Why we fight – diretor: Eugene Jarecki, 2005, duração aproximada: 100 minutos.

O filme “Razões para a guerra” (Why we fight), que deverá ser distribuído em breve pela Sony Pictures, é um documentário sem tom histriônico: não tenta modificar a fisiologia humana, não re-inventa a história da humanidade, e nem tenta propor radicalizações comportamentais. Ele apenas informa fatos conhecidos. Com mais clareza! Essa virtude lhe rendeu algumas premiações. E finalmente o público brasileiro poderá conhecê-lo.

De certa maneira, “Razões para guerra”, revisa um tema já visto no excelente “The corporation”, mas o disseca com amplitude. O assunto não é novo: – como a ação corporativa introduz um aspecto novo no movimento militarista da segunda metade do século XX e perverte a forma de agir dos Estados Unidos, pelo estabelecimento de conexões corrompidas entre as empresas – que obtém lucros fabulosos com a manutenção de um verdadeiro ambiente de guerra, que nunca foi abrandado após o início da segunda guerra mundial – com peças chaves do governo americano.

“Razões para a guerra” começa de um ponto importante, mas meio esquecido da história: a advertência que o presidente Dwight D. Eisenhower fez ao povo americano sobre a necessidade da população ficar muito atenta sobre o modo de se fazer controle sobre a crescente importância econômica da indústria armamentista na época em que ele se retirava do governo. O filme utiliza como linha de condução da narrativa as impressões de um cidadão comum de Nova York que foi brutalmente tocado pelo 11 de setembro. À medida que o filme avança, esse personagem vai mostrando as modificações na sua postura frente aos progressos que faz no conhecimento dos fatos pertinentes a essa simbólica catástrofe americana. Uma catástrofe que gerou intenso sofrimento em pessoas comuns e incalculáveis lucros para uma parcela importante do poder daquele país.

O documentário mostra ainda como uma pessoa comum responde à pergunta: “Por que nós lutamos?”. “Lutamos pela liberdade” vai ser uma resposta chavão. Essa resposta faz parte de uma cultura que tentou justificar a guerra pelos melhores motivos. Não se deve esquecer que “Why we fight” era o título de uma série dirigida pelo diretor Frank Capra, na época da segunda guerra, que visava familiarizar o povo americano com seus soldados – foi uma série tipicamente propagandista da guerra. A boa propaganda é muito eficiente em montar mentalidades.