membros estão também disponibilizados no blog Brasil no Mundo.