Cerca de mil pessoas se reuniram quinta-feira na sede da Rede Globo em São Paulo, 11 de julho, pelo fim dos monopólios de mídia e por uma mídia mais democrática e transparente. O protesto ocorreu em outras cidades e encerrou o Dia Nacional de Lutas, convocado pelas centrais sindicais.

Os manifestantes começaram a se reunir por volta das 17 horas na Praça General Gentil Falcão. A dificuldade de locomoção para a região atrasou o inicio do ato. Por volta das 19 horas, com o fim das manifestações na Avenida Paulista, a manifestação ganhou corpo e partiu em passeata em direção à sede da Rede Globo.

Os manifestantes denunciavam o cenário de quase monopólio da mídia brasileira. Na TV aberta, a Globo controla 73% das verbas publicitárias, embora tenha 43% da audiência. A Globosat participa de 38 canais de TV por assinatura e tem poder de veto na definição dos canais da NET e da SKY, que juntas controlam 80% do mercado. “A população está cada vez mais consciente de que a mídia brasileira é controlada por poucos que usam a informação por interesse próprio. As ruas percebem que a democratização da mídia é necessária para que exista, de fato, uma democracia” disse Ana Flávia Marques, integrante do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Com faixas, cartazes e palavras de ordem, os manifestantes denunciaram o uso privado desse monopólio da informação por parte da Globo como suporte a interesses políticos contrários aos interesses da população. “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”, cantavam os manifestantes, que durante todo o percurso destacavam a manipulação da informação e a corrupção da rede globo. “Globo mente”, “Globo sonega” gritavam. A ação que mais causou comoção entre os manifestantes pelo seu forte conteúdo simbólico foi a renomeação da ponte Octavio Frias de Oliveira para Jornalista Vladimir Herzog, jornalista morto e torturado pela ditadura militar.

Constrangida após seus estúdios terem sido invadidos por um laser dos manifestantes durante a transmissão do SPTV, a Globo noticiou o protesto como um grupo de cerca de 400 pessoas que protestavam naquele momento. Nitidamente, o protesto era maior. As projeções em laser inscreviam “mente” e “sonega” embaixo da placa do nome da emissora.

Com forte presença de bandeiras de partidos, não se escutou o repúdio a partido e vozes despolitizantes, como observado nas manifestações ocorridas no final do mês passado. “É fundamental a presença dos partidos políticos e dos movimentos sociais nos protestos, a mídia criminaliza estes como forma de esvaziá-los politicamente. A reforma da mídia é fundamental”, comentou a estudante Cindy Ishida.

Publicado em Carta Maior.