A abertura do 1o. Encontro Nacional de Produção e Gestão Cultural do PCdoB, ocorrida nesta sexta-feira (12), em São Paulo, se permitiu ser um entusiasmado “brainstorm”, uma chuva de ideias, na tentativa de interpretar os significantes culturais que emergiram das mobilizações de juventude no mês de junho.

A formulação de políticas públicas para a cultura e para a juventude, que se espalham pelo país, depende da compreensão deste fenômeno que surgiu das ruas, como um grito que estava latente na juventude. Esta é a percepção e o desafio que os participantes do encontro se propuseram nos debates que prosseguem neste sábado.

Após uma apresentação didática e marcada pela linearidade cronológica do professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, Celso Frederico, o músico Jorge Mautner “desorganizou” a reflexão, com seu discurso pluralista, tropicalista, simultaneista, autofágico, includente e provocativo. Com isso, o compositor causou reações apaixonadas da plateia, que passou a dialogar nos mesmos termos, implodindo um eventual pragmatismo que se pretendia ter nesta primeira mesa, deixando a elaboração formal para o dia seguinte. Durante as intervenções da plateia, houve até quem se expressasse sintetizando suas ideias por meio de um improviso poético.

Mautner vê com otimismo e naturalidade a jornada de manifestações de junho. Para ele, a internet amplifica o caráter antropofágico da cultura brasileira, ao absorver, a sua maneira, o modo como as juventudes de todo o mundo vêem se manifestando. Em sua opinião, os comunistas precisam estar atentos a essa realidade, ouvir com atenção o que têm a dizer e dialogar apropriadamente com esse mistério.