AGENDA: Lançamento do Livro Negro da Ditadura marca Ato de 50 anos do golpe em SC
Um livrete acompanha a edição fac-símile com depoimentos daqueles que foram responsáveis pela publicação, feita por iniciativa da Ação Popular (AP): Bernardo Joffily, Carlos Azevedo, Divo e Raquel Guisoni, Duarte Pereira, Elifas Andreato, Jô Moraes e Márcio Bueno Ferreira.
Na mesma ocasião, será lançado também No centro da engrenagem, investigação de Mariana Joffily sobre os interrogatórios arquivados no Dops de São Paulo. O ato ainda terá palestra de Modesto da Silveira.
Livro proibido
Os 500 exemplares do livro-denúncia inteiramente pesquisado, escrito, impresso e distribuído na mais total clandestinidade, revelava que, em 1972, a ditadura iniciada em 1964 chegava ao paroxismo: nunca se torturou, assassinou e censurou tanto como naqueles dias sob o tacão do general Garrastazu Médici.
“Agora em 2014, quando o Brasil assinala o cinquentenário do golpe, é oportuno que as novas gerações o conheçam em primeira mão”, diz Divo Guisoni ao portal Grabois.
Guisoni tem expectativa de que esse ato provoque uma unidade partidária em torno do repúdio ao golpe. Ele lembra que o livro, à época teve enorme apelo entre os mais diversos setores da sociedade. “Mobilizamos o conjunto das pessoas a partir de um caráter amplo chamando as forças democráticas e populares a denunciarem as atrocidades da ditadura. Por isso, esperamos que, hoje, estas forças estejam engajadas em dar um novo mandato para Dilma pra continuar as mudanças. Não podemos retroceder.”
Ele ressaltou que o livro tratou dos casos diversos ocorridos em meio à esquerda, abordando 27 episódios, citando Lamarca, Mariguela, lideranças religiosas, movimentos sociais, durante aqueles primeiros oito anos do golpe. “Era um relato sobre os anos mais pesados da repressão, o que representou uma ousadia grande de AP na época, ao editar duzentas páginas na mais rigorosa clandestinidade, distribuindo todos os exemplares sem qualquer sinal de apreensão pelos militares”, diz Guisoni.
A edição do livro foi uma pequena grande proeza, entre tantas que a resistência produziu. Com sua capa eloquente, obra de Elifas Andreato, e suas 200 páginas de denúncia viva, ele captura em flagrante delito as atrocidades que a ditadura cometia. “Andreatto emprestava não apenas seu prestígio artístico, mas também seu escritório para trabalharmos no livro. Ou seja, ele teve um papel importante na elaboração do livro, assim como sua mulher”, lembrou Guisoni.
Em nossos tempos de Comissões da Verdade, a releitura do Livro Negro da Ditadura Militar ajuda a esconjurar para sempre aquele passado sombrio, e cimentar a convicção democrática do povo brasileiro: golpe, ditadura, nunca mais!
SERVIÇO:
Livro Negro da Ditadura Militar
Data: 8 de abril de 2014, às 19h30
Local: Tribunal de Contas de Santa Catarina
Rua Bulcão Viana, 90, Centro, Florianópolis
Iniciativa editorial: Fundação Maurício Grabois e Editora Anita Garibaldi