A União Europeia “afunda-se” no escândalo da espionagem
A questão da espionagem praticada por Washington, através da Agência Nacional de Segurança (NSA), contra cidadãos e empresas de todo o mundo não é de agora, “quando a Srª Merkel telefona ao Sr. Obama muito zangada com a possibilidade de estar a ser escutada”, lembrou a eurodeputada da Esquerda Unitária (GUE/NGL) eleita pelo Bloco de Esquerda. Começou há algum tempo, tornou-se muito mais evidente com as denúncias feitas por Edward Snowden, “e se os governos europeus tivessem querido dar-se ao respeito teriam reagido nessa altura”, disse Marisa Matias.
Isso não aconteceu, como se para os dirigentes europeus fosse normal que qualquer cidadão ou empresa fossem escutados. “O choque não deveria ser agora, com o caso da Srª Merkel, mas sim logo nessa altura, em defesa do princípio da garantia da privacidade”, salientou a eurodeputada.
Agora, num Conselho Europeu em que os pontos em agenda foram relegados para segundo plano, levantaram-se vozes afirmando “que é altura de suspender as negociações em curso entre a Europa e os Estados Unidos, mas nada disso aconteceu”, explicou Marisa Matias. Entre essas negociações estão o acordo de comércio livre, a ser debatido nas costas dos cidadãos e das instituições da Europa, e que “poderá ter um efeito ainda mais grave que a troika, destruindo o que resta do modelo social europeu”; e o acordo SWIFT, mediante o qual as agências de espionagem dos Estados Unidos têm acesso a todos os dados sobre transferências bancárias entre europeus “em nome do combate ao terrorismo”. A “boa notícia da semana” é que o Parlamento Europeu decidiu a suspensão do SWIFT, “mas este acordo deverá ser eliminado”, defendeu a eleita do Bloco de Esquerda.
Perante a importância de tudo isto, a que se resumem, ao fim e ao cabo, as posições europeias perante a gravidade de um escândalo como este da espionagem? Hollande e Merkel optam por contactos bilaterais com o país espião e supostamente “amigo” tendo como preocupação partilhar os dados obtidos através da devassa. Mais um exemplo, disse Marisa Matias, “de que a Europa está a afogar-se em todas as dimensões”.
Publicado no Bloco Europeu de Esquerda
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