O poeta começou dizendo que se sentia honrado de estar na “casa de Maurício, banhada pela luz da esperança” “Aquilo que o Marx falou: a gente só pode afirmar quando tem uma comprovação objetiva da realidade. Esse canto nasce do sonho escuro das crianças que dormem com fome ainda, e da minha certeza, muito pessoal, de que é possível, sim, a construção de uma sociedade humana e solidária no Brasil, e acho que devo fazer a minha parte”, falou. Em seguida, discorreu sobre a realidade da América Latina e sobre a mobilização popular “que derrubou a ditadura” no Brasil como uma evidência da força do povo. “Quando uma parcela de um povo se conscientiza, sabe as razões porque este povo está sendo oprimido, a primeira coisa que ele faz é querer se organizar para lutar. Esse povo conscientizado vai crescer e vai ser invencível”, afirmou.

Falou também da realidade da Amazônia, onde nasceu e vive, alertando para a exuberância da floresta na qual existe, injustificadamente, uma população empobrecida. “O Brasil tem um grande desconhecimento sobre o maior manancial de vida que tem o planeta, que é a Floresta Amazônica. Falam da cobiça internacional, ela é pequenina comparada aos benefícios que os naturalistas, os biólogos, os cientistas europeus estudaram a floresta – porque nós não estudamos”, afirmou.

Thiago de Mello comentou sua prisão na época da ditadura militar, uma “revolução dos caranguejos”. “Quando eu recebi a notícia que havia ditadura no Brasil, estremeci, meu corpo estremeceu”, afirmou. “Ditadura no Brasil?! Não é a índole do nosso povo”, disse. O poeta disse ainda que em sua obra “O Estatuto do Homem” ele canta “a liberdade em nome do meu povo”. “Eu digo que esse poema não é mais meu. E não é o meu melhor poema não, coisa nenhuma. Pode ser o mais famoso”, afirmou. “Eu decretei: “Fica decretado que agora vale a liberdade”.