Mulheres comunistas se preparam para o 13º Congresso do PCdoB
A secretária da Mulher comunista, Liège Rocha, disse na abertura do evento que a Secretaria e o Fórum Nacional Permanente do PCdoB sobre a emancipação da mulher avaliaram que é importante oficializar a participação das mulheres no processo de Congresso. As Teses do 13º Congresso, disse Liège, foram aprovadas no fim de semana passada e tem como ponto central um exame dos dez anos de governo democrático, iniciados com a posse de Luis Inácio Lula da Silva na Presidência da República.
Ela explicou que o programa do Seminário trata da apresentação das Teses, composta de duas partes — nacional e internacional — e a contextualização do momento no país. No sábado, completou, haverá uma mesa sobre o “nosso caminhar na luta pela emancipação das mulheres e que tem relação com esses dez anos”, disse Liège.
A secretária da Mulher do PCdoB informou também que haverá uma mesa com a ex-ministra Nilcéia Freire, vamos ter a participação de Olgamir Amancia, secretária de Estado da Mulher do Dstrito Federal, e Ana Rocha, secretária municipal da Mulher do Rio de Janeiro. À tarde, continuou Liège, haverá uma mesa sobre a democratização da mídia e a presidente Dilma. “Achamos que nesses processos todos, na própria campanha e agora, precisamos ter um entendimento maior do que significa essa questão da democratização da comunicação”, afirmou.
Reivindicações
Adalberto Monteiro iniciou sua intervenção situando o contexto político no qual o 13º Congresso do Partido foi deflagrado. Ele se estendeu sobre os acontecimentos iniciados de junho, ressaltando que as manifestações, considerando os últimos trinta anos de história, se encaminham para entrar no elenco das grandes mobilizações sociais, com forte impacto político. “Neste traço de tempo, se destacam alguns pontos altos. As campanhas das “Diretas Já!”, em 1984, e a do “Fora, Collor!”, em 1992. Pode ser agregar, também, as greves da virada dos anos 1970 para 1980”, observou.
Foto: Osvaldo Bertolino
As manifestações de junho, disse Adalberto Monteiro, quebraram a rotina dos Palácios, inverteram de cabeça para baixo a ordem do dia do Congresso Nacional e turbinaram seu ritmo lerdo. “Ecoaram mundo afora, pois o auge delas se deu no período da Copa das Confederações. Este corre-corre para atender as reivindicações das ruas, tem um efeito pedagógico imaginável para o povo ter bem nítido o poder de suas mobilizações”, destacou. Segundo ele, as cenas de violência, divulgadas pela grande mídia afrontaram a consciência democrática de milhares. “O fogo encontrou o capim seco e se espalhou com rapidez”, enfatizou.
Adalberto Monteiro lembrou que os apresentadores de TV atuaram como se fossem os generais que dos estúdios estariam a comandar a “rebelião”. “Teria sido divertido se não fosse grotesco, o animador de auditório, Faustão com arremedos de um farroupilha e apresentadora de um programa de receitas e outras amenidades, Ana Maria Braga, com ares de uma Anita Garibaldi”, pilheriou. “A grande mídia que sempre desconheceu ou enlameou as lutas do povo, de uma hora para outra, revelava um oculto amor por elas”, disse ele.
Economia
Mesmo que parcelas dos manifestantes tivessem repudiado esta atitude manipuladora hostilizando as equipes da mídia, “cândidos e cínicos editoriais proclamavam o compromisso com o direito do povo de se manifestar desde é claro que de modo pacífico e ordeiro”, relatou. “Neste particular embora repudiassem os atos de vandalismo, as redes de TV nas suas reportagens davam mais tempo e ênfase, às cenas depredação promovidas por gangues, como as que ocorreram, contra o prédio da Assembleia Legislativa no Rio De Janeiro ou contra o Palácio do Itamaraty, em Brasília. Com claro objetivo, de inculcar no grande público, a imagem de um país desgovernado e sob o império da baderna e da desordem”, detalhou.
Ele também comentou que a crise fechou o cerco sobre o Brasil, o que implica em redução do ritmo de crescimento da sua economia, causando desemprego e provocando uma quebra das expectativas da sociedade, que vinha conquistando direitos. “Este fator externo, obviamente, potencializa, catalisa dinâmicas internas. A péssima qualidade de vida nas cidades que ceifa o sonho do bem estar, da paz, que condena a maioria a um martírio cotidiano: violência, alta índices de criminalidade, falta de moradia e um transporte público desumano, lento e caro”, observou.
Bordões
Adalberto Monteiro também falou dos bordões que apareceram nas passeatas, dizendo que “o povo unido, não precisa de partido”. “A grande mídia, com regozijo, alardeou o fato, e deu cobertura à ação de grupelhos de motivações fascitoides, que nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro agrediram manifestantes tão somente porque portavam bandeiras de seus partidos ou entidades de trabalhadores. Uma violência ostensivamente dirigida contra a esquerda”, pontuou.
Segundo ele, há uma campanha sistemática contra a esquerda, em especial contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o PCdoB. “Uma pressão conservadora acossa persistentemente a sociedade, em especial, a juventude, explora com habilidade as mazelas do atual sistema político para distanciá-la da esquerda, da militância revolucionária”, enfatizou. Adalberto Monteiro encerrou sua intervenção dizendo que o Partido sublinha que a situação que emergiu de junho é uma situação nova, cujo desfecho, a rigor, ocorrerá em 2014, nas eleições presidenciais.
Contenção
Ricardo Alemão Abreu fez uma ampla análise do panorama criado com as denúncias de espionagens internacionais pelo imperialismo norte-americano e pontuou que no fundo da questão está uma ofensiva dos Estados Unidos para conter as mudanças na geopolítica mundial. Para ele, há vários exemplos na América Latina que comprovam a ingerência do regime de Washington na região, com o claro intento de desviar os países que optaram por um rumo progressista dos seus objetivos estratégicos.
Foto: Osvaldo Bertolino
Ele comentou também a conjuntura internacional, marcada pela crise do capitalismo e seus subprodutos, em especial o desemprego, principalmente entre a juventude. Fez considerações também sobre o processo de asfixia a democracia, incensada pela mídia, um segmento atrelado ao poder financeiro, que procuro impor suas políticas sobre a soberania dos Estados. Por outro lado, ressalvou, emerge as lutas populares, as greves, e se ampliam as formas de resistência.