Liège Rocha, que é secretária da Mulher do PCdoB e coordenou as atividades ao longo do dia, destacou que a realização do Fórum se converte em um momento importante de articulação política e integração. Segundo ela, é uma “oportunidade de troca de experiências que é de suma importância para o fluxo do debate político. Não só pelo momento que vive a América Latina, mas também pelo posicionamento desta região frente à conjuntura mundial, que sofre com a grave crise do capitalismo em curso hoje no mundo.”

“Em relação à realização do 2º Encontro de Mulheres, a dirigente comunista destacou que além do fazer parte da proposta do Foro de valorização da diversidade, ele possibilitou a troca de experiências entre mulheres de diversas regiões. Essa troca apresentou realidades e demonstrou que na essência lutamos por questões muito similares”, declarou ao Vermelho a secretária da Mulher do PCdoB.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG), parabenizou as mais de 100 mulheres presentes no evento e destacou a centralidade da realização do Foro de São Paulo frente a atual conjuntura política. Segundo ela, os temas abordados ao longo do Encontro deixam claro o protagonismo das mulheres na luta política não só do Brasil, mas também de todas as nações que participam do espaço.

“O Foro de São Paulo se consolidou como um espaço de reflexão alternativa e de esquerda no continente. Ou seja, se consolidou como um espaço de oposição à lógica neoliberal. Porém, mesmo com o esforço da esquerda, essa lógica ainda é muito forte enquanto estrutura, e isso só aumenta a responsabilidades das entidades, partidos e lideranças que constroem o Foro”, externou a parlamentar durante entrevista ao Vermelho.

O 2º Encontro de Mulheres também contou com a presença da deputada federal Janete Pietá (PT/SP) (foto acima) que destacou a organização das mulheres na luta política e o significado da realização do Foro de São Paulo no Brasil. “As mulheres em luta alcançaram conquistas significativas. Hoje [1º/8] alcançamos mais uma vitória, a presidenta Dilma sancionou integralmente, sem vetos, a lei que obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a prestar atendimento emergencial e multidisciplinar às vítimas de violência sexual”, disse a parlamentar ao Vermelho.

Em concordância, Jô Moraes também acredita que a decisão da presidenta Dilma foi mais que uma vitória das mulheres. “A sanção do PL, sem vetos, se converte em um ato de atenção à pessoas que em outros cenários políticos eram esquecidas, sufocadas. Garantir que as vítimas de violência tenham de forma imediata diagnóstico e tratamento, realização de exames e coleta de materiais é mais que um dever do Estado”, afirmou a parlamentar.

Luta pela integração

O início da tarde, desta quinta-feira (1º/8), deu espaço para o reflexivo debate em torno da integração latino-americana. Maria Ysabel Cedano, representante do Partido Socialista do Peru, disse ao Vermelho que a luta por integração precisa avançar. E essa luta passa pelo aprofundamento da reflexão dos componentes que sustentam o processo de integração. “Esse aprofundamento deve passar não só por referenciais ancorados no materialismo histórico e no marxismo-leninismo, mas também pelo ponto de vista multicultural”, sinalizou a peruana.

Para Maria Ysabel o processo de integração em curso e as instituições que foram criadas na última década, como Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac) e a União das Nações Sul-americanas (Unasul), traduzem a proposta de uma movimento muito maior e que busca uma América Latina forte e soberana. Porém, Maria Ysabel alertou “a integração deve ser autônoma, ela deve usar as outras experiências como exemplo, mas nunca imitá-las. Acima de tudo a integração deve ser humanizada”.

Durante o debate, Ivânia Pereira (foto acima), secretária de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Sergipe e membro da direção estadual do PCdoB, ponderou a centralidade da luta pela integração e destacou que é preciso que ela não perca vista as lutas sociais e políticas, sobretudo as lutas sociais e políticas das mulheres.

Segundo ela, “a luta das mulheres não deve ser vista como uma burocracia, mas como um passo na longa jornada de desenvolvimento. A América Latina fez uma opção de projeto, e foi pelo povo, por um governo que defendesse a soberania, por direitos, por desenvolvimento. Mas, deixemos claro que sem soberania, não há desenvolvimento, e sem desenvolvimento não avançaremos em nossas lutas”, finalizou Ivânis, que também é dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Mulheres na política

O segundo momento da tarde desta quinta-feira (1º/8) foi contemplado com um debate sobre a “Participação política das mulheres: sub-representação das mulheres nos espaços de poder”.

A mexicana Mônica Soto, representante do Partido da Revolução Democrática (PRD), conversou com o Vermelho sobre a participação política das mulheres nos dias de hoje. Ela iniciou sua declaração com um pergunta: “Por que refletir sobre a participação política das mulheres? O que significa lutar por empoderamento político?”

A dirigente responde: “Defender a participação política das mulheres significa aprofundar a democracia. Essa luta não é somente do México, mas de todas as nações no mundo. Não podemos abrir mão de se avançar no número de mulheres em cargos políticos. Observamos em muitas nações que os sistemas eleitorais são muito desleais, reféns muitas vezes das forças conservadoras que, historicamente, detiveram o poder. No México é assim, e não deve ser muito diferente no restante da América Latina”, explicou Mônica.

Ela acrescentou que “o Encontro torna-se um espaço fundamental para avaliarmos a realidade da América Latina, trocarmos experiências e avançamos não só na luta das mulheres, mas também nas lutas dos movimentos sociais. Nesse sentido, derrotar o neoliberalismo e lutar pelo avanço das propostas progressistas e populares é fundamental. Além disso, é preciso fortalecer os governos de esquerda, estes que estão comprometidos com estas premissas”.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) também participou da mesa e iniciou sua fala propondo a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para analisar o sistema eleitoral vigente. Ela destacou que “o GT fará uma raio X dos modelos de sistema eleitoral que vigoram na América Latina e Caribe. Além disso, será um espaço de aprofundamento do conhecimento para a realidade das mulheres em cada país e contribuirá para a construção de uma proposta avançada nessa questão”.

“Estamos diante de um ambiente desafiador. Além disso, assistimos que a crise do capitalismo está fazendo em diversas nações. Queremos mais mudanças, queremos a superação do capitalismo, que comprovou não oferecer o que os trabalhadores e trabalhadoras precisam. Para tanto, lutamos não só pela concretização de nossas propostas, mas também pela alteração das estruturas de poder”, pontuou a parlamentar.

Nesse sentido, destacou Jô Moraes, mais do que nunca precisamos lutar pela realização da reforma política. Essa deve ser um objetivo estratégico da luta das mulheres. “Precisamos colocar essa bandeira na linha de frente de nossas lutas. Financiamento público, lista pré-ordenada, alternância de gênero (classe, etnia, geracional) é um caminho para mudar a cara do sistema eleitoral no Brasil”. Ela completou: “Hoje no Brasil o maior eleitor é o mercado, quem elege é o dinheiro. Precisamos lutar contra isso e a reforma politica que defendemos vai no cerne desta questão”, finalizou.

Apoio à presidenta Dilma

Ao final do 2º Encontro de Mulheres do Foro de São Paulo, as lideranças aprovaram uma nota de apoio à presidenta Dilma Rousseff.

“Apoiamos a presidente Dilma Rousseff e seu governo, sobretudo pela postura democrática  que atuou frente às recentes manifestações populares que aconteceram no Brasil, dialogando com Movimentos Sociais e suas legítimas reivindicações e anseios, quando definiu ações estratégicas para atender estes anseios, inclusive propondo ao Congresso Nacional Brasileiro a realização de um Plebiscito Popular da Reforma Política”, sinalizou a nota aprovada pelas mais de 100 mulheres presentes no evento.

Leia a nota na íntegra:

NOTA DE APOIO À PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF
2º ENCONTRO DE MULHERES DO 19º FORO DE SÃO PAULO

Nós, mulheres, militantes e dirigentes de partidos políticos de esquerda e de movimentos sociais progressistas da América Latina e Caribe, participantes do 2o Encontro de Mulheres do Foro de São Paulo, externamos nosso apoio à presidenta Dilma Rousseff.

É sabido que as elites e forças conservadoras em qualquer parte do mundo buscam a qualquer preço manter-se no poder para continuar explorando a maioria da população. Estão sempre à espreita, agindo nos bastidores para criar a situação ideal para a retomada do poder. Tais forcas ficam ainda mais inconformadas quando se deparam vencidas sob a liderança de uma mulher, Dilma Rousseff, mulher e presidenta de uma dos maiores países e economias do mundo ; empenhada em consolidar as transformações sociais que tiraram da indigência e da pobreza milhões de pessoas; dando-lhes dignidade e cidadania, é sim uma liderança a ser defendida.

Portanto, nós mulheres reunidas no 19o Foro de São Paulo, distintas em nossas origens, mais iguais em nossas lutas, anseios e superações; manifestamos aqui nosso apoio a Dilma Rousseff como mulher, como presidenta e como líder de governo. Cada uma de nós, onde quer que estejamos, daremos e buscaremos o apoio necessário para que a presidenta Dilma Rousseff e seu governo deem continuidade aos programas e ações para as mudanças necessárias e continuem transformando radicalmente a realidade socioeconômica e política brasileira.

Dilma lidera um governo que busca a igualdade de gênero, reconhece os direitos das mulheres do campo e da cidade, sem distinções de cor/raça/etnia, crenças religiosas ou orientação sexual, e tem trabalhado sistematicamente para o fortalecimento das mulheres e seus direitos, com aumento da autonomia econômica por meio de ampla inclusão no mercado de trabalho e na Educação, junto da participação na renda nacional produzida com o Programa Brasil Sem Miséria. Dilma reconhece o protagonismo das chefas de família outorgando-lhes o título de propriedade das casas construídas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida; e faz o real enfrentamento à violência doméstica contra as mulheres, apoiada na Lei Maria da Penha.

Nesse sentido, e pautadas por experiências que muitas de nós trazemos de nossas países de origem, aproveitamos para conclamar a todas e todos que constituem o campo político democrático e popular para convergirem todas as forcas a fim de das todo o apoio necessário para que a presidenta Dilma Rousseff e seu governo possam continuar e aprofundar o projeto político de transformações sociais que já mudaram a face deste país, fazendo valer a vontade do povo, expressa pelo voto democrático.

A mobilização das forças do campo político democrático e popular é imprescindível para fazer com que os recentes e genuínos clamores das ruas não sejam manipulados por forças reacionárias e fascistas, contrárias às mudanças sociais que estão em andamento no Brasil.

Apoiamos a presidente Dilma Rousseff e seu governo, sobretudo pela postura democrática o que atuou frente às recentes manifestações populares que aconteceram no Brasil, dialogando com Movimentos Sociais e suas legítimas reivindicações e anseios, quando definiu ações estratégicas para atender estes anseios, inclusive propondo ao Congresso Nacional Brasileiro a realização de um Plebiscito Popular da Reforma Política.

Sim à reforma política! Sim à reforma tributária! Sim ao combate à corrupção! Sim à democracia! Sim a todas as mudanças necessárias para fazer com que este país continue se transformando até conquistas efetivamente igualdade e justiça social; e a pela igualdade política entre homens e mulheres!

2º Encontro de Mulheres do 19º Foro de São Paulo