Obras que vão ficar
Chegou-se a afirmar que no ritmo em que as obras iam a reforma do Maracanã só seria terminada em 2038… Agora, quando já não há dúvidas de que os outros seis estádios estarão concluídos em dezembro, as cassandras enunciam previsões alarmantes para os aeroportos.
Ao contrário dos estádios, os aeroportos não são construídos ou reformados para a Copa e sim para atender às necessidades presentes e futuras do povo brasileiro. As obras constam do Programa de Aceleração do Crescimento, assim como novos meios de transporte, viadutos, vias de trânsito rápido, portos. São R$ 30 bilhões em investimentos para melhorar a vida dos habitantes de grandes cidades. A Copa dura um mês, as benfeitorias da infraestrutura são para sempre.
Há muito o que melhorar nos aeroportos brasileiros, mas é patente que mesmo se nenhum ficasse pronto até a Copa a estrutura atual atenderia à demanda prevista. A EMBRATUR estima que os torcedores do exterior serão 600 mil, enquanto três milhões de brasileiros vão se deslocar pelo País para assistir a jogos. A Infraero informa que nos aeroportos sob sua administração, no período de janeiro a junho deste ano, houve 64,9 milhões de embarques e desembarques, dos quais 3,3 milhões de passageiros estrangeiros. A média mensal é de 10,8 milhões.
Parece haver um derrotismo especial em relação ao Aeroporto Tom Jobim, do Rio de Janeiro. Os embarques e desembarques no mesmo período somaram nada menos 8,4 milhões, dos quais 2,1 milhões de passageiros do exterior, com média mensal de 1,4 milhão. É inadmissível prever-se que o movimento da Copa levará o caos ao aeroporto internacional de uma cidade turística acostumada a receber multidões de visitantes no Carnaval e na festa do ano-novo.
Os que distorcem fatos para boicotar a Copa e assim minar o governo têm pela frente a advertência do poeta e político inglês John Milton (1608-1674), na Aeropagítica: “Deixemos que a verdade e a falsidade se batam. Quem jamais viu a verdade levar a pior num combate franco e livre?”
*Aldo Rebelo é ministro do Esporte
Fonte: Jornal do Commercio