ENTREVISTA: Copa traz sopro desenvolvimentista e R$ 17,6 bilhões foram investidos em obras
O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, disse, em entrevista exclusiva ao Jornal Meio Norte, que a Copa do Mundo traz sopro desenvolvimentista ao Brasil e R$ 17,6 bilhões foram aplicadas em obras relacionadas com a realização do torneio, mas que servem para a mobilidade urbana e infraestrutura nas cidades-sedes dos jogos, que são para o usufruto cotidiano do povo brasileiro.
O investimento total na Copa do Mundo está estimado em R$ 25,6 bilhões, dos quais R$ 8 bilhões foram para a reforma ou construção dos estádios.
“ O investimento total na Copa está estimado em R$ 25,6 bilhões, dos quais R$ 8 bilhões são para reforma ou construção dos estádios. O Governo Federal destinou aos estádios empréstimos do BNDES, no limite de R$ 400 milhões para cada um deles. Empréstimos, que deverão ser pagos como quaisquer outros. Feitas as contas, conclui-se que do total de investimentos nada menos que R$ 17,6 bilhões são aplicados em obras para usufruto cotidiano do povo brasileiro. A Copa passa, elas ficam”, falou o ministro Aldo Rebelo.
Rebelo declarou que as obras para a Copa do Mundo não são puxadinhos que serão desmontados quando o juiz der o apito final. Para ele, a Copa traz um sopro desenvolvimentista e gera investimentos.
“ A Copa traz um sopro desenvolvimentista. Gera investimentos, dinamiza serviços públicos, cria empregos, faz crescer a arrecadação de impostos, aumenta a renda da população. Esses efeitos já são visíveis, sobretudo nas doze cidades-sede. Mas gosto de sublinhar que o legado da infraestrutura, embora associado ao torneio da Fifa, tem autonomia relativa: a Copa dura um mês, o legado é para sempre. Com ou sem Copa, eram melhorias necessárias e deveriam ser executadas. Não são puxadinhos de lona a serem desmontados quando o juiz der o apito final”, disse Aldo Rebelo.
Meio Norte – O que o Brasil vai mostrar ao mundo durante a realização da Copa?
Aldo Rebelo – O Brasil vai consolidar em larga escala, com a visibilidade do evento mais assistido do planeta, a imagem de país hospitaleiro, empreendedor, que chega ao século XX como uma das dez maiores economias do mundo e tem capacidade técnica de organizar os maiores eventos esportivos. Saberemos tirar proveito da projeção geopolítica que a Copa do Mundo propicia ao país-sede.
Meio Norte – A cem dias da Copa, qual o balanço que o senhor faz da organização do evento?
Aldo Rebelo – Numa frase, estaremos prontos. Sediar um megaevento como a Copa do Mundo é um desafio para qualquer país onde tudo esteja pronto, e maior ainda para outro que tem de reformar ou construir estádios e executar obras de infraestrutura de grande porte. Mas caminhamos com eficiência e altivez. Problemas não faltam, porém, agora, nos concentramos nas soluções. Vamos realizar a Copa das Copas.
Meio Norte – A cem dias da Copa, o que já foi concluído e o que falta e quando serão inaugurados os estádios que estão em fase de conclusão?
Aldo Rebelo – Os três estádios em acabamento – os de São Paulo, Curitiba e Cuiabá – estão com obras aceleradas, em ritmo que vai permitir os testes e a realização das partidas em junho. Cada um tem seu cronograma, e as notícias que recebemos, além de vistorias no local, indicam que tudo será cumprido a contento. Trabalhamos com a convicção de que a atual infraestrutura do Brasil já é suficiente para atender à demanda da Copa, mas os estádios têm de atingir o novo nível de excelência a que foram projetados.
Meio Norte – O que os habitantes das cidades-sede da Copa do Mundo irão ganhar em benefício à sua qualidade de vida com as obras relacionadas com o evento? Que legado a Copa vai deixar para o povo brasileiro?
Aldo Rebelo – A Copa traz um sopro desenvolvimentista. Gera investimentos, dinamiza serviços públicos, cria empregos, faz crescer a arrecadação de impostos, aumenta a renda da população. Esses efeitos já são visíveis, sobretudo nas doze cidades-sede. Mas gosto de sublinhar que o legado da infraestrutura, embora associado ao torneio da Fifa, tem autonomia relativa: a Copa dura um mês, o legado é para sempre. Com ou sem Copa, eram melhorias necessárias e deveriam ser executadas. Não são puxadinhos de lona a serem desmontados quando o juiz der o apito final.
Meio Norte – O Ministério do Trabalho e o IBGE vêm mostrando indicadores de baixo índice de desemprego, os melhores da história do país. O que as obras relacionadas com a Copa do Mundo têm a ver com isso?
Aldo Rebelo – O noticiário, mesmo incompleto ou distorcido, não deixa de registrar uma miríade de negócios e iniciativas propiciadas pela Copa. Só para as pequenas empresas, o Sebrae identificou 929 oportunidades de empreendimentos e faturamento adicional de até R$ 500 milhões. A construção civil está a todo vapor, inclusive em obras relacionadas aos jogos, e o emprego é enorme nesse setor. Também no ramo do turismo são enumeráveis as vagas abertas em obras de todo tipo.
Meio Norte – Por que, na sua avaliação, a Copa no Brasil tem sido alvo de frequentes e pesadas críticas de setores fortes da chamada grande mídia? O senhor acha que isso tem a ver com política?
Aldo Rebelo – Seria irrealista esperar unanimidade em torno de uma empreitada de tamanha envergadura e repercussão internacional. Seguramente existem pessoas de boa-fé e apartidárias que fazem restrições à Copa no Brasil, mas a última pesquisa do Ibope mostrou um cruzamento simétrico entre oposição ao governo e críticas ao torneio. Quem não gosta do governo também repudia a Copa. Observa-se um nítido jogo político-partidário em que o torneio da Fifa, apesar das benesses que representa para a sociedade brasileira, é usado como bode expiatório. A maioria dos que o atacam também é contra os programas Bolsa-Família, Mais Médicos, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos. Eles acham que se a Copa for bem-sucedida o governo terá benefícios eleitorais, mas deveriam reconhecer que os benefícios são para o País.
Meio Norte – Percebe-se que o foco das críticas tem como endereço o Governo Federal. As obras nas cidades-sedes, não apenas dos estádios, mas de mobilidade urbana, segurança, são todas do Governo Federal, não têm a responsabilidade compartilhada dos governos estaduais?
Aldo Rebelo – A maioria das obras de infraestrutura consta do Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC, que no período de 2011 a 2014 prevê investimentos de R$ 773,4 bilhões. Algumas são executadas em parceria com os governos locais. O investimento total na Copa está estimado em R$ 25,6 bilhões, dos quais R$ 8 bilhões são para reforma ou construção dos estádios. O Governo Federal destinou aos estádios empréstimos do BNDES, no limite de R$ 400 milhões para cada um deles. Empréstimos, que deverão ser pagos como quaisquer outros. Feitas as contas, conclui-se que do total de investimentos nada menos que R$ 17,6 bilhões são aplicados em obras para usufruto cotidiano do povo brasileiro. A Copa passa, elas ficam.
Meio Norte – Qual o legado que a Copa do Mundo e suas obras no Brasil para os brasileiros?
Aldo Rebelo – O Brasil, as cidades-sede, e aquelas com centros de treinamento que receberão as seleções classificadas para a Copa consolidarão a condição de destino de eventos esportivos e turísticos para todo o mundo.
Meio Norte – Percorrendo os estádios que já foram inaugurados e entregues, o que o senhor sente, qual a sua sensação, como ministro e como brasileiro?
Aldo Rebelo – Os estádios são obras-primas da arquitetura e da engenharia civil. Enfim, o país do Futebol é dotado de arenas compatíveis com o nível de excelência que o esporte atingiu entre nós. Saem de cena os gigantes de arquibancadas de cimento, desconfortáveis, de difícil acesso, com precária infraestrutura de serviços, e entram arenas multiuso, algumas sustentáveis, onde o futebol assume a característica de um espetáculo cênico idêntico aos dos grandes teatros do século XX. A diferença essencial é que os teatros, cuja importância não se desqualifica, foram feitos para a elite, enquanto os estádios servem à massa popular. Em Manaus, por exemplo, ao lado do suntuoso Teatro Amazonas, construído para deleite dos barões da borracha, agora ergue-se a imponente Arena Amazônia com capacidade para 40 mil pessoas.
Meio Norte – O que os novos estádios construídos para a Copa podem mudar o futebol no Brasil? Esse novo padrão de estádios atraiu mais mulheres e crianças aos jogos?
Aldo Rebelo – Já atraiu. Com a inclusão dos seis estádios renovados ou construídos para a Copa das Confederações, o Campeonato Brasileiro de 2013 arrecadou R$ 176,5 milhões apenas com a venda de ingressos. É um recorde histórico: aumento de 48% na comparação com a receita obtida no ano anterior. Nos 380 jogos do torneio, quase 6 milhões de torcedores pagaram ingresso, número 15% superior ao registrado em 2012. O conforto e a segurança dos novos estádios chamam a presença do torcedor e das famílias, como nos primórdios do futebol, quando o jogo de domingo era um programa social.
Meio Norte – Aqui prá nós, quem vai ganhar a Copa do Mundo de 2014?
Aldo Rebelo – Repito a pessoa mais qualificada para responder a essa pergunta, o técnico Luiz Felipe Scolari: o Brasil. Temos os maiores craques do mundo, jogamos em casa e, para quem insiste em lembrar o Maracanaço de 1950, é bom anotar que desde então já ganhamos cinco Copas do Mundo.
Publicado no jornal Meio Norte (Piauí)