A imprensa internacional trocou o “mensalão” por Camila
Fora o Times de Londres, de Rupert Murdoch – por motivos óbvios – e de uma pequena nota no New York Times, a prisão dos envolvidos no dito “mensalão” não mereceu rufar de tambores e bravatas moralistas na imprensa internacional.
Ela tem mais a fazer do que entrar do Fla-Flu partidário e eleitoreiro em que o Judiciário no Brasil se engajou, em orquestração midiática, para punir o partido que ousou prestar atenção no andar de baixo da sociedade. Afinal, quem é o ministro Gilmar Mendes, com aquela carranca de Commedia dell’Arte, para aspirar algum espaço no Le Monde ou no La Repubblica?
Quando a imprensa internacional decidiu olhar para a América Latina, o dr. Joaquim Barbosa – Tartufo obeceado pelo holofote – acabou ofuscado no espaço nobre pela risonha e bonita figura de Camila Vallejo, a pasionaria estudantil que acabou eleita para o Congresso chileno no domingo.
Pelo tanto que o dr. Barbosa se esforçou, trata-se de uma injustiça. Camila, alguém há de protestar, é só um rostinho bonito. Enquanto o dr. Joaquim, ele, o dr. Joaquim,… bem, deixa pra lá (aqui no Brasil, a comunista Camila estaria no alvo do auto-da-fé do dr. Barbosa e seus sequazes).
Ninguém, numa mídia internacional sem intere$$e ou parti pris, prestou ao dr. Joaquim o merecido tributo por ele ter comprometido o seu feriadão fazendo hora extra, perseguindo os desafetos e abrindo mão, coitadinho, do privilégio de tirar uns dias de repouso naquele apartamento que ele comprou, por baixo dos panos, em Miami. Ainda bem que o presidente do STF poupou de sua fúria bíblica o delator Silvério, perdão, Jefferson, condenado mas ainda bem solto.
A Europa, a Ásia, o Oriente têm seus problemas, mas eu diria que só na América Latina – de certa forma, também na América dos americanos – a Guerra Fria ainda continua a ser travada de forma tão encarniçada. A direita, beneficiada por nítida desigualdade de forças, continua vendo comunistas debaixo da cama, e combatendo-os ferozmente, embora hipocritamente simule que a guerra ideológica não existe.
O Supremo Tribunal, pretextando fazer justiça, tomou o partido dos eternos mandatários. Curioso personagem, o dr. Barbosa: na guerra que a Casa Grande move contra a senzala, ele – logo ele – aliou-se à Casa Grande. Vamos ver que benefício ele espera ter em troca.