“Qual o delito que a Dilma cometeu?”
Reconhecer a importância das mulheres, respeitar os conhecimentos locais e estabelecer uma relação de igual para igual. Estas são as características essenciais para desenvolver um efetivo combate à fome e à pobreza para Leymah Gbowee, Prêmio Nobel da Paz. Gbowee participou nesta manhã, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do encontro “Um mundo sem fome: estratégias de superação da miséria”, realizado pela Carta Capital. A mesa debateu “A democracia, a paz e a justiça social no Brasil e na África” e foi mediada pelo ex-ministro Franklin Martins.
Leymah Gbowee disse ser extremamente crítica às pessoas que vêm de fora e querer resolver problemas sem conhecer as realidades locais. Essa ressaltou que conhecer e aproveitar os conhecimentos e habilidades locais é muito importante para entender como o combate à fome pode acontecer na prática. O tratamento de igual para igual, em uma relação de aprendizado mútuo também é colocado por ela como básico para que a sociedade esteja envolvida no processo.
Um ponto central da fala de Gbowee foi a importância central das mulheres nas políticas de combate à fome por serem elas as mais afetadas por esse problema. Lula começou sua fala reforçando esta opinião e ressaltando que o Brasil reconhece isso e por esse motivo o Bolsa Família é prioritariamente entregue às mulheres.
Lula ressaltou que a questão da fome não pode ser tratada apenas como números e indicadores. “Eu sempre disse que para acabar com a fome era preciso transformá-la em um problema político”. Sobre a cooperação com o continente africano, o ex-presidente ressaltou que tem uma grande preocupação “que a gente não repita os erros dos colonizadores”. “Nós temos que mostrar como é possível fazer e deixar que eles façam com suas próprias experiências”, ressaltou. “A África sabe muito bem como cuidar do seu nariz. Precisamos dar a eles a oportunidade de resolver seus próprios problemas.”
A democracia também é parte essencial da equação para acabar com a fome, afirmou Lula. “Estou convencido de que com democracia e envolvimento público nas decisões políticas é que encontraremos o caminho”. Ele afirmou que esta é uma área em que o Brasil pode cooperar com países africanos e falou também da importância de pensar a democracia em nível global. “Precisamos levar mais a sério a questão da democracia no mundo globalizado. Precisamos pensar na governança global”.