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Quando Monteiro Lobato morreu, em 1948, era membro do Partido Comunista do Brasil. Havia sido, inclusive, pré-candidato a deputado; mas se retirou do pleito por motivo de saúde (em carta, justifica de forma disciplinada).

Em 1950 comunistas e simpatizantes planejaram roteiro e filmagem da história do Saci que encerrou no início de 51. O momento político tinha como pauta a luta pela paz e contra as guerras — particularmente a que ocorria na Coréia. A bomba atômica era uma ameaça constante e contra ela se disseminava o Apelo de Estocolmo, que no Brasil obteve mais de 4 milhões de assinaturas.

A luta pela paz tinha muitas facetas e os cineastas usaram de suas armas. Neste filme Dona Benta passa para seus netos (e a boneca Emília) o seguinte ensinamento: “Todos deviam viver como vivemos aqui. Sem prejudicar os outros, sem pensar em guerras. Cuidando apenas de estudar e trabalhar para construir um mundo de paz e alegria para todos.”

Dos comunistas e simpatizantes que participaram da empreitada segue a lista:

Assistentes de direção: Nelson Pereira dos Santos e Alex Viany

Trilha sonora: Cláudio Santoro

Fotografia: Ruy Santos

Direção: Rodolfo Nanni

Curiosidades

É o primeiro filme infantil brasileiro.

Foi o primeiro trabalho realizado por esta equipe técnica que serviu de base para uma obra seminal do cinema brasileiro “Agulha no palheiro”, de 1953.

O filme teve sucesso comercial e cumpriu papel de popularizar a obra de Monteiro Lobato entre crianças e adultos – muitas vezes analfabetos.

Ganhou o Prêmio Saci de 1954 (concedido pelo jornal O Estado de São Paulo) e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo no mesmo ano.

Foi filmado de forma quase amadora no estúdios da Cinematográfica Maristela em São Paulo.

Foi importante contraponto aos tipos de filmes realizados pela Vera Cruz e Atlântida; um ensaio para colocar de forma definitiva a subjetividade popular brasileira nas telas de cinema.

Personagens, atores e atriz negros cumprem papel central na trama: o Saci (personagem principal), Dona Anastácia, Tio Barnabé e a “sacizada”.

Sua estréia nacional foi durante o 4º Centenário da cidade de São Paulo em 1954 e internacional durante o Festival de Cinema de Veneza, no mesmo ano.