A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo, promovem a exibição do filme “Militares da Democracia: os militares que disseram NÃO”, que ocorrerá no dia 9 de abril, às 20h30, na Cinemateca Brasileira, localizada no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, São Paulo/SP.

A produção dirigida por Silvio Tendler conta a história de militares que lutaram pela legalidade e contra a ditadura militar no Brasil. Por meio de depoimentos, o filme retrata a luta desses profissionais que, por vezes, foram perseguidos e torturados.

Após a exibição, haverá debate com o diretor do filme, Silvio Tendler.

A entrada é gratuita.

Sobre o filme

Militares da Democracia alterna fatos documentais com elementos de ficção. Conta a participação dos militares que lutaram pela democracia, mas tiveram sua trajetória desconsiderada pelas novas gerações.

Vários grupos militares, oriundos de situações históricas ocorridas antes do golpe de 64, lutavam por melhores condições de trabalho para sua categoria e por um melhor projeto de sociedade para o Brasil. Entre eles estavam os da Insurreição de 35, os anti-imperialistas dos anos 50, os que defenderam a legalidade, os integrantes das chapas nacionalistas que disputavam a diretoria do Clube Militar na mesma década, o movimento reivindicatório dos Marinheiros, Sargentos e sub-oficiais nos anos 60 e os antigolpistas de 64.

A partir de 64,esses grupos foram cassados e sofreram represálias, como a perda do direito de usar a farda – que honraram durante a carreira militar –,  a perda de seus direitos trabalhistas, ou o impedimento para o exercício de suas atividades profissionais.

Os antecedentes do Golpe Militar de 1964 são narrados pelos que viveram os momentos de tensão decorridos entre 31 de março e 2 de abril, quando forças armadas provenientes de Minas Gerais se rebelaram contra o governo de João Goulart, levando o presidente à decisão de partir para Porto Alegre. Depoimentos do ex-Ministro do Trabalho Almino Affonso, do ex-presidente da Eletrobras, Luiz Pinguelli Rosa, do antropólogo Anacleto Julião, do jornalista e político Milton Temer, entre outros.

O momento em que o presidente João Goulart se reúne, em Porto Alegre, com chefes militares e com o então deputado Leonel Brizola, para discutir a conveniência de resistir ao iminente Golpe de Estado. João Goulart manda cessar todos os atos de resistência e parte para São Borja. O filme discute, ainda, sob vários pontos de vista, a validade da resistência ou não ao golpe militar. Depoimentos do brigadeiro Rui Moreira Lima, do suboficial Avelino Capitani, do capitão de mar e guerra Paulo Henrique Ferro Costa, da advogada Eugenia Zerbini, entre outros.

O filme volta à participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial para revelar como as diferentes correntes políticas conviviam nas Forças Armadas. Até 1964, as Forças Armadas não eram um monólito reacionário hegemônico. Mas, com a depuração das mesmas, ocorrida no ano em questão, alguns militares continuaram a resistência dentro e fora dos quartéis. Com isso, as famílias sofreram as consequências do engajamento dos militares legalistas.

Tendler destaca que a resistência de alguns setores das Forças Armadas continua mesmo depois do golpe militar. O filme analisa a resistência armada e a dita resistência política, mostrando como alguns suboficiais subalternos foram o grande celeiro da luta armada. O filme debate também como o processo de tortura, praticado desde os primeiros momentos do golpe de estado, é intensificado pela ditadura com o decorrer dos anos.