Evento encerra atividades de Losurdo e empossa direção da Grabois em São Paulo
Augusto Buonicore, secretário-geral da entidade, abriu os trabalhos convocando para a mesa, além de Adalberto Monteiro, João Quartim de Moraes (presidente da sessão paulista da Fundação Maurício Grabois), Orlando Silva (vereador e presidente estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Nereide Saviani (diretora de Formação da Fundação Maurício Grabois). Após a Conferência, Domenico Losurdo autografou o seu livro “O pecado original do século XX”, lançado no Brasil pela Editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois.
Em sua palestra, Losurdo destacou para uma compreensão aprofundada das contrições das sociedades da contemporaneidade é preciso ter conta a multiplicidade do conceito de lutas de classes. Para ele, a formulação dever ser feita no plural para abranger os vários aspectos que ela encerra. Segundo Losurdo, as formas mais perceptíveis das lutas de classes são a opressão da mulher, a dominação dos trabalhadores pelos detentores de capital e o expansionismo colonialista — também denominado imperialismo.
Complexidades
O professor recorreu a Friedrich Engels para demonstrar que a opressão exercida sobre as mulheres é a primeira expressão das lutas de classes. Para ele, a oposição capital-trabalho é a mais frequente, mas a definição de Karl Marx sobre a luta das nações colonizadas contra os colonizadores precisa ser igualmente avaliada. Segundo Losurdo, aqueles que não entendem os mecanismos pelos quais uma nação é explorada por outra não é capaz de entender a exploração dentro do seu próprio país.
Ele fez um breve histórico do processo da Revolução Francesa para demonstrar a complexidade das transformações sociais. Citou ainda as lutas anti-escravistas na América e anticolonialistas em diferentes regiões do mundo como exemplos de lutas de classes. Para Losurdo, os elementos essenciais dessas formas de lutas de classes continuam sendo essencialmente os mesmos. Segundo ele, o que acontece na Palestina, com o constante ataque àquele povo pelo Estado de Israel, pode ser tomado como exemplo real dessa constatação. A agressão econômica — como ocorre com Cuba — e o embargo tecnológico são outras demonstrações nesse sentido.
O filósofo disponibilizou o texto base de sua conferência, em italiano. (Clique aqui para baixar)
Após a intervenção, os diretores da Fundação Maurício Grabois Augusto Buonicore, Sérgio Barroso e Fábio Palácio, além da professora de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Madalena Guasco, fizeram perguntas ao professor. Losurdo também respondeu a perguntas do público e encerrou as atividades com uma sessão de autógrafos do seu livro O pecado original do século XX.
Posse
A outra atividade do evento, a posse da diretoria da sessão paulista da Fundação Maurício Grabois, foi saudada por Adalberto Monteiro. Em seguida, ele passou a palavra para João Quartim de Moraes, o presidente da sessão estadual, que fez um breve comentário sobre as perspectivas desse espaço que se abre para o pensamento marxista e progressista em São Paulo. Adalberto Monteiro retomou a palavra e anunciou a composição da direção paulista da Fundação Maurício Grabois:
1. João Quartim de Moraes – Professor de Filosofia, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, membro da Editoria da Revista Crítica Marxista.
2. André Bezerra – Advogado e eletrotécnico, secretário de Formação e Propaganda do Comitê Estadual de São Paulo do PCdoB, membro da Comissão Nacional de Formação e Propaganda e do Comitê Central.
3. Elder Vieira – escritor, servidor público federal, Chefe da Representação do Ministério do Esporte no Estado de São Paulo.
4. Fernando Garcia de Faria – historiador, coordenador do Centro de Documentação e Memória da Fundação Maurício Grabois.
5. Jeosafá Fernandez Gonçalves – doutor em Letras pela USP, é professor e autor de diversos livros e coordenador do Fórum Mudar São Paulo.
6. José Carlos Ruy – jornalista, da equipe do portal Vermelho, editor de A Classe Operária.
7. José Ricardo Figueiredo – engenheiro, professor da Unicamp; autor do livro “Modos de ver a produção do Brasil”.
8. Mariana Venturini – graduada em filosofia, assessora da Secretaria Nacional da Mulher, professora da seção paulista e integrante do núcleo de ensino e pesquisa em filosofia da Escola Nacional do PCdoB.
9. Mazé Leite – artista plástica, pesquisadora de história da arte, integra movimentos pela democratização da cultura.
10. Pedro Scuro – sociólogo, PhD (Universidade de Leeds, Inglaterra); consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; membro da Comissão Científica da Sociedade Internacional de Criminologia.
11. Rosana Miranda – professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Especialista em Renovação e projetos urbanos em centros históricos pelo Instituto de Estudos de Habitação e Desenvolvimento Urbano em Rotterdam, na Holanda.
12. Rovilson Britto – jornalista, professor da FAPCOM e dirigente do comitê estadual de São Paulo do PCdoB.